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CRISE POLÍTICA E LAVA JATO
Temer e Lava Jato: entre ameaças e blindagem
Guilherme de Almeida Soares
São Paulo

Diferentes movimentações estão ocorrendo. Por um lado a Lava Jato e o judiciário mostram seus dentes a Temer e o PMDB nos estados e com a delação da Odebrecht. Por outro lado, Moro o poupa de ataques de Cunha. E enquanto isso sempre paira como hipótese que o judiciário possa avançar contra Temer via cassação no TSE. Nesse jogo de ameaça e blindagem muito dos cálculos políticos da elite nacional se relevam.

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O presidente afirmou que vai aguardar as delações para decidir qual vai ser sua postura em relação as denúncias. As delações foram fechadas e deveriam ser assinadas entre quarta e quinta desta última semana, porém existe uma divergência sobre o rateio da multa de mais de R$ 6 bilhões que a empresa Odebrecht vai pagar ao Brasil, Estados Unidos, e Suiça. Isso fez com que os trabalhos fossem interrompidos.

Mil hipótses surgem das perguntas capciosas que Cunha tinha reservado a Temer, e Moro impediu que fossem feitas. Enquanto Moro o blinda ali, brande as delações da Lava Jato como ameaça sobre ele e boa parte de seus mais próximos aliados no PMDB.

A tudo isso se soma a crise aberta pelas denúncas do ex-ministro Calero. Elas atingiram em cheio o braço direito Geddel, atingem Temer mas também ao sempre importante Eliseu Padilha.

Michel Temer afirmou que não tem motivos para demitir o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou que foi pressionado pelo ministro Padilha no parecer do Iphan sobre o prédio em área tombada de Salvador, onde Geddel Vieira Lima tem um apartamento

Ao mesmo tempo que as delações da Odebrecht avançam, Sergio Moro indeferiu nesta segunda feira, 21 uma perguntas num total de 41 elaboradas pelo ex-deputado Eduardo Cunha. Destas 21 perguntas proibidas pelo juiz da Lava Jato, 13 foram consideradas ’’inapropriadas’’ pelo Juiz de Curitiba. Temer é testemunha de defesa de Cunha. Ele responderá aos questionamento também por escrito. Cunha tentou armar uma cama de gato com qual objetivo?

Conforme afirmamos neste texto, uma das preocupações de Moro é a citação a autoridades que detém o foro privilégiado. A citação a pessoas nessas condições em processo de primeira instância pode levar até á anulação do caso ou provocar o deslocamento dos autos, prejudicando a vitrine da Operação. Essa é desculpa formal de Moro, que não mostrou tamanha preocupação com os limites de jurisdição de sua vara penal ao gravar e divulgar ilegalmente conversas da ex-presidente Dilma Rousseff.

O interrogátorio de Cunha ocorre num momento onde Temer enfrenta vários reveses. Perdeu Marcelo Calero, Ministro da Cultura, e Geddel Vieira Lima, da Secretária de Governo sob as denúncias do primeiro. Calero afirmou ter registrado em áudio conversas telefônicas com integrantes do alto escalão do governo, como Eliseu Padilha (Ministro da Casa Civil) além de um diálogo com Temer. que também teria o pressionado em prol dos negócios do influente PMDBista da Bahia.

Para poder implementar os ataques contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade, a Operação Lava Jato ao mesmo tempo que traz perigo ao governo de Temer pressionando para que as medidas impopulares ocorram (ou senão....), a turma de Sergio Moro procura na atual conjuntura não desgastar ao máximo Michel Temer para que este consiga atender os desejos da elite nacional e do imperialismo: ajustes começando pela PEC 241/55 que vai a votação hoje mesmo.

Moro blindou o governo no interrogatório de Cunha, estancando momentaneamente o sangramento do governo, que precisa antes de tudo aprovar os ajustes.

A mídia tambem vem elevando o tom contra Temer, apresentando suas debilidades, como um presidente nada popular e que vem apresentando uma demora para aprovar os ataques. O caso Geddel aumentou a crise do governo enquanto as ameaças com a delação da Odebrecht e o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE agregam instabilidades e temores a Temer.

Hoje a Lava Jato "limpa a barra" de Michel Temer no caso Eduardo Cunha, amanhã a turma de Sergio Moro pode dar o golpe final no atual governo utilizando-se da delação premiada de Marcelo Odebrecht.

O fato é que setores dos grandes empresários e dos banqueiros estão exigindo que as medidas impopulares contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade sejam mais duras e implementadas imediatamente e estão vendo Temer não dar amostras de nenhum sinal de que vai superar sua dificuldade em fazer, o que estes setores da elite e do imperialismo exigem para ontem.

Assim como ocorreu na Itália, a turma de Sérgio Moro com a delação premiada da Odebrecht aponta que poderia desejar trocar os atuais políticos da ordem, caso os que estão ai não consigam implementar os ataques exigidos, trocando-os por outros que sejam capazes de atacar os trabalhadores e os demais setores populares da sociedade na intensidade e rapidez que desejam. Porém, tal como ocorreu na Itália, com a ascensão de um Berlusconi e impunidade de tantos "condenados" o que mais se vê com a operação é a arbitrariedade política combinada aos milionários "presos" voltarem rapidamente a suas mansões.

Não podemos confiar na Lava Jato. A sua forma de atuação mostra que ela não tem objetivo nenhum em combater a corrupção, mas é uma grande arma dos setores imperialistas para fazer com que os trabalhadores e demais setores populares da sociedade paguem pela atual crise econômica que o Brasil está vivendo. Por isso que um dia pode blindar Temer, mas o outro ameaçar o mesmo. O que está em jogo não são os fatos, nem as convicções mas os interesses econômicos e políticos a que ela serve.

Frente a este cenário, os trabalhadores em conjunto com os demais setores populares da sociedade precisam dar uma resposta independente à crise política e econômica que o país está vivendo. Para isso a CUT e CTB precisam romper com sua subordinação ao PT e a trégua dada a Temer e colocar em ação um plano de luta que seja capaz de organizar um verdadeiro combate aos ataques que estão para ser implementados em Brasília e estão ocorrendo, dia-a-dia nas fábricas.

Para nós, a saída para a crise política que o país está vivendo é uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana imposta pela mobilização, única maneira de não apoiar ou o judiciário arbitrário e repressivo ou o impeachment que PT e PSOL propõem, entregando legitimidade a esse Congresso de reacionários e corruptos para decidirem os rumos do país.

 
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