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CÂMARA DE DEPUTADOS
Por que o PT desistiu de apoiar Rodrigo Maia? Pressão das bases ou negociatas por cargos?
Thiago Flamé

Depois que o PT anunciou que não iria mais apoiar o golpista, a visão que mais circulou é que os deputados recuaram em função da pressão das bases. Um olhar mais apurado mostra que existem outros interesses envolvidos nesta polemica, e que as lideranças petista patrocinaram mais um show de cinismo.

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No domingo, 29/01, Rui Falcão soltou uma nota no site do PT retrocedendo na posição anterior e defendendo que nos “unamos aos parlamentares da oposição (PDT, PC do B, Rede e Psol) num bloco a ser encabeçado (a) por alguém deste campo.” O motivo que o presidente do PT aponta é que os parlamentares devem ouvir o protesto das redes sociais que tem “audiência e repercussão”.

No mesmo domingo, no entanto, o jornal O Globo publicou um artigo, que desmente em partes a versão do presidente do PT. Acontece que Rodrigo Maia, para atender aos interesses de partidos que lhe dão um apoio mais sólido, como o PR e o PMDB, formaria um bloco, o que poderia deixar o PT sem o cargo tão almejado. A essa altura poderíamos imaginar que se trata de uma manipulação do jornalão carioca para prejudicar o PT. Não seria a primeira vez. Mas o jornal cita o líder da bancada petista, e deputado de São Paulo Carlos Zarattini:

“Dentro do bloco, mesmo que Rodrigo nos assegure o lugar na Mesa, se depois qualquer deputado de outro partido (do grupo) disputar conosco em uma candidatura avulsa, podemos ficar de fora. Então, não há como garantir essa presença do PT na Mesa — afirmou.” Ou seja, a pressão da base e a conveniência na luta pelos cargos convergiram no mesmo sentido. Difícil saber qual teve mais peso. A maior pista de que o decisivo foi a negociação dos cargos é a postura do partido no Senado, apoiando o PMDB sem se preocupar com as pressões.

O jogo de cena do Muda PT

O domingo também foi o dia escolhido por Tarso Genro para soltar uma nota dizendo que o PT estaria diante de um momento decisivo, “diante de uma decisão que um partido toma em conjunturas especiais, concentram todo o seu passado e desenham seu futuro”. Mas o artigo do Rui Falcão também contradiz esse discurso do Tarso Genro e do Muda PT: “Quando da eleição do novo líder do PT na Câmara — os deputados Carlos Zarattini, para este ano, e Paulo Pimenta, para 2018 — a Bancada acordou que o grupo Muda PT indicaria o cargo na Mesa que coubesse ao PT. Foi então constituída uma comissão de 12 parlamentares, coordenada pelo líder, incumbida de dialogar com os pretendentes à Presidência, apresentar nossos pleitos legítimos e buscar assegurar, na condição de segunda maior Bancada, a proporcionalidade na Mesa...”.

Enquanto a militância petista fazia atos em vários estados contra o apoio a Rodrigo Maia, segundo as informações do próprio presidente do PT, o movimento Muda PT fazia parte de uma comissão encarregada de conversar com os “pretendentes”, ou seja, entre eles o próprio Rodrigo Maia. Isso só reforça a hipótese que o decisivo mesmo não foi uma pressão que teve muito de jogo de cena, mas sim a decisão do próprio Rodrigo Maia que deixaria o PT de fora da mesa diretora de toda forma. Do Senado o jogo funcionou, a ala critica do PT manifestou sua critica e o acordo com os golpistas confirmou a presença do senador Fernando Pimentel na mesa diretora.

Essa discussão serve para nos alertar de que dentro do PT não existe nenhuma ala que seja uma alternativa para a juventude e a classe trabalhadora no enfrentamento ao governo golpista. Vale a pena ainda tomar alguns argumentos de Tarso Genro, pra mostrar o tipo de pragmatismo que anima as lideranças do Muda PT.

Falando de acordos e pactos na historia – alias numa total falta de proporção histórica na comparação – cita entre outros, como pacto validos o acordo Hitler/Stalin (ou Molotov-Ribbentrop), em que Stalin aceitou dividir a Polônia ao meio com os nazistas. Do ponto de vista militar o pacto foi um tiro no pé, pois a Polônia que poderia ser uma aliada no enfrentamento ao nazismo, foi traída com esse pacto que levou as fronteiras alemão às portas da URSS. Cita também um dos acordos mais infames da história brasileira, em que Prestes aceitou entregar Olga Benário para os nazistas. Chega a ser um insulto a memoria de Lenin e da Revolução Russa, que o acordo em pode atravessou o território alemão para chegar até a Rússia em 1917 figure ao lado de pactos como esses.

Em que pese a falta de proporção histórica, pois a eleição para a presidência da câmara (e do Senado, convenientemente ausente do texto de Tarso Genro) são questões minúsculas perto destes grandes acontecimentos, os exemplos servem para mostrar o concepção do petismo nesta questão das alianças, um vale tudo em que não existe nenhum principio, somente os objetivos de ocasião em cada momento.

 
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