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BANCO DO BRASIL
Banco do Brasil se dirige aos acionistas para garantir mais lucros em cima do corte de funcionários e agências
Thais Oyola - bancária e delegada sindical da Caixa

Em anúncio direcionado aos acionistas, o banco justifica a reestruturação com a finalidade de adequar a rede de atendimento ao “novo perfil e comportamento dos clientes”. Com isso vai fechar 14% de suas agências e pretende cortar pelo menos 8% do corpo funcional com um novo Plano de Incentivo à Aposentadoria. Para saber mais entrevistamos também a representante eleita pelos funcionários no Conselho Administrativo do BB (CAREF), Juliana Donato.

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A escolha do BB em anunciar a reestruturação por meio de comunicado direto ao mercado, aos acionistas por meio da publicação de Fato Relevante antes mesmo de discutir ou sequer comunicar aos funcionários, mostra a quem interessa essa reestruturação, e não é aos trabalhadores. O BB, que junto com a Caixa Econômica, acomodaram sem resistências calotes bilionários de empresas como a Oi e a Sete Brasil em seus balanços contábeis, diz que para alavancar os lucros é necessário cortar na carne dos funcionários e diminuir a rede de atendimento, mas seguir financiando grandes empresas como essas.

O BB pretende fechar as portas de cerca de 14% do total de agências. Quanto aos funcionários, a meta inicial é o corte de cerca de 9 mil postos de trabalho por meio do lançamento de um PEAI (Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada) mirando um total de 18 mil que o Banco alega ser a quantidade de funcionários hoje em condições para se aposentar. Nas estatais, os cortes e enxugamentos que já vinham sendo implementados no governo Dilma, tem ganhado ainda mais velocidade no governo golpista de Temer.

Ao mesmo tempo, o banco anuncia a intenção de abrir no próximo ano mais de 250 agências digitais, por onde serão atendidos os clientes que quase não vão ao banco. Embora seja crescente a adesão aos meios digitais, existe ainda uma parte significativa da população que depende do atendimento presencial para realizar suas transações bancárias. Com essa medida, o banco fecha ainda mais portas à população mais pobre.

Frente à isso, já tivemos notícias de funcionários que pretendem se negar a fechar negócios e vendas como forma de demonstrar sua insatisfação e a sua força perante o banco. É fundamental que os trabalhadores se organizem, passando por cima do imobilismo e conivência com os planos de austeridade de Temer por parte da CUT e CTB (que dirigem os principais sindicatos do país), e assim dar uma resposta dos trabalhadores à altura dos ataques que o banco vem implementando.

Para saber mais sobre os impactos dessa reestruturação, entrevistamos Juliana Donato, representante eleita pelos trabalhadores no CAREF (Conselho Administrativo do BB):

ED: Depois de muitos boatos e rumores sobre a reestruturação, o BB fez um anúncio oficial, voltado exclusivamente aos acionistas, sobre as medidas para alavancar os lucros em cima de cortes de agências e postos de trabalho. Como essa notícia tem repercutido entre os trabalhadores?

Juliana: O principal sentimento das pessoas que a gente pode notar é que estão muito indignadas porque todo mundo ficou sabendo da mesma forma que a população em geral, ou seja, só ficaram sabendo pela imprensa. Então isso mostra o desrespeito do Banco. Não é nem que ele não conversou com os representantes dos trabalhadores só, ele não divulgou a notícia a não ser por meio de Fato Relevante (informe direto aos acionistas) pro mercado e todo mundo ficou sabendo disso em pleno domingo. Então o primeiro sentimento é de indignação. Em segundo lugar, uma preocupação muito grande porque isso vai mexer com muita gente, nas reestruturações eles tratam as pessoas como se fossem números: fecha uma vaga aqui mas e as pessoas, pra onde vão? Então há uma preocupação muito grande, as pessoas não sabem onde elas vão trabalhar, qual vai ser o seu cargo, qual vai ser o seu salário, isso muda muito a vida das pessoas.

ED: Já é possível identificar quais serão as áreas mais impactadas com essas mudanças? Tanto para os bancários como para os clientes e usuários do BB?

Juliana: São principalmente as agências, e isso impacta tanto os funcionários das agências como a população. O argumento do banco pra fechar as agências é que hoje a maioria das transações são feitas pela internet ou celular, então as agências estariam, em tese, “sobrando” e por isso não teria problema em fechar, ou seja, seria uma adequação à nova era digital. O problema é que isso leva em conta o número de transações e não o número de pessoas. A gente sabe que a população mais pobre ainda depende muito das agências, do atendimento presencial, essas pessoas não tem acesso à internet. Esse fechamento das agências aprofunda o movimento que o banco já vinha fazendo de expulsar a população mais pobre das agências. Então o foco do banco são aqueles clientes que tem a renda mais alta, as empresas e não a população mais pobre. E também os funcionários dessas agências previstas para fechar vão ser afetados, não sabemos pra onde vão esses funcionários. E ainda em relação aos funcionários do banco outras áreas que também serão afetadas são as superintendências e as gerências de controles internos, em que várias serão fechadas em todo o país.

ED: Como isso se relaciona com o papel que o governo Temer e aliados pretende dar aos bancos públicos na economia do país?

Juliana: Tem tudo a ver. O centro dessa reestruturação é o enxugamento pra buscar maior “eficiência operacional”. O que isso quer dizer? Quer dizer fazer mais com menos, pra ter mais lucro. O banco faz isso porque ele quer aproximar sua lucratividade, sua eficiência dos bancos privados. Esse é o papel que o governo quer dar aos bancos públicos na economia, exatamente o mesmo que os bancos privados. E que papel é esse? É um banco que tem como centro a concessão de crédito para grandes empresas e que não prioriza o atendimento das necessidades da população mais pobre. Outra relação que isso tem é o seguinte: nós estamos vendo vários projetos sendo aprovados pelo governo, como por exemplo a PEC 241 (agora PEC 55) de corte de gastos, o sentido dessa medida assim como a reestruturação no BB é jogar nas costas dos trabalhadores a conta da crise econômica. Essa reestruturação tem o mesmo sentido e com certeza em várias outras empresas estatais vão surgir medidas como essa e a gente precisa organizar a luta dos trabalhadores contra essas medidas.

 
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