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DECLARAÇÃO DO MRT/RS
É hora de parar todo o Rio Grande do Sul para derrubar o pacote de Sartori
Redação Rio Grande do Sul

O estado que deu o primeiro passo na luta contra o aumento das passagens em 2013 e que com a greve dos rodoviários no início de 2014 foi exemplo nacional de combatividade operária, mais uma vez, está na linha de frente da mobilização. As mobilizações da juventude contra o golpe também tiveram seu ponto alto em Porto Alegre. Agora, mais uma vez, a juventude gaúcha está na linha de frente da mobilização nacional com as ocupações. É possível estender a mobilização aos trabalhadores, parar o estado, e dar um exemplo de luta para todo país.

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As universidades gaúchas estão em pé de guerra contra as medidas do governo Temer, a PEC 241/55, a reforma do ensino médio e contra a terceirização. Além das ocupações que se espalharam pelo estado e começam a chegar às universidades privadas, como a PUC e a Unisinos, os servidores estão em greve e os professores declararam greve da UFRGS e na UFSM. O dia 11 foi uma mostra de que essa luta pode se expandir e ir muito além das universidades.

Nesse contexto, Sartori está pagando pra ver com um anúncio de medidas, que entre outros pontos, prevê cerca de mil e duzentas demissões, fechamento de fundações e privatização de empresas estatais.

O terrorismo de Sartori para fazer o povo aceitar pagar a conta da crise

O governo Sartori tem níveis muito baixos de aprovação e já foi considerado a pessoa mais odiada do Rio Grande do Sul. O rechaço à casta política não é, porém, exclusivo de Sartori. Isso ficou evidente nas eleições municipais, quando o número de abstenções, votos brancos e nulos superaram em Porto Alegre a votação do vencedor Marchezan Jr.

Frente a essa situação, Sartori aposta na chantagem e no terrorismo para ganhar apoio ao seu pacote. O governador afirma que se o seu pacote não for aprovado, não terá recursos para pagar o décimo terceiro salário dos servidores e que também o salário de dezembro estaria ameaçado. No entanto, em meio a essa crise, o governador não deixou de aumentar seu próprio salário, dos secretários, funcionários de alto escalão e dos deputados estaduais. Ao mesmo tempo, inúmeras empresas no estado são conhecidas por sonegarem impostos milionários, como a própria RBS, Gerdau, Bradesco, etc., algumas das mesmas empresas que estão apoiando o pacote de medidas de Sartori. Quem paga a conta da crise?

A luta da juventude precisa ganhar as ruas

A juventude gaúcha mais uma vez está dando o exemplo ao ocupar e paralisar as aulas contra a PEC 241/55. A mobilização se expandiu e alcançou também os servidores das universidades e os docentes da UFGRS e da UFSM. Essa mobilização, no entanto, precisa se aprofundar.

A principal contradição desse momento é que apesar no apoio massivo que conquistou na universidade e do crescente apoio popular que vem crescendo desde o ato do dia 11 e que agora tende a se ampliar pelo rechaço que o pacote de Sartori deve provocar, as ocupações ainda estão estão voltadas para si mesmas.

Como nós temos defendido junto com a Faísca e um bloco político composto por estudantes da UFRGS, é urgente que o movimento estudantil tome as ruas e multiplique suas ações. Do contrário, será muito difícil enfrentar a tendência ao esvaziamento das ocupações e fazer a luta da juventude pesar no dia a dia da cidade.

É hora de convocar uma greve geral no estado para derrubar o pacote de Sartori

Está marcado na memória das professoras e professores do estado a verdadeira traição da direção do CPERS à greve de 2015. A derrota da greve de 2015 pavimentou o caminho para que os professores aceitassem o parcelamento de salário desde então sem a rebelião que essa medida justificaria. Naquele momento a atitude da direção do CPERS, controlada pelo PT, respondia a necessidade de manter o apoio do governo Sartori ao governo de Dilma Rousseff.

Passado mais de um ano desta greve histórica é o momento de retomar o caminho da mobilização e da greve, seguindo o exemplo da juventude. No que depender da direção dos sindicatos, no entanto, nenhuma grande luta será preparada. A direção do CPERS está convocando uma assembleia para declarar greve apenas para o dia 08/12, sem nenhuma preparação séria nas escolas. A Fessergs (associação dos servidores públicos do RS) votou medidas inócuas frente ao tamanho do ataque de Sartori - uma comissão de esclarecimento da população, uma comissão para percorrer os gabinetes dos deputados e um ato unificado para o dia 20/12.

O caminho para reverter essa situação é o da mobilização de base e exigir medidas efetivas e a altura da situação por parte das direções sindicais. É preparar sem mais demora uma greve geral de todos os servidores públicos do Rio Grande do Sul unificando a luta com as universidades. Os núcleos 38 e 39 do CPERS, de importância estratégica por serem os dois núcleos de Porto Alegre, são dirigidos por correntes de esquerda, que poderiam dar o exemplo organizando os professores a partir de cada escola para pressionar a direção central.

