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O partido leninista como instrumento de combate
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No fim de semana passado se completaram as Convenções Regionais do PTS, 18 no total em 11 estados do país (houveram 2 em CABA e 7 na província de Buenos Aires). Ali se elegeram os delegados para a Conferência Nacional que acontecerá no próximo fim de semana. O PTS está organizando assim alguns milhares de militantes, entre os “velhos” e centenas de companheiros e companheiras que estão se incorporando.

O debate se desenvolveu em base a um documento (já temos expressado seu conteúdo em números anteriores do La Verdade Obrera - jornal do partido) e propostas de resoluções nacionais e de cada cidade ou estado (província). O eixo comum foi pensar os desafios que coloca a eleição histórica da FIT (Frente de Izquierda), para apostar no desenvolvimento revolucionário do processo de ruptura de setores da classe operária com o Kirchnerismo e o peronismo: A luta para recuperar os sindicatos (construindo agrupações classistas que organizem o ativismo operário contra a burocracia sindical), desenvolver um parlamentarismo revolucionário, conquistar um movimento estudantil militante e, no calor destes processos, construir um partido de trabalhadores, revolucionário, socialista e internacionalista (propondo as correntes que integram a FIT um debate sobre este aspecto).

Nesta nota vamos nos deter em aprofundar o caráter do tipo de partido que necessitamos construir.

Partido “de massas” ou partido da vanguarda operária com influência de massas

Na história dos partidos que conseguiram influência significativa como representantes da classe operária (deixando de lado as seitas estéreis que não conquistam inserção real alguma) têm existido duas tendências predominantes: partidos “de massas”, ou partidos que agrupam a vanguarda operária (que adotam um programa revolucionário) que se propõe a conquistar influência de massas. A diferença é enorme.

No primeiro tipo, o caso emblemático são os partidos socialdemocratas, claramente depois da Primeira Guerra Mundial: aparatos em geral eleitorais, aonde os “militantes” são uma base passiva, sobretudo os filiados que colaboram de vez em quando na organização eleitoral ou participam da “gestão” das distintas instituições nas quais atua o partido (sindicatos, cooperativas, etc). Estes partidos adotaram uma estratégia reformista (“social-traidores” pelo apoio a cada burguesia imperialista em guerra) de “educadores” graduais da classe operária descartando qualquer transformação revolucionária da sociedade. Os partidos Comunistas ocidentais da corrente “eurocomunista”, na década de 70, iniciaram este curso convergente com os socialdemocratas.

O segundo tipo de partido é o que chamamos de “partido leninista” porque nos inspiramos nas lições dos bolcheviques que levaram ao triunfo da revolução Russa, a mais grandiosa revolução na história da classe operária (degenerada pela camarilha stalinista que se apoderou do poder). A 3ª Internacional nos primeiros anos e logo a 4ª Internacional fundada por León Trotsky defenderam e desenvolveram aquela tradição.

Tratam-se de partidos “comunistas” (por seu programa e estratégia) que agrupam a vanguarda da classe operária (como militantes ativos e permanentes, dezenas de milhares em momentos de ascenso) e que se propõe a dirigir milhões (influência de massas).

São partidos que se propõe a dirigir os sindicatos e demais instituições de “tempos de paz”, das massas, se apresentam nas eleições, mas o fazem na perspectiva de forjar uma direção política e frações revolucionárias inseridas nas principais concentrações operárias da indústria e dos serviços, para, desde ali dirigirem-se ao conjunto da classe operária e demais setores oprimidos da sociedade (na época dos bolcheviques, sobretudo os camponeses pobres, hoje os pobres urbanos) impulsionarem a luta revolucionária e, em seu curso, construir organizações do tipo dos “conselhos operários” ou “soviets” (que superem as fronteiras “gremiais” e deem forma à frente única dos partidos envolvidos na luta) que se convertam nos órgãos da revolução e do futuro governo dos trabalhadores (que aponte a sua própria extinção na medida em que se derrote ao imperialismo e comece a construção da sociedade socialista).

