Eduardo Cunha, deputado cassado e ex-presidente da Câmara, em depoimento ao juiz Sério Moro, durante um interrogatório de quase três horas que aconteceu nesta terça-feira, 7, desmentiu o que o atual presidente golpista Michel Temer havia afirmado à Polícia Federal por escrito, em investigações sobre a Petrobrás. Temer havia afirmado que não esteve presente em reunião que discutia nomeações de cargos na Petrobrás, entretanto Cunha contesta: “a resposta do presidente Michel Temer nas perguntas está equivocada, ele participou sim dessa reunião e foi ele quem comunicou a todos nós o que tinha acontecido na reunião.”.

A reunião em questão, realizada em 2007, foi supostamente composta pelo então ministro das Relações Institucionais do governo Lula, Walfrido dos Mares Guia, e a bancada do PMDB na Câmara, representada por Henrique Eduardo Alves (RN) e Temer, e seu motivo – ainda de acordo com o próprio deputado cassado – foi o “desconforto que existia com as nomeações do PT de Graça Foster para a diretoria de Gás da Petrobras e de José Eduardo Dutra para presidente da BR Distribuidora" sem que as nomeações do PMDB tivessem sido realizadas. Ele afirma que este fato deu início a "uma revolta da bancada do PMDB na votação da CPMF" e o então presidente Lula chamou os pmdbistas para acalmar a bancada.

Qual é o objetivo de Cunha ao armar esta cama de gato a Temer? E quanto ao atual presidente golpista Michel Temer, como fica sua situação na Lava Jato diante de casos suspeitos como esse envolvendo a Petrobrás? A turma de Sérgio Moro vai continuar protegendo a figura de Michel Temer para que os desejos das elites sigam tendo espaço para ser implementados através dos cortes e dos ajustes?

Não podemos ter nenhuma ilusão na Lava Jato. Sabemos que ela não tem o objetivo de acabar com a corrupção de nenhuma forma, mas sim preparar todo um cenário político em que torne plenamente possível que Temer - enquanto for possível -, ou alguém suficientemente legítimo, implemente os cortes e ajustes aos trabalhadores e à juventude para que estes paguem pela crise econômica que o país atravessa.

Por enquanto a aposta segue sendo na figura do golpista, e para isso depende sua estabilidade. Resta saber quanto ele está preparado ou não para levar a frente essas medidas. A depender disso, o juiz e seus amigos escolherão como responder.