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EUA
Sanders e burocracia sindical apoiam medidas de Trump
Celeste Murillo
Argentina | @rompe_teclas

O senador democrata saudou a medida executiva de Trump para retirar os Estados Unidos do TPP (Acordo Transpacífico). O presidente também recebeu o apoio de parte da burocracia sindical.

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Foto: Reuters.

O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda, 23, tal como já havia adiantado, uma ordem executiva para sair do Acordo Transpacífico (TPP). Depois de assimilar a medida, recebeu o apoio de vários dirigentes sindicais, do senador Bernie Sanders e outros parlamentares democratas.

A medida também recebeu os aplausos de vários dirigentes sindicais. Na segunda, foi realizada uma reunião entre Trump e um grupo de representantes do poderoso sindicato de caminhoneiros (Teamsters) e de categorias relacionadas com a construção, nas quais foi encontrada a Associação Unida e a Irmandade Unida dos Carpinteiros. O dirigente desse último sindicato, Doug McCarron, que compartilhou na segunda piadas e cumprimentos com Trump, havia feito campanha para Hillary Clinton nas últimas eleições presidenciais.

O próprio dirigente da AFL-CIO (central sindical estadunidense), Richard Trumka, que também votou em Clinton, disse que a retirada do TPP é “um bom primeiro passo até a construção de políticas que beneficiem os trabalhadores”.

Na terça, o senador democrata Bernie Sanders voltou a respaldar o presidente Trump ao referir-se à ordem executiva de Trump para sair do TPP. Em uma coletiva de imprensa, disse que se alegrava com o fim do acordo porque, nos últimos 30 anos, os EUA formou parte de acordos que custaram ao país “milhões de empregos decentes e baixaram os salários dos trabalhadores estadunidenses”.

Nisso, agregou, “se o presidente Trump realmente se opõe à terceirização, pode pregar com o exemplo e fechar suas próprias fábricas subterrâneas em Bangladesh, China e México e pagar aos trabalhadores nos EUA um salário digno. Depois, o Congresso e o presidente podem trabalhar juntos para desenvolver uma nova política comercial que ajude as famílias trabalhadoras, não somente as corporações multinacionais”.

Um relato da precarização

O que a burocracia sindical, Sanders e os democratas que apoiam a medida não dizem é que, no mesmo dia da foto com os sindicalistas, Trump se reuniu com empresários a quem prometeu rever as leis trabalhistas. Isso não é outra coisa senão flexibilização trabalhista e baixas salariais para milhões de trabalhadoras e trabalhadores. As medidas comerciais não buscam beneficiar as famílias trabalhadoras, como diz Sanders, mas sim a burguesia industrial.

Com essa operação, sindicatos e democratas voltam a estimular o preconceito xenófobo de que os culpados dos baixos salários e do desemprego são os trabalhadores e trabalhadoras de outros países, quando os únicos que se beneficiam com as descentralizações são os empresários, que buscam mão de obra cada vez mais barata e impor condições cada vez piores para aumentar seus lucros.

A retórica de “recuperar empregos! contém altas doses de hipocrisia: falam de empregos com salários decentes, quando uma enorme porção dos trabalhadores e trabalhadoras nos Estados Unidos têm trabalhos mal pagos, precisam de mais direitos sindicais e suas condições de trabalho são precárias. Não por nada, uma parte importante dos eleitores de Sanders nas primárias coincidiram com ativistas e participantes do movimento pelo aumento do salário mínimo para 15 dólares a hora.

Nenhum trabalhador ou trabalhadora na China ou em Bangladesh beneficia-se cada vez que se elimina um posto de trabalho industrial nos Estados Unidos por uma descentralização. E o oposto tampouco é verdade: a trabalhadora de alumínio ou o operário automotivo que recuperam seus empregos, se o fazem, são em piores condições. De fato, o eleito de Trump para o ministério do Trabalho, Andrew Puzder (empresário do setor gastronômico), é uma forte oposição ao salário mínimo de 15 dólares porque afeta os interesses dos empresários (como ele). Sua confirmação como secretário do Trabalho é uma má notícia não somente para quem ganha o mínimo (hoje em 7,25 dólares), mas para toda a classe trabalhadora.

Esta não é uma política que é novidade para a classe operária estadunidense. Em 2009, como parte do resgate aos bancos e empresas do presidente Obama, os sindicatos foram os fiadores do acordo com as automotivas. Nisso, então, o sindicato UAW concordou em adequar o convênio coletivo (eliminando direitos, baixando salários etc) para assegurar que a empresa receberia o dinheiro federal e evitaria assim a bancarrota.

Hoje, a burocracia prepara-se para garantir um novo “grande acordo precário”, e o respaldo democrata a essas medidas alimenta um “relato” cujo resultado nada tem a ver com melhorar as condições de vida e trabalho da maioria da população, inclusive daqueles que estão fartos das políticas neoliberais que votaram em Trump.

O partido Democrata, desesperado por recompor o partido, golpeado pela derrota eleitoral e pela falta de figuras substitutas depois das da administração de Obama, entra na era Trump legitimando um governo com um índice de apoio baixo e que é repudiado por milhões de pessoas como se pode ver nas massivas manifestações da posse e a marcha de mulheres. Os democratas já colocaram em movimento seu poderoso aparato, com provada experiência em conter a raiva e desviar as lutas e movimentos políticos. Grande parte dos movimentos sociais atuais, nascidos da crise capitalista desatada em 2007 e “criados” no descontentamento com o governo de Obama, enfrentam o desafio de fortalecer sua independência política para não delapidar essa energia na recomposição da ala democrata do bipartidarismo estadunidense.

 
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