não se pode, na realidade, confundir o Partido, como destacamento de vanguarda da classe operária com toda a classe. (...) entre os elementos ativos do Partido Operário Social-Democrata de modo algum figurarão apenas as organizações de revolucionários, mas sim toda uma série de organizações operárias reconhecidas como organizações do Partido. Em segundo lugar: por qual motivo e em virtude de que lógica podia deduzir-se, do fato de sermos um partido de classe, a consequência de que não é preciso estabelecer uma distinção entre os que integram o Partido e os que estão em contacto com ele? Muito pelo contrário: justamente porque há diferenças no grau de consciência e no grau de atividade, é necessário estabelecer uma diferença no grau de proximidade do Partido.
Somos o partido da classe e, por isso, quase toda a classe (e em tempo de guerra, em época de guerra civil, a classe inteira) deve atuar sob a direção de nosso Partido, deve manter com nosso Partido a ligação mais estreita possível; mas seria (...) “seguidismo” acreditar que quase toda a classe ou a classe inteira possa algum dia, sob o capitalismo, elevar-se ao ponto de alcançar o grau de consciência e de atividade de seu destacamento de vanguarda, de seu Partido Social-Democrata. Nenhum social-democrata judicioso jamais pôs em dúvida que, sob o capitalismo, nem mesmo a organização sindical (mais rudimentar, mais accessível ao grau de consciência das camadas menos desenvolvidas) está em condições de englobar toda ou quase toda a classe operária. Esquecer a diferença que existe entre o destacamento de vanguarda e toda a massa que gravita em torno dele, esquecer o dever constante que tem o destacamento de vanguarda de elevar camadas cada vez mais amplas até seu avançado nível, seria apenas enganar a si próprio, fechar os olhos diante da imensidade de nossas tarefas, restringir nossas tarefas. E exatamente assim os olhos se fecham e tal é o esquecimento que se comete quando se apaga a diferença que existe entre os que estão em contacto e os que ingressam, entre os conscientes e os ativos, por um lado, e os que ajudam, por outro”.
(“Um passo adiante, dois passos atrás).

A separação se tornou abismal nos anos seguintes, sobretudo ao estalar da época imperialista com seus britais choques contrarrevolucionários (Primeira Guerra Mundial) e revolucionários (a onda revolucionária do pós-guerra). Nestes eventos se demonstrou a necessidade de um partido democraticamente centralizado, para o combate, oposto aos partidos “de massas” adaptados aos regimes burgueses. Tanto nas décadas seguintes, até a Segunda Guerra mundial e o imediato pós-guerra, como no período de ascenso revolucionário de fins dos anos 60 e 70, esta distinção voltou a se colocar em evidência, enquanto surgiam os “partidos exército guerrilheiros” nos países de composição predominantemente camponesa.

Na atualidade, a prática política nos regimes democrático-burgueses pressiona no sentido da adoção do primeiro tipo de partido.

Quando a participação nas eleições se converte na atividade principal (eleitoralismo), a tendência é organizar fundamentalmente os que votam em sua legenda e aos que permitam conseguir mais votos (e mais deputados, conselheiros, etc). O propagandista, em aparência “sectário”, que queira organizar somente os que tenham nível teórico-político “aceitável”, sempre está de acordo em apresentar-se nas eleições e fazer “agitação política” (não é incompatível com o eleitoralista). O sindicalista necessita de um aparato que o ajude a dirigir sua comissão interna, o que o faz terminar “confluindo” com o primeiro. Todos tem algo em comum que os distância consideravelmente da construção de um partido “leninista”: sua oposição a forjar verdadeiras frações revolucionárias de militância ativa nas fábricas e empresas, ao calor das mais variadas experiências de luta e organização.

Como se forjou o leninismo?

Vejamos como o sintetiza Lenin em 1919:

