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Estudante da Ufscar denuncia caso de estupro
Redação

No dia 09 de dezembro a página no facebook “Abusos cotidianos Ufscar São Carlos” publicou um post de uma estudante de ciências sociais da universidade que denuncia o estupro que sofreu de dois estudantes do mesmo curso em outubro de 2016.

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Foto do ato contra a cultura do estupro em junho de 2016 na Ufscar

O caso repercutiu nas redes sociais e diversas estudantes se organizaram para tentar dar respostas ao ocorrido, foi levado à justiça e também às instâncias da universidade que mesmo assim não soltou nenhum pronunciamento, se calando mais uma vez frente aos casos de violência e machismo que ocorrem dentro da universidade.

O Centro acadêmico do curso de Ciências Sociais - CAJAR- soltou uma nota na sua página das mulheres do curso sobre o ocorrido, em que repudiam o caso e exigem a expulsão dos dois estudantes.

Segue abaixo o caso exposto na página e a nota da estudante:

Denúncia do caso na página “Abusos Cotidianos UFSCar São Carlos”:

“A.C. e R.P. são da graduação da Ciências Sociais 014 da UFSCar e estupradores. Em outubro de 2016, depois de uma festa, ofereceram para que eu dormisse na casa deles (eu estava totalmente alcoolizada, não tinha como voltar para a minha casa e conhecia o R.P.). Não lembro do caminho, nem de como cheguei na república deles. Eles dividiam o quarto. Não lembro de tudo, lembro do estupro, dos dois em cima de mim e do A.C. dizendo que não conseguia transar com camisinha e que iria fazer sem mesmo. Não lembro como acordei, nem como voltei para a minha casa. No dia seguinte estava cheia de hematomas roxos, com o corpo todo dolorido. Os estupradores vieram pedir desculpas do ocorrido, afirmando que estavam bêbados e que não sabiam o que estavam fazendo, que não eram os escrotos que eu tava imaginando.”

Post da estudante no facebook:

“Nenhuma mina mente que foi estuprada. Nenhuma mina gosta de ficar horas em uma delegacia para contar detalhes de seu estupro ao lado de seus pais chorando. Nenhuma mina fica à toa, horas, para fazer um corpo de delito e sai de lá sangrando, pq a médica enfiou a porra de um instrumento de qualquer jeito na sua vagina para conseguir ver melhor as lesões que seus estupradores fizeram em vc. Nenhuma mina toma uma cartela de Prozac pq está tudo bem e quer chamar a atenção. Nenhuma mina merece dormir todos os dias chorando pq o que mais consegue desejar é acordar morta para sua dor passar. Nenhuma mina gostaria de ir chorando e desnorteada sozinha a uma farmácia comprar uma pílula do dia seguinte pq os fdp “não conseguem” sem camisinha. Nenhuma mina quer segurar um dia todo sua vontade incontrolável de vomitar para não por pra fora a pílula e correr o risco de uma gravidez indesejada. Nenhuma mina toma mais de 30 gotas de Rivotril para conseguir dormir pq está bem. Nenhuma mina quer pedir para seus pais comprarem um teste de gravidez pq não dorme de desespero. Nenhuma mina quer ficar horas procurando métodos de aborto, caso tenha ficado grávida desses merdas. Nenhuma mina quer fazer regularmente exames de HIV, sabendo que há possibilidade de ter sido contaminada no estupro. Nenhuma mina quer contar para desconhecidos que foi estuprada por dois caras porque confiava neles e aceitou dormir em sua república. Nenhuma mina passa a noite toda com um estilete na mão pq está tudo bem. Nenhuma mina merece ser eu. Nenhuma mina merece passar pelo que passei. Depois de tentativas de suicídio e crises de pânico que não me deixam dormir, tenho uma única certeza: antes de fazer qualquer merda contra mim novamente, vou fuder com a vida desses dois. A minha vida está um inferno, mas podem ter certeza que a de vcs vai ficar pior. Eu quero que para o resto de suas vidas, seus nomes sejam relacionados à estupro, a abuso, a covardia. Sei que muitos vão escolher acreditar em vcs, ao invés de mim, que vão me julgar, mas eu sei o que vcs fizeram comigo e não vou esquecer. Eu vou até o inferno para acabar com a vida de vcs. Deveriam ter me matado naquele dia. Agora eu estou viva e vou fazê-los sentir tudo que estou sentindo. Entrei para as estatísticas da pior forma possível. Estava bêbada, drogada, vulnerável, sem condições de dizer sim ou não. Aquilo não foi sexo, foi estupro e ninguém vai me convencer do contrário. Eu não estou louca, como vcs me fizeram acreditar. Tranquei meu curso por vcs. Choro todos os dias por culpa de vcs. Despertaram em mim um ódio que eu nunca tinha sentido, mas agora vcs vão sentí-lo da pior forma possível.”

 
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