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DEBATE
Desafios da esquerda: entrevista com Arcary e Cida Falabela
Redação

No dia 22 de novembro, com a presença de cerca de 100 pessoas, aconteceu na UFMG o debate “Brasil pós impeachment”. Na mesa estiveram como debatedores Valério Arcary, professor e militante do MAIS (Movimento por Uma Alternativa Independente e Socialista); Cida Falabela, Vereadora eleita pela Frente BH Socialista e militante da agrupação “Muitas” e do PSOL; Maria da Consolação, militante do PSOL e doutora em Educação, professora da rede municipal e da UEMG; e Pablo Lima, Militante do PCB e Doutor em História e Professor da FAE/UFMG. O Esquerda Diário entrevistou Valério Arcary e Cida Falabela logo após o debate. Confira!

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Esquerda Diário: Qual sua opinião sobre a informação que saiu no “Painel da Folha” acerca da possibilidade de uma “Frente Ampla” entre MTST, PSOL e PT e quais os desafios da esquerda?

Valério Arcary: Essa é uma notícia plantada no painel da Folha. E não tem fonte. Então isso significa que os autores dessa informação preferem ficar anônimos e estão plantando verde para colher maduro. É uma parte da esquerda que não escreve o que pensa. Utiliza alguns canais como por exemplo o clássico painel da Folha para fazer ameaças. Há um movimento de oposição dentro do PT, há também uma tensão enorme após a derrota eleitoral, em função da ruptura de massas com o lulismo que se expressou no processo eleitoral. Uma das tendências internas é o Muda PT que tem muitas correntes em seu interior e uma delas defende esse projeto. A direção do PSOL declarou publicamente que isso não é verdade, a direção do MTST também, portanto não merece credibilidade. O que existe entretanto e é verdade, é um projeto do núcleo dirigente do PT para fazer uma frente ampla se possível em torno do Lula, se não com o Ciro Gomes. O problema é que Ciro Gomes não é Tabaré Vázquez. E portanto uma frente com Ciro Gomes não se constituiria com essa configuração. É impossível com essa configuração.

Esquerda Diário: Como a esquerda deve se posicionar frente a Lava Jato?

Valério Arcary: Nós temos que compreender que sem a Lava Jato não teria ocorrido o impeachment. A Lava Jato é um projeto político que é internacional. Isso decorre da crise de 2008 que é uma nova arquitetura da regulação internacional. Nessa arquitetura da corrupção no Brasil ultrapassam todos os limites do que pode ser aceitável inclusive pelas potências imperialistas. Decorre da importância da presença de capitais brasileiros nos paraísos fiscais, o novo acordo de transferência de capitais. E uma parte dos quadros do aparato judicial brasileiro vem acompanhando a articulação de acordos internacionais. O Brasil participou da conferência de Salamanca, há um conjunto de acordos internacionais para estabelecer limites naquilo que eles chamam de governança responsável. Se apoiaram nas camadas médias que foram às ruas a partir de março de 2015, no início estavam muito apoiados no núcleo duro da base social que apoiaram o Aécio em 2015. As primeiras manifestações não foram significativas, mas tudo adquiriu uma outra escala a partir de fevereiro e marco de 2016 quando a Lava Javo entrou num outro patamar que foi a criminalização do PT, e que colateralmente atinge também a direção do PMDB. Evidentemente a esquerda que aplaude a Lava Jato está um pouco confusa.

Esquerda Diário: Recém aconteceu o ato da FIT que encheu o estádio de Atlanta, em Buenos Aires. Qual importância da FIT, Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, da Argentina, integrada pelo PTS, PO e IS, para esquerda na América Latina?

Valério Arcary: A FIT na Argentina é o processo mais bem sucedido em primeiro lugar e mais dinâmico, de unidade das organizações anticapitalistas e revolucionárias, para construir um polo de oposição em alternativa ao que foi no caso da Argentina a experiência do kirchnerismo, em alternativa ao que foi o lulismo no Brasil e o que foi o chavismo na Venezuela. Ela se articula em torno de um programa de independência de classe anti imperialista e anti capitalista. Então é um processo no qual nós devemos nos inspirar.

Esquerda Diario: Cida, qual sua opinião sobre a informação que saiu no “Painel da Folha” acerca da possibilidade de uma “Frente Ampla” entre MTST, PSOL e PT e quais os desafios da esquerda?

Cida Falabela: Eu acho que estamos num momento da necessidade da confluência máxima. O golpe está galopante, a cada dia é um golpe dentro do golpe e eu acho que são forças que tem perfis muito firmes e acho que de um diálogo assim pode surgir coisas mais estruturadas como a gente vem dizendo da necessidade de trazer esse debate para dentro das organizações.

Esquerda Diário: E quais desafios se colocam para os mandatos parlamentares do PSOL em Belo Horizonte?

Cida Falabela: A gente está em construção de um mandato aberto, colaborativo, participativo e isso vai desde a formação do gabinete, bastante diverso, maioria de mulheres, mulheres negras, pessoas trans, uma indígena. Então o gabinete é bastante diverso, parte será por chamada pública. E existe esse desejo da construção de canais permanente na cidade, com as comunidades, o chamado forte na área de mobilização sociais, que é trabalho de base. E sempre respeitando os lugares de fala de cada um, respeitando as organizações, respeitando as iniciativas das pessoas e promover através do mandato um amplo debate. Pensar que o mandato é um momento de formação política, que é um momento pedagógico e também de trazer as principais pautas e lutas da cidade para dentro da câmara. Se a luta será difícil pra aprovação de projetos, o importante é que o processo seja rico e que resulte também num prazo não muito longo em novos quadros políticos, em novos projetos e novas propostas para a cidade.

 
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