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FEMINICÍDIO
"Deixa eu viver minha vida em paz", disse a jovem morta pelo seu ex-namorado PM.
Redação

Eram 22h30. A poucos metros de dobrar a esquina de casa, em Itaquera, na zona leste de São Paulo, a universitária Janaína Mitiko, de 30 anos, foi feita mais uma vítima da misoginia e do feminicídio. Ela foi morta a tiros pelo ex-namorado PM.

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Surpreendida pela abordagem do ex-namorado, Soldado da Polícia Militar, Márcio Lima, de 31 anos, que desceu de repente de um carro estacionado na Rua Mapixi, empunhando uma pistola .40. "Deixa eu viver minha vida em paz", foi a última frase que testemunhas ouviram Janaína dizer, antes de ser atingida por ao menos 14 disparos, a maior parte deles no rosto.

Os dois tiveram um relacionamento que durou cerca de um ano e um mês, até Janaína decidir dar um fim à relação no Natal passado. Os dois tinham acabado de retornar de uma viagem para o Ceará, mas a estudante vinha sofrendo ameaças e agressões, segundo familiares. "Ele era possessivo, bebia muito. Ela não podia dar bom-dia para ninguém", afirma Henrique Novaes, de 35 anos, cunhado da vítima. Em um dos episódios, o policial teria apontado uma arma para a cabeça dela no apartamento onde morava. "Ele queria obrigá-la a ficar com ele".

Lima tentou reatar o namoro e ligava para familiares de Janaína, pedindo ajuda. Antes de assassiná-la, ele telefonou para o cunhado e os dois passaram cerca de quatro horas conversando na noite desta quarta-feira, 11. "Pede para ela voltar comigo, senão eu vou fazer besteira. Me ajuda. Eu vou matar ela", teria dito o PM "Se concentra nas competições", aconselhou Novaes. O soldado é lutador de jiu-jitsu. "Fiquei segurando ele no celular, mas ele me enganou. Pelo horário da ligação, ele já estava esperando ela chegar", diz.

“Escutamos vários tiros. Do nada, parou um pouquinho e continuaram vários de novo. Foi uma coisa terrível, horrível mesmo. Ele pegou, arrastou pelo cabelo, jogou no chão e só foi... acabaram as balas, ele foi no carro, encheu o pente de novo e descarregou”, disse uma testemunha que não quis se identificar.

Os peritos coletaram 14 cápsulas calibre .40 no local do crime. Segundo a Polícia Civil, o soldado trabalhava no setor de inteligência da PM e se apresentou na 1ª Companhia do 39.° Batalhão Metropolitano (BPM/M), onde foi preso em flagrante põe homicídio doloso. Ele vai responder a três qualificadoras: motivo torpe, recurso que impossibilitou defesa da vítima e feminicídio. O assassino foi conduzido ao Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista.

O veículo usado no crime está registrado no nome de Janaína - um favor que ela havia feito ao ex-namorado, que pagava o carro. Na manhã desta quinta-feira, 12, familiares lavaram o sangue que estava na calçada. Em um saco plástico, recolheram um brinco e uma cápsula deflagrada que escaparam da perícia. Também guardaram quatro dentes de Janaína, ainda com aparelho odontológico preso.

Janaína foi feita mais uma vítima da violência machista neste ano, que condenou Isamara, suas familiares e seu filho a morte na noite de reveillon, assim como Gabrielly, garota de 18 anos morta também pelo ex-namorado. Como na Argentina, onde as mulheres pararam os meios de produção no país e saíram às ruas ao lado de homens que se aliaram na luta contra o machismo e a violência que ele produz, ao grito de Nenhuma a Menos!, no Brasil as mulheres estão se organizando e saindo às ruas sob o mesmo grito para mostrar que não vão deixar que esse tipo de violência ocorra sem resposta.

O Esquerda Diário se solidariza com os familiares e amigos de Janaína e se soma ao grito: BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES! NENHUMA A MENOS!

 
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