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DIREITO AO ABORTO
Sobre o aborto: Depoimentos de mães sobre o tema
Pão e Rosas
@Pao_e_Rosas

Após a grande repercussão da descriminalização parcial do aborto em um caso específico, pelo STF, agrupamos depoimentos de mulheres que são ou serão mães sobre a temática.

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Após a decisão do STF, de descriminalização parcial do aborto em um caso específico, o assunto tornou-se tema em diversos ambientes e diversas opiniões foram colocadas.

Reunimos depoimentos de mulheres que são ou serão mães relatando como e o que sentiram tomando esta decisão e o que elas acham em relação ao aborto.

“Fiquei grávida com 19 anos e tive meu filho com 20, mesmo não sendo uma gravidez planejada escolhi ser mãe, imaginei o que isso significava, senti muito medo, mas reuni todas as forças e acreditei que de um jeito ou de outro eu faria dar certo. Passei 9, quase 10 meses esperando pra conhecer o menino, que é desde o primeiro dia um grande companheirinho pra essa vida. Acontece que as escolhas das mulheres não são respeitadas, não temos direitos porque não existem condições reais pra que eles existam. Minha escolha de ser mãe não foi respeitada quando não tive nenhum apoio, nem emocional e nem financeiro, do pai do meu filho. Minha escolha não foi respeitada, quando tive que esconder que sou "mãe solteira", pra conseguir um emprego e poder sustentar o meu filho. Minha escolha não foi respeitada, quando tive que escolher entre trabalhar e estudar ou poder passar um pouquinho de tempo com aquele bebê tão pequeno, que eu amava tanto e queria que me reconhecesse como sua mãe. E não foi respeita, mesmo quando já tinha um emprego na melhor universidade da América Latina e não aceitaram os atestados médicos de acompanhante quando meu filho teve catapora, ou quando quebrou o tornozelo, ou operou o ouvido. o que defendo com toda convicção é que toda mulher deve ter o direito real de escolha, de ser mãe plenamente, e de não ser, se não for o momento certo para ela. Eu só acredito que a escolha da mulher e o direito ao seu corpo e a maternidade serão respeitados, quando o aborto for legalizado e oferecido pelo SUS com segurança e gratuidade. Só um sistema de saúde com uma política integral de respeito à saúde da mulher poderá evitar as mortes de milhares de mulheres, que se veem sozinhas e sem escolha. pela vida das mulheres, o corpo e a escolha devem ser nossos já!”
Yuna Ribeiro - Trabalhadora da Universidade de São Paulo e militante da agrupação Pão e Rosas

“Fruto de 10 anos de amor, uma gestação... volta o sentimento de “será que vou criar mais um filho sozinha?", e com muita conversa a decisão de gerar a criança... assim nasci!

Como qualquer ser humano tenho minhas opiniões e sentimentos, não estava preparada para ser mãe aos 23 anos, mas não havia usado contraceptivo algum! Num misto de euforia e medo tomei a decisão acertada de ter o meu filho mais velho. Algumas pessoas me incentivavam abortar, mas eu era contra fazer algo assim no meu corpo, sabia das consequências de não usar camisinha, de não tomar anticoncepcional e prevaleceu este pensamento. Assumi as consequências, e ao falar com meu companheiro na época, soube que estaria nessa decisão sozinha. Eu era jovem, não tinha apoio dos familiares, não tinha um parceiro ao meu lado, ainda assim decidi por ter este filho que me fez crescer e me tornar uma mulher forte!

Às vezes as consequências podem acabar numa vida de miséria, desemprego, abandono! Tive a sorte que muitas não têm, consegui um emprego e segui minha vida!

Hoje não seria capaz de julgar uma mulher que tomasse a decisão pelo aborto, pois ela pode não ter o mesmo destino que eu. O que faço é apoiar a mulher que tenha capacidade de discernir quando não pode assumir um filho, seja pelas condições socioeconômicas, morais e/ou afetivas. Acredito que o melhor seria ela não ter que passar ainda por um aborto clandestino, que muitas vezes leva a morte!

Tudo sempre colocado como culpa da mulher, mas quem sofre as consequências das decisões em tudo é sempre ela também.