“De um lado, o bolchevismo surgiu em 1903 fundamentado sobre uma base muito sólida de teoria marxista. E a justeza dessa teoria revolucionária - e só dela- foi demonstrada não só pela experiência internacional de todo o século XIX como, em particular, pela experiência dos desvios, vacilações, erros e desilusões do pensamento revolucionário na Rússia. (...) Rússia chegou ao marxismo- a única teoria revolucionária acertada- através das angústias das quais padeceu no curso de meio século de torturas e de sacrifícios inauditos, de heroísmo revolucionário nunca visto, de energia incrível, de buscas abnegadas, estudo, ensaios práticos, desenganos, verificação e comparação com a experiência européia. Graças a emigração provocada pelo Czarismo, a Rússia revolucionária, na segunda metade do século XIX, conseguiu uma riqueza de vínculos internacionais e um excelente conhecimento das formas e teorias do movimento revolucionário mundial como nenhum outro país.
Por outro lado, o bolchevismo, que havia surgido sobre esta base teórica de granito, passou por quinze anos de história prática (1903-1917) sem comparação no mundo por sua riqueza de experiências. Durante estes quinze anos, nenhum outro país conheceu nada sequer parecido a esta experiência revolucionária, a esta rápida e variada sucessão de distintas formas do movimento, legal e ilegal, pacífica e violenta, clandestina e aberta, círculos locais e movimento de massas, formas parlamentares e terroristas. Em nenhum país se concentrou, em um tempo tão breve, tal riqueza de formas, matizes e métodos de luta de todas as classes, da sociedade moderna, luta que, devido ao atraso do país e o rigor do jugo do Czarismo, amadureceu com particular rapidez e assimilou com particular avidez e eficácia a “última palavra” da experiência política americana e européia.”

(O esquerdismo, doença infantil do comunismo).

Um partido de tipo leninista compreende e atualiza seu programa, táticas e estratégia a partir de uma “base muito sólida da teoria marxista”, colocando-a a prova permanentemente na prática, seguindo a “experiência dos desvios e vacilações, erros e desenganos”. Considera essencial o internacionalismo neste terreno para conseguir a “riqueza de vínculos internacionais e um excelente conhecimento das formas e teorias do movimento revolucionário mundial”.

Intervém em todos os terrenos da luta (teórica, política, econômica) para conquistar a maior “riqueza de experiência” e se coloca a prova em cada combate da luta de classes; organiza seu partido sistematicamente, atuando sempre em função do mais avançado da experiência real dos trabalhadores e da juventude. Isto significa que, no marco de um partido que debate com liberdade interna, mas “golpei como um só punho” quando intervém na luta de classes e na realidade política, não existem formas fixas de organização, senão que devem adequar-se as condições políticas.

A prática do PTS aponta a desenvolver nossa organização neste último caminho, considerando a realidade da classe operária (historicamente peronista) e do movimento marxista (alheio a seus batalhões centrais da indústria e dos serviços) em nosso país.

Assim, nos propomos desde nossa origem intervir na classe operária, considerando as lutas econômicas como “escolas de guerra” (Lenin).

Em nossa história, temos conseguido marcos de combate nas mais diversas situações e “formas do movimento’. Para nomear os mais significativos: na "década menemista", nossa célula de militantes no Estaleiro Rio Santiago, com José Montes e Miguel Lago a frente, foi chave na luta triunfante contra a privatização e em defesa dos delegados que o governo tentou despedir.

Na crise nacional de fins dos 90 que culminou nas jornadas revolucionárias de 2001, Raúl Godoy e os demais militantes do PTS tiveram um papel decisivo em forjar a “Agrupação marrom” junto aos companheiros independentes, que esteve à frente da Comissão Interna de Zanon e, logo, do Sindicato Ceramista, assentando um marco nacional e internacional de gestão operária frente aos fechamentos de fábricas e de aliança para a luta com os movimentos de desempregados, docentes, estatais, mapuches e estudantes, na província (estado) e a nível nacional (assembleias piqueteiras). Se o país não assistisse a recuperação capitalista a partir de meados de 2002, as tomadas de fábricas e o controle operário, com Zanon como emblema, teriam se estendido ao coração da classe operária.

Em 2009, nossa agrupação centrada no turno da noite da Kraft, encabeçada por Poke Hermosilla, foi vanguarda na grande luta contra as demissões massivas da patronal norteamericana e frente à traição da CCC/PCR, se converteu em direção do conjunto da fábrica e emblema do movimento operário industrial combativo, em particular da Zona Norte (em comum com as internas de Donnelley, Pepsico, Lear, etc).

E assim poderíamos nomear muitas experiências mais cada batalha importante da classe operária (como as diversas lutas do Metrô, aonde confluímos com Cláudio Dellecarbonara; as lutas de Pepsico pelos contratados; a luta emblemática da Ex “Sabão Federal” no coração de La Matanza; a defesa dos contratados e terceirizados nas automotrizes de Córdoba, etc).

