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NOVA REBELIÃO EM RN
Para governo do RN, não importa o que haverá dentro de Alcaçuz desde que "ninguém saia"
Matias Aires
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O comando da Companhia de Guarda Penitenciária em Natal confirmou o início de um novo confronto entre integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Sindicato do Crime do RN no fim da manhã desta terça-feira, 17, na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte.

O major Wellington Camilo, comandante da Guarda, confirmou a informação à reportagem. "Começou aqui o confronto de novo! É, entre as facções", afirmou.

As duas facções estão divididas no espaço que liga os pavilhões. Do lado esquerdo, perto do pavilhão 4, estão os integrantes do Sindicato do RN e do lado direito, os do PCC. Eles montaram barricadas com grades, chapas de ferro dos portões, armários e colchões. Por volta das 11h20 um integrante de cada facção conversavam no meio dos dois grupos. Os presos estão armados com barras de ferro, paus, pedras e facas.

Pela reportagem ao vivo da GloboNews pode-se ver presos nos telhados de pelo menos três pavilhões, dos cinco totais da penitenciária de Alcaçuz. Há bandeiras fixadas nestes telhados, com as inscrições "FDN" (Família do Norte, rival do PCC), mesma facção que foi responsável pelo massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que deixou deixa 56 mortos em Manaus (AM), após motim que durou 17 horas

Alcaçuz foi palco, no último sábado, dia 14, de um massacre durante rebelião entre detentos. Vinte e seis homens foram assassinados na ocasião. Desde então, a tensão segue dentro da unidade prisional.

Para o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, não importa o que haverá dentro de Alcaçuz desde que "ninguém saia". "Temos que trabalhar agora para evitar a fuga porque pode causar pânico na população", ressaltou Faria em Brasília, após reunião com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Segundo o governador, toda a área ao entorno do presídio está cercada pelo policiamento. "Não vão fugir. Está tudo cercado", garantiu.

Entre as medidas para desmobilizar as ações do detentos, o governador informou que já foram transferidos do presídio seis lideranças do PCC e outras quatro também deverão ser encaminhadas para outros presídios federais nas próximas horas.

"A princípio foram identificados seis presos líderes do PCC que serão transferidos. Quando retirar os líderes, vai enfraquecer. Mas a guerra continua", ressaltou Faria.

Gráfico do G1

"A guerra continua": assim resume o governador, com a naturalidade de um fenômeno atmosférico. A política do estado, em íntima harmonia com o governo Temer-Moraes, é deixar que a carnificina siga seu curso nos presídios. Levando em consideração que todos os presídios do país possuem mais detentos do que a capacidade das estruturas, a matança se multiplicará. Acresce a isso que, como o judiciário brasileiro mantém preso um número enorme de negros e pobres sem sequer terem sido julgados, estes serão vítimas de uma carnificina consensuada entre o Estado e as facções criminosas.

A Penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, abriga 1.083 presos, mas tem capacidade para apenas 620, segundo dados da Secretaria de Justiça.

"O Estado não pode adivinhar o que está acontecendo dentro do presídio. Há indícios de que houve favorecimento (externo) aos presos. Há uma investigação em curso", disse. Este cinismo sem par só aumenta na medida em que o próprio Estado intervém na divisão de membros das facções pelas prisões e penitenciárias federais do país, várias das quais administradas por empresas privadas como a Umanizzare, que enriquece às custas do encarceramento em massa e dos acordos com as facções criminosas patrocinadas pelo Estado.

Com mais essas 26 mortes, o número de assassinatos em presídios pelo país chega a 135 casos nas primeiras duas semanas do ano. As mortes já equivalem a mais de 36% do total registrado em todo ano passado. Em 2016, foram ao menos 372 assassinatos –média de uma morte a cada dia nas penitenciárias do país. O Estado do Amazonas lidera o número de mortes em presídios com 67 assassinatos, seguido por Roraima (33).

Os diversos níveis de cumplicidade entre o governo, a polícia, as empresas e as facções criminosas torna inevitável que o sistema prisional capitalista seja um organizador de massacres. O judiciário facilita esta situação, criando uma população carcerária imensa de negros e pobres que sequer foram julgados, deixando-os à mercê das facções do tráfico organizado.

 
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