Eu defendo aborto legal, seguro e gratuito para toda mulher que opte por essa decisão!

Mais investimento em educação sexual e em métodos contraceptivos para minimizar os casos de aborto, mas se for necessário ainda assim, que seja seguro!!! Chega de morte de mulheres!!!”
Marília Lacerda - Trabalhadora do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo e militante da agrupação Pão e Rosas.

"Agora estou com 41 semanas, esperando ansiosa para o nascimento da primeira filha, Violeta. Me emociono todos os dias ao pensar que daqui a pouco ela estará comigo.

Muitos fatores me levaram a tomar essa decisão, mas o importante é que foi minha decisão e foi respeitada por todos à minha volta. Posso me lembrar de muitos momentos da minha vida em que poderia ter tomado uma decisão diferente, e o apoio de todos teria sido igualmente importante. Tenho amigas que tiveram que tomar essa difícil decisão e optaram por não ter um bebê por diversos motivos. Tenho outras amigas que optaram por ter. Respeito a decisão de cada uma delas, como elas respeitaram a minha.

Essa sociedade não nos dá o direito de viver plenamente, de criar nossos filhos plenamente. Por isso lutamos pelo direito a maternidade, por educação, saúde, transporte, moradia e todas as condições para criar nossos filhos se assim o decidirmos. Mas também lutamos pelo direito de escolha, que as mulheres possam decidir sobre seu corpo. Além de tudo, a legalização do aborto é uma questão de saúde pública, pois não podemos permitir que mulheres continuem morrendo quando isso pode ser impedido.

Eu luto para que minha filha possa decidir se quer e quando quer ser mãe. Eu luto pela legalização do aborto!"
Marília Rocha - Demitida política, diretora de base do sindicato dos metroviários de São Paulo e militante da agrupação Pão e Rosas

“Quando descobri estar grávida, vivia no momento circunstâncias me fizeram passar pelo dilema: abortar ou não. A minha gravidez gerou muitas discussões e o foco da situação ficou voltado totalmente para o fato da minha “burrice” e “culpa” por ter engravidado. Então, a primeira coisa que tive que enfrentar, foi o julgamento das pessoas ao meu redor.

Assim, no meio de toda polêmica, escolhi ter o meu lindo filho. Nunca me arrependi. Mas sempre soube que o que mais pesou na minha decisão, foi o fato de saber que tinha condições financeiras e sociais para ter aquele bebê. Não tinha maturidade e inclusive pensava que nem mãe gostaria de ser. Mas na época, me lembro que cheguei à conclusão que, se tinha condições que me deixavam confortável para ter a oportunidade de aprender a amar aquela criança, então eu deveria ter aquele filho.

Hoje posso olhar todos os dias para ele, sentir todo o amor que construímos juntos, ser grata por toda a alegria e maturidade que ele me trouxe, mas posso também ter a certeza de que tê-lo foi uma decisão minha e de mais ninguém.

Nunca, jamais, me sentiria no direito de julgar outra mulher que decidiu pelo aborto, pois a vida é de cada uma. Cada uma sabe de sua própria história. E cada mulher sabe o que PODE oferecer a um filho.

Diferente do que pensam aborto NÃO é uma decisão simples. No meu caso, se optasse pelo aborto, ainda teria a segurança de poder passar por procedimentos médicos em uma clínica mais segura. Logo, saber que uma mulher decidiu abortar por falta de condições como as minhas, e ainda passar por procedimentos que provocam um risco enorme a sua própria vida, só me faz refletir na falta de igualdade de oportunidades de vida que temos.

Enquanto todos estão perdendo seu tempo em julgar a mulher, a ela que fica a dura e nada fácil decisão de seguir ou não em frente, passar ou não por algo que coloca a sua saúde e segurança em risco.

Nós escolhemos, porque somos nós que sabemos o que podemos ou não podemos oferecer àquela outra vida”.
Independente da agrupação Pão e Rosas

Convidamos todas e todos a conformarem um bloco do Pão e Rosas e marchamos juntas neste dia 08 de dezembro. É pela vida das mulheres! Pela educação sexual de qualidade e para todos. Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Pelo direito a maternidade plena com creches, acompanhamento médico.

 
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