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ASSÉDIO MORAL
Metrô de SP assedia trabalhadores doentes
Filipe da Souza
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Desde 2012 o Metrô de São Paulo vem aplicando uma avaliação de competências aos funcionários. Na época foi uma avaliação bastante contestada e vista pela maioria como mais uma arma que a empresa estava sacando contra nós, metroviários. Mas nesse ano o Metrô decidiu ir além modificando os parâmetros (subjetivos) da avaliação e incluindo no quesito de disponibilidade à empresa, as faltas por licenças e afastamentos médicos, incluindo faltas justificadas. Apesar da companhia sinalizar que retrocedeu na questão da meta de assiduidade para o cálculo da PR.

Esse ano passou a utilizar esse “fator subjetivo” endurecendo os critérios de avaliação resultando no rebaixamento geral das notas dos trabalhadores. A diferença de 2 a 3 pontos comparada com a média dos anos anteriores atesta a diferença radical de parâmetros. Esse fato prejudica a progressão salarial e de cargos, pois tanto para os concursos internos quanto para o “direito” à progressão salarial do cargo, o trabalhador precisa atingir uma nota mínima. Além disso criou outra forma de “sujar a ficha” de seus desafetos, entre esses temos os ativistas, os doentes crônicos e os incapacitados de várias funções por problemas de saúde.

Essa avaliação imposta é claramente subjetiva, pois não existem parâmetros claros e explicáveis a nota que se dá a determinada atuação de cada funcionário. Mesmo porque é duvidoso acreditar que os supervisores do Metrô “supervisionem” a atuação de todos, ainda mais em vários quesitos. Sendo assim, a empresa manipula os resultados das avaliações dos funcionários. Então você “preenche as expectativas” e pode ter uma nota entre 7 e 9, essa diferença resolvem seus chefes fechados numa sala.

O parâmetro fundamental da mudança desse ano é a inclusão das licenças médicas, afastamentos médicos no quesito “Disponibilidade à empresa”. A partir desse ano todo funcionário que tiver acima de 18 dias de licença ou afastamento médico, no período de 1 ano, tem 1.0 de pontuação nesse quesito invariavelmente. Como esse quesito tem um peso relevante, isto acaba por derrubar a média final. Absurdamente, funcionários que se afastaram do trabalho por acidente de trabalho, tiveram suas notas nesse rebaixadas da mesma forma.

O que quer o Metrô com isso?

A administração do Metrô e do governo de Geraldo Alckmin, vem buscando promover com o processo privatizador, a transição de uma empresa pública para uma empresa privada. Eles têm como objetivo nivelar os direitos e salários dos trabalhadores aos mesmos níveis salariais das empresas privadas (claro que antes disso privatizarão e nos jogarão em condições ainda piores). A comparação com o setor privado é fundamental, pois assim a empresa usa da diferença salarial e de direitos e conquistas para justificar esses ataques. Por isso utilizam esses métodos de avaliação a serviço de pressionar os funcionários a se “doar” cada vez mais a empresa. Ou os “feedbacks” foram para quê?

Funcionário e supervisor na sala, e ele dizendo que você tem que melhorar e que qualquer deslize no trabalho é tratado como fundamental para rebaixar a nota, e tudo que você pensava que te dava muito trabalho para fazer todo o dia, vira lixo na boca do chefe.

Com as sanções administrativas aos funcionários que utilizam licenças médicas, cria-se um clima de perseguição aos funcionários que precisam delas por motivo de saúde. Uma verdadeira retaliação a esses companheiros. Conseguem transformar um direito adquirido com muita luta pelos trabalhadores no passado em punição, alimentando uma verdadeira “capivara” para futuramente basear demissões, ou pelo menos comprometer administrativamente parte dos trabalhadores.

O que deve ser avaliado? QUEM deve ser avaliado?

Primeiro temos que lembrar quem move de fato o Metrô de São Paulo. São mais de 9 mil trabalhadores de diversas áreas que no dia a dia está operando equipamentos, fazendo reparos e manutenção, limpeza e asseio das estações (parabéns às terceirizadas da limpeza do metrô por manter um dos metrôs mais limpos do mundo com um salário e condições de trabalho miseráveis) e garantem o controle e segurança do fluxo de usuários no sistema.

E trabalhamos hoje com quadro de funcionários cada vez mais rebaixados, estações estruturalmente insuficientes para o fluxo de usuários, trens superlotados, falhas ininterruptas durante o funcionamento do Metrô, falta de peças para manutenção, falta de trens (ou o pior que são trens comprados e pagos que não servem nos trilhos!). A terceirização no Metrô é claramente degradante do ponto de vista da precarização das condições de trabalho e ainda amargam com salários e direitos atrasados. Além de situações perigosas que os funcionários estão submetidos operando um sistema de transporte superlotado e precário.

Os responsáveis por essa situação, o alto escalão do Metropolitano de São Paulo, uma sopa de tucanos e maçons privatizadores, são responsáveis por essa