Ainda que o processo de conjunto, dadas as derrotas acumuladas a nível nacional e internacional, tenha sido lento, estes feitos de intervenção nos proveem uma “riqueza de experiências” que nos permitem assumir o desafio de nos propor ser parte decisiva na criação de um verdadeiro partido. Sabemos que para isto falta reunir algumas dezenas de milhares de militantes operários e estudantes, não “soltos”, mas que dirijam centenas de comissões internas, vários sindicatos industriais e de serviços, dezenas de centros e federações estudantis capazes de mobilizar milhares de estudantes, etc. Este partido surgirá de fusões entre setores de diversas tradições, unidos por um programa e uma estratégia revolucionária, seja sob o nome de PTS ou outro novo nome.

Entretanto, a prática presente deve preparar as condições para que a emergência deste partido seja a mais rápida e revolucionária possível (porque surgirão conciliadores de todo tipo).

Um partido “realista”

Ter claro o norte de colocar de pé um partido de combate “leninista”, permite no momentos preparatórios como o atual, responder corretamente aos desafios da luta de classes (e suas expressões políticas) e forjar os “generais, oficiais e soldados” que serão capazes, nos momentos de luta de classes agudas, de vencer os golpes da repressão, não ceder aos “cantos de sereia” dos conciliadores, organizar dezenas de milhares para dirigir milhões.

Um centro esquerdista (e muitos que se reivindicam de esquerda) nos dirá que estamos delirando, que devemos ser “realistas” e preocuparmo-nos hoje em conseguir mais deputados, comissões internas (e inclusive sindicatos), mais centros de estudantes.

Um “marxista” sectário nos dirá que a chave é a formação teórico-política dos “quadros” e não “degenerar” buscando dialogar com a experiência real, por ora “muito limitada”, das camadas do movimento operário que rompem a esquerda com o governo, nem tentar organizar a vanguarda operária e estudantil, nem ganhar novas camadas de militantes.

Um sindicalista nos dirá que o único “possível” hoje é conquistar comissões de fábrica e defendê-las, inclusive lutar pelos sindicatos, mas que é muito difícil organizar politicamente aos trabalhadores de esquerda, seja em agrupações classistas, muito menos, como militantes partidários.

Um ativista “lutador” nos dirá que só “vale a pena” militar quando existam lutas (grandes ou pequenas), que não há tarefas preparatórias. Todos dirão que são “realistas”.

Cremos que o presente momento político do país, pensando-o profundamente, mostra que estas alternativas não são “realistas” se o que queremos é vencer e não ser desonrosamente derrotados. Vejamos dois exemplos.

Os motins policiais mostraram o embrião de um “partido policial” reacionário, que não duvidou em incentivar os saques (por ação ou omissão) para torcer o braço dos governantes oficialistas e opositores. Os 170.000 efetivos das polícias provinciais (estaduais), mais os 103.000 das demais forças de “segurança” (Federal, Gerdermeria, Prefeitura) constituem os “braços armados” de repressão direta e imediata do estado burguês, na medida em que as Forças Armadas (exército, Marinha e Força Aérea) carregam ainda a crise história produto do enorme desprestígio com que saíram da última ditadura militar (ainda que o Kirchnerismo venha fazendo todo o possível para “represtigiá-las”).

As polícias também tem uma baixa “força moral” produto dos anos de corrupção e degradação, mas as campanhas “pela segurança” de todos os partidos patronais e estes motins buscam “represtrigiá-las” como “necessárias” para garantir a ordem. Se as comparamos com os milhões de trabalhadores e setores populares que potencialmente podem empreender grandes ações históricas independentes (revolucionárias) não são uma força imbatível. Mas sim uma força repressiva nada depreciável e um “canteiro” de onde sairão grupos fascistas, como ocorreu nos anos 70 com a “Triple A”, que agrupou as bandas que se dedicaram a assassinar lutadores operários e populares antes do golpe, antecipando o que logo generalizaria o genocídio.

A outra grande “provedora” de fascistas na Tripla A dos 70 foi a burocracia sindical. Hoje seu aparato é enormemente mais débil que naqueles anos, mas a patota que assassinou Mariano Ferreyra já mostrou que seu “poder de fogo” segue presente, contando com os “Barrabravas” como novos sócios.