Construir uma nova alternativa política nas lutas e mobilizações para dar uma resposta pela esquerda à crise econômica e política

O PT gaúcho está no centro das articulações que buscam renovar o discurso petista e que poderiam levar até a ruptura com esse partido. Porém dentro ou fora do PT as correntes que integram o campo “Muda PT” defendem a mesma estratégia de conciliação de classes levada adiante pelos governos Lula e Dilma. Tarso Genro, uma das figuras mais ativas desse campo, tem defendido o exemplo da Frente Ampla uruguaia, que no Brasil passaria por uma aliança com setores de partidos burgueses e movimentos sociais. Apesar de tentar se diferenciar da direção majoritária do PT, sua política é a mesma: utilizar as mobilizações para desgastar o governo Temer e o governo Sartori, de olho nas eleições de 2018. Exemplo categórico dessa estratégia foram as falas de seus parlamentares, como Nelsinho Metalúrgico e Manuela D’Ávila, do PC do B, durante ato contra o pacotão de Temer onde defenderam o convencimento dos parlamentares do PMDB, PTB e PDT em contraposição ao aprofundamento da luta dos servidores e estudantes contra o pacotão, como se houvesse possibilidade de aliança com esses setores no enfrentamento ao ajuste.

O PSOL gaúcho, dirigido pelo MES, corrente da Luciana Genro, aprofunda a orientação política conservadora apresentada nas eleições municipais. Por um lado mantém sua capitulação política ao golpe, seu apoio entusiasta à lava-jato e a defesa da unidade com a polícia. Por outro lado também aposta em uma estratégia de desgaste e pressão parlamentar, se limita aos discursos e declarações, mas não coloca sua militância para fortalecer as ocupações e as greves e não convoca os atos a partir dos seus mandatos.

Precisamos de uma resposta de fundo aos problemas que atingem a classe trabalhadora e a juventude no Rio Grande do Sul e no país. Além de impulsionar a luta pela base e exigir das direções sindicais a organização de uma greve geral no estado, é preciso apresentar uma saída para a crise financeira do estado, que passa por exigir o não pagamento da dívida pública aos bancos. Caminhamos para uma situação financeira semelhante a que a Grécia viveu recentemente. A opção feita pelo Syriza, partido no qual o PSOL se espelha, foi de aceitar integralmente o pacote de austeridade imposto pela Alemanha e pela Troika, com privatizações, ajustes e medidas que vão contra os interesses da maioria da população. A alternativa de, a partir das mobilizações de rua e paralisações gerais dos trabalhadores, se enfrentar com a burguesia europeia até o final e deixar de pagar a dívida pública com o controle dos principais meios de produção por parte da classe trabalhadora foi deixada de lado pelo Syriza grego. Aprendendo com esse exemplo que levou à austeridade ao povo grego, devemos nos apoiar nas lutas em curso para se enfrentar com o poder econômico.

Enquanto Sartori avança com seu pacote de ataques, a patronal segue descarregando a crise sobre a classe trabalhadora. Em Caxias do Sul, um dos principais polos metal-mecânicos do país, as demissões continuam, junto com o ataque aos salários. Ao contrário do que faz a direção do Sindicato dos Metalúrgicos da CTB que é lutar pelo pagamento das rescisões, é necessário organizar a luta para manter os postos de trabalho e unificar empregados com os desempregados para combater a devastação econômica da cidade que já perdeu mais de um quinto dos postos de trabalho. Em Porto Alegre é fundamental unificar a luta com os rodoviários, contra o aumento das passagens que as empresas preparam, contra a chantagem que os empresários fazem contra os rodoviários e contra privatização da Carris anunciada por Marchezan, lutamos pelo estatização dos transporte numa Carris 100% pública, controlada pelos trabalhadores e pela juventude.

A resposta que precisamos dar não pode se restringir à crise econômica. É preciso uma resposta de fundo para a crise política nacional. Como defendemos nadeclaração no MRT/RJ, “não basta a luta contra os ataques se não apresentamos uma saída para a crise política. Não podemos confiar na Lava Jato e no judiciário. Lutemos por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana que coloque abaixo esse regime político podre, onde se possa debater profundamente o conjunto dos problemas que aflige o povo carioca, acabando com os privilégios dos políticos e do judiciário, reestatizando as empresas privatizadas (...), garantindo o controle operário do petróleo para acabar com a farra da corrupção e garantir saúde, educação, transporte, moradia, ou seja, dando uma resposta dos trabalhadores para que sejam os capitalistas e seus governantes que paguem pela crise.”

 
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