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Entre cortes e vidraças
Felipe Guarnieri
Diretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

O sentimento que moveu as ações de protesto dentro do prédio da FIESP na Avenida Paulista, talvez seja o mesmo sentimento dos 60% contrários a aprovação da PEC, ou até mesmo dos mais de 75% que reprovam o atual governo Temer. Ninguém mais é bobo para cair no papo furado da Globo de que os manifestantes eram “vândalos”.

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Mais rápida que um relâmpago foi a votação da PEC 55 aprovada em segundo turno no Senado Federal. No mesmo dia, uma série de manifestações se alastraram por mais de 14 capitais, além do Distrito Federal, e foram marcadas pela repressão da polícia, com dezenas de prisões em Pernambuco e Brasília. Em São Paulo, manifestantes expressaram sua revolta no prédio da FIESP, símbolo da patronal paulista, uma das principias articuladoras do golpe institucional com o seu gigantesco Pato inflável, e cujo presidente Paulo Skaf é um dos recentemente delatados da Odebrecht por receber ilegalmente cerca de 6 milhões de reais na sua campanha.

As noticias tomavam conta rapidamente da televisão. A mídia tradicional se comove por vidraças quebradas, mas não pelo fato de uma PEC que prevê a retirada de mais de 654 milhões de reais da saúde (segundo o IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e mais outra centena de bilhões na educação.

Merval Pereira, comentarista político da Globonews cinicamente defendeu a votação da PEC “como uma medida necessária, que fará os parlamentares discutirem em cima da realidade...”. Só se for dos empresários, os privilegiados pelo pagamento religioso dos juros e amortizações da dívida publica, a verdadeira responsável por mais de 40% do orçamento dos gastos públicos. Uma minoria que não será afetada pelos cortes sociais e que vibram a cada “take” de manifestantes reprimidos, enquanto destilam ódio quando algum deles derrubam um simples portão. A realidade é que “o dano na fachada da FIESP é muito pouco perto do dano que a FIESP está causando há muito tempo ao povo do Brasil”, como afirmou Guilherme Boulos, coordenador do MTST logo após os protestos.

O sentimento que moveu as ações de protesto dentro do prédio da FIESP na Avenida Paulista, talvez seja o mesmo sentimento dos 60% contrários à aprovação da PEC, ou até mesmo dos mais de 75% que reprovam o atual governo Temer. Ninguém mais é bobo para cair no papo furado da Globo de que os manifestantes eram “vândalos”.

Também é certo afirmar que essa revolta ainda está contida. Não pelos trabalhadores que a apoiam nos seus locais de trabalho, como aconteceu também nos protestos do dia 29/11, mas pelas principais centrais sindicais, dirigidas pelo petismo e sempre isentas das cobranças de Boulos. Enquanto o PT e PC do B negociavam por cima para ampliar insuficientemente sua base de apoio no Senado, CUT e CTB mais uma vez não moveram nem uma palha para os protestos do dia 13/12 serem massivos.

A solução da crise política e econômica não virá através da convocação de novas eleições diretas. Essa é a estratégia que move a trégua das centrais sindicais com o atual governo, dando "carta branca" para os parlamentares do PT seguirem conciliando com a direita no Congresso e no Senado, como recentemente na disputa entre o executivo e o judiciário e o apoio de Jorge Viana a Renan Calheiros. Para barrar os ataques aos direitos sociais, acabar com os privilégios dos políticos, fazendo-os ganhar o mesmo salário de um professor, dissolver esse senado corrupto numa câmara única com mandatos revogáveis, não basta mudar os jogadores, deve-se alterar as regras do jogo. Através de uma nova constituinte imposta pela mobilização.

 
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