Se as polícias manejam negócios milionários como parte das redes de trafico, narcotráfico ou jogo clandestino, as burocracias sindicais o fazem inclusive com mais “legalidade” no manejo das obras sociais, empresas terceirizadas, ARTS, etc. Se as primeiras são parte direta do estado burguês, as segundas são agentes “para-estatais” que dominam os sindicatos e que servem as patronais (e seus partidos) esmagando toda iniciativa independente do movimento operário.

Por isto, todo aquele que queira defender seria e consequentemente os interesses dos trabalhadores e do povo pobre, se é “realista”, observa o presente, quer lutar e não resignar-se, deve pensar em criar “forças materiais” construindo instrumentos de luta a altura de nossos inimigos.

Quando propusemos a Convenção Nacional do PTS assumir a luta por “recuperar os sindicatos’, somos conscientes que estamos propondo retirar a burocracia sindical, derrotar um aparato “para-estatal” que irá nos opor uma dura resistência.

No entanto, também sabemos que estamos tocando um dos pilares do poder burguês na Argentina, já que se se consegue derrotá-los e liberar a energia da classe trabalhadora, com uma direção revolucionária a sua frente, ao menos em alguns sindicatos importantes, para unir as fileiras operárias e levantar um programa que responda também as necessidades do povo pobre (trabalho, moradia, saúde), se poderá despertar o entusiasmo combativo de milhões e aumentar, assim, a crise “moral” das forças armadas e de “segurança”, debilitando seu poder repressivo. Em síntese, sem burocracia sindical, o poder do estado é muito mais débil. Por isto, a luta por “recuperar os sindicatos” conduz, cedo ou tarde, ao problema do poder.

Os caminhos para agrupar a vanguarda operária

Partindo da concepção “leninista” que assinalamos, ao calor do processo de ruptura de “franjas” do movimento operário com o Krichnerismo e da constituição da Frente de Esquerda desde 2011, viemos impulsionando dois níveis de organização fundamentais para conquistar frações revolucionárias no movimento operário (e estudantil).

Por um lado, agrupações que reúnam o ativismo operário antiburocrático e classista, que além de dirigir as comissões de fábrica (ou lutar por elas) aborde os grandes temas nacionais (como foi o ano passado o “paraço” do 20N, em seguida, este ano a campanha eleitoral da Frente de Esquerda nas PASO e em outubro, agora são os motins policiais e saques).

Por outro lado, com os setores mais conscientes destas agrupações, os companheiros e companheiras que leem nossa imprensa e tem realizado atividades políticas conosco, lhes propomos integrarem-se ao PTS como militantes revolucionários conscientes. Estes últimos companheiros e companheiras são os que tem participado das convenções regionais.

Nos propomos criar um sistema de engrenagens potencialmente poderosos, cada uma das quais implica distintos tipos de aliados: sindicatos/comissões de fábricas combativas, agrupações classistas, partido revolucionário. Como o processo de radicalização política é, por ora, embrionário, nos damos objetivos parciais, como conquistar comissões de fábrica e sindicatos “combativos”, independentes das distintas alas da burocracia sindical, aonde lutaremos por um programa de conjunto que, na medida em que se coloque em prática e se desenvolve, levará a conclusões revolucionárias. O termo “combativo” para o PTS tem um significado muito preciso, já que nos caracterizamos por assumir toda luta até o final e repudiamos o discurso dúbio.

Por isto, também propomos encontros regionais das comissões de fabrica, delegados e ativistas independentes das distintas alas da burocracia, na perspectiva de um grande encontro nacional (e não acreditamos que seja muito combativo fazer alguma marcha a cada 3 ou 4 meses que reúnam umas poucas centenas de trabalhadores – só “milhares” nos comunicados -, como temos polemizado com os companheiros do PO).

As agrupações, hoje, impulsionamos com todos aqueles/aquelas que se consideram classistas, coincidem com o programa de ação do PTS e apoiam a Frente de Esquerda enquanto alternativa política de independência de classe.

Ainda que estes companheiros e companheiras não sejam ainda militantes do PTS, apostamos a que sejam “elementos ativos” das frações revolucionárias que queremos construir (no sentido do que diz Lênin, na citação que transcrevemos acima: “entre os elementos ativos do Partido Operário Socialdemocrata de modo algum figuram tão somente as organizações de revolucionários, senão toda uma série de organizações operárias reconhecidas como organizações do Partido”).

