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RESPOSTA AOS EDITORIAIS
Resposta aos editoriais do Estadão e Folha que criminalizam a manifestação em Brasília contra a PEC 241/55
Guilherme de Almeida Soares
São Paulo

Logo após as manifestações que ocorreram contra a PEC 241/55 em Brasília, os editorais do Estadão e da Folha de São Paulo trataram logo de criminalizar a manifestação que ocorreu em frente ao Senado e que acabou com uma brutal repressão da polícia militar contra aqueles que estavam contra a medida que visa congelar o investimento na educação e saúde.

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Foto: Jacqueline Lisboa/Mamana Foto Coletivo

Estes editorais mostram que a grande mídia não está a serviço de trazer informação, mas sim de ser porta-voz dos interesses do imperialismo e de setores da ’’elite nacional’’. Num momento em que se discute que o governo tem que implementar medidas impopulares contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade, a grande imprensa cumpre o papel de legitimar os ataques e, para isso, precisa atacar todos aqueles que se colocam contra estas medidas.

Para a Folha, em meio a crise política e econômica que o país está passando, o governo Temer conseguiu uma expressiva aprovação no Senado para passar a emenda à Constituição que limita o aumento dos gastos do governo a um teto definido pela inflação do ano anterior. Para esse mesmo jornal, as controvérsias levantadas pela PEC, parte delas se devem pelo ressentimento político de setores ligados ao governo de Dilma Rousseff.

O Estadão vai além, fala que a ’’violenta’’ manifestação só ocorreu porque partidos como PCdoB, PT e PSOL queriam dar o troco ao ’’povo brasileiro’’ pela ’’humilhante derrota eleitoral que sofreu em outubro’’. Pro Estadão, as manifestações não passam de um bando de baderneiros sem voto que não ’’pode recuperar o poder por via de meios democráticos do qual foram expurgados por sua soberba e incompetência – e pela volúpia com que assaltaram os cofres públicos’’.

A Folha e o Estadão seguem a linha geral da direita. Todo aquele que se manifesta contra a direita, contra o governo de Temer é chamado de defensor do PT. O objetivo da direita com esta linha é jogar a responsabilidade dos erros do PT em cima de toda a esquerda, pois assim impede de surgir um setor independente do petismo que seja capaz de por abaixo os seus privilégios.

Mas sabemos separar as coisas: O PT durante todo tempo em que esteve no governo federal, reproduziu os métodos da direita de governar ao se propor defender os interesses de grandes empresários e banqueiros. Isso é fundamental para entender porque que hoje este partido está em crise, que refletiu na sua votação eleitoral. Chega ser até hilário fazer uma ligação deste fato com uma manifestação que tem uma reivindicação extremamente legítima.

Depois ambos os jornais burgueses fazem um verdadeiro drama sobre a manifestação em Brasília. A Folha em seu editorial chega classificar as manifestações como um ’’espetáculo de violência fascistóide em Brasília, onde se depredou prédios públicos e profissionais da imprensa foram hostilizados. De acordo com o Estadão, a manifestação que ocorreu foi um cenário de horrores e só aconteceu porque o PT disse que a PEC 241/55 vai congelar os recursos públicos, principalmente para Educação e Saúde.

Para o editorial do Estadão, a violência ocorreu porque se acionou os ’’vândalos’’, para provocar os policiais, atear fogo a qualquer objeto inflamável a seu alcance, destruir veículos e depredar Ministérios. Na visão da grande mídia, um protesto pacífico, com faixas, palavras de ordem e discursos inflamados contra o governo não iriam garantir a desejada repercussão na mídia.

De acordo com o Estadão, tudo isso ocorreu porque a ’’tigrada incompetente e corrupta banida do governo e rejeitada nas urnas vai apelar com frequência crescente ao único recurso que lhe resta na tentativa de sobreviver politicamente: a manipulação de entidades que se pretendem representativas de setores da sociedade para radicalizar nas ruas as reivindicações populares’’. Depois termina dizendo que estas manifestações vão ter resposta nas ruas, ’’dos brasileiros que espontaneamente e em muito maior número, já demonstram o que são capazes de conquistar pacificamente’’.