Desde este ponto de vista, as agrupações tem um caráter estratégico, junto as equipes de militantes diretamente partidários, como uma forma de organização da vanguarda operária de cada fábrica e grêmio, não como meros “auxiliares” das internas ou dos delegados. Apostamos que o desenvolvimento de processos de radicalização permita que estes companheiros e companheiras se convertam no futuro em militantes revolucionários conscientes do partido e estas agrupações nas “células” de um partido revolucionário.

A conquista de uma nova localização na cena nacional por parte da Frente de Esquerda, suscita uma mudança revolucionária em nossa prática política no movimento operário.

Nos é colocado superar definitivamente a etapa na qual nossos dirigentes e militantes operários (e as agrupações) faziam “política de massas” em relação as lutas e discussões “sindicais”, e propaganda (para poucos) dos problemas político nacionais (e mais ainda os internacionais).

A possibilidade de aproveitar o “parlamentarismo revolucionário” a partir dos mandatos conquistados pela FIT, nos permite sistematizar as experiências que viemos tendo em distintas zonas com trabalhadores industriais e dos serviços, de reuniões periódicas com os deputados da FIT para debater os grandes temas nacionais (e internacionais).

As agrupações tem razão de ser se não se limitam a discutir os problemas da fábrica ou do grêmio e tomam a relação com os parlamentares como escola de formação e elaboração política.

No movimento estudantil, podemos pensar em termos similares, ainda que a distância entre as agrupações (que impulsionem todo tipo de iniciativas para promover centros de estudantes militantes) e o “partido” (juventude) é muito mais “curta” dada a luta política intensa e a possibilidade de avanço ideológico mais rápido dos estudantes. No entanto, ali está colocado conquistar uma relação estreita com o trabalho do PTS no movimento operário, não só nas lutas, mas na organização cotidiana das agrupações e do partido. Esta é uma condição de qualidade para conseguir uma construção não estudantilista, em perspectiva revolucionária.

Se pensamos em termos de “partido leninista”, não se pode separar estes níveis de organização.

Quadros de um “partido revolucionário” que não lutem por ter laços orgânicos com os setores avançados (as agrupações), que não se proponham a construir frações revolucionárias como uma “força material e moral” capaz de “bancar” o programa na luta contra nossos inimigos, não merecem tais nomes.

Luta ideológica

Para conquistar “uma base muito sólida da teoria marxista” (ver citação acima), desde o PTS sempre demos especial importância a luta ideológica, um terreno que Lênin já definiu como fundamental desde o “Que Fazer?” há 110 anos. A crise histórica do marxismo revolucionário por ser confundido aos olhos das massas com a monstruosa burocracia stalinista, após a queda dos ex-estados operários deformados e degenerados, exige uma sistemática luta, contra a corrente, frente a ideologia burguesa triunfante que “naturaliza” o capitalismo, descartando como “utópico” toda mudança revolucionária da sociedade.

Lutamos para recriar o marxismo e combater as distintas expressões da ideologia capitalista, tanto no interior de nossa organização, como nos setores mais amplos da esquerda. Por isto, multiplicamos as edições do IPS Karl Marx e do CEIP Léon Trotsky, que durante 2013 já editaram 7 títulos de grande qualidade; por sua vez, lançamos a revista mensal Ideias de Esquerda (6 números) junto a intelectuais que aderem a FIT, mas não tem militância partidária (Grüner, Camarero, Schneider, Aizicson e outros), nas quais tem colaborado os mais importantes intelectuais de esquerda a nível internacional (Chomsky, Eagleton, Harvey, James, etc) e nacional (Torre, Pavlovksy, etc), que conseguiu ganhar um lugar entre a intelectualidade (sobretudo da esquerda) combinando temas de atualidade, investigações especiais e debates sobre os mais diversos temas.

Nos propomos, nesta nova etapa, sistematizar o estudo e a formação teórico-política de novas camadas de operários e estudantes, porque queremos uma militância que conheça as ferramentas fundamentais do marxismo para compreender melhor a realidade, dar melhores debates internos e melhores respostas a apaixonante tarefa de dar passos em conseguir que a classe trabalhadora recupere seu caráter de sujeito revolucionário em luta por uma sociedade sem exploradores nem explorados.

 
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