A repressão que ocorreu em Brasília não aconteceu porque o PT queria ibope, mas sim porque para poder implementar os ataques contra os trabalhadores e demais setores da sociedade, o governo Temer precisa ser mão de ferro contra todos aqueles que se colocam contra a sua medida. Num momento de crise política e econômica que o Brasil está vivendo, é claro que vamos ter um aumento da repressão do Estado contra os lutadores.

Conforme denunciamos neste site, o governo do Temer já demonstrou inúmeras vezes que sequer está disposto a dialogar com os setores que se colocam contra suas medidas impopulares que estão em curso. Os métodos ’’radicalizados’’ que assustam a Folha de São Paulo e o Estadão, na verdade são a única saída pra muitos buscarem serem ouvidos por um governo que não possui nenhuma intenção de escutar.

Mas o que o editorial da Folha e do Estadão não contam, que existe a grande possibilidade desta manifestação ter tido a presença de policial inflitrado para incentivar o confronto. Não existe nenhuma investigação séria sobre este fato por parte destas imprensas, porque os donos dela defendem este tipo de método, método este que lembra o modo que a polícia atuava na época da ditadura militar.

Depois de forma cínica, a Folha de São Paulo afirma ’’Ninguém é obrigado a apoiar o atual governo, tampouco a aderir às propostas de ajuste da equipe econômica, mas esse tipo de reação, que vai se tornando frequente no país, é intolerável em sua agressiva violação das leis e seu descaso pelas instituições democráticas’’. Mas caso você protestar e não ser ouvido, logo você é um petista.

A serviço de quem está estes editoriais?

Logo a seguir, a Folha sai defendendo a PEC 241/55 dizendo que a despesa da área federal estará alinhada à inflação por 20 anos e que pode ser revista na metade desse período. E que essa linha rompe com o ’’padrão irresponsável que se tornou norma nas décadas recentes: O Estado gasta mais do que arrecada e corre atrás da defasagem com renovados aumentos de tributos e pressões inflacionárias que sufocam o contribuinte e atrapalham a atividade econômica’’.

Para a Folha, este modelo esgotou-se com a crise econômica que o país está passando. Com a implementação do teto, estimula-se que a distribuição dos recursos no orçamento seja feita por meio de um debate no qual prioridades terão que ser confrontadas e escolhidas.

Cabe a seguinte pergunta para Folha: Debate feito com quem? Com os estudantes que ocuparam as escolas, na qual a grande imprensa sequer deu espaço para que eles pudessem falar sobre a sua luta? Ou com os grandes empresários e banqueiros, na qual possuem todo dia espaço para poder defender as medidas impopulares contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade. A prioridade da Folha é defender o lucro de uma minoria, em detrimento da maioria.

Depois de defender a PEC, a Folha chega numa conclusão de que é necessário ’’racionalizar a previdência’’, para que o governo consiga buscar ’’o equilíbrio financeiro’’. Ou seja, para que se implemente o teto nos gastos públicos, é preciso ir muito mais além com os ataques contra a classe trabalhadora e demais setores populares da sociedade.

Lembrando que jamais vamos ver uma linha sequer no editoral da Folha e do Estadão defendendo a taxação das grandes fortunas, muito menos uma lei que proíba as demissões, um projeto de lei que faça que todo político e funcionário de alto escalão ganhe o mesmo salário que uma professora da rede pública. Não vamos ver porque são medidas que vão bater de frente dos interesses da Folha, Estadão e seus respectivos aliados.

Somente com a luta independente dos trabalhadores que iremos denunciar para a maioria da sociedade os ataques do governo, assim como qual é o papel da grande imprensa. Para combater o reacionarismo da Folha e do Estadão, a CUT e a CTB deveria usar todo o seu aparato pra mostrar para a população quais as reais intenções desta luta. Infelizmente, hoje estas centrais sindicais fizeram um acordo de trégua e não organizam nenhuma ação efetiva para barrar os ataques que estão em curso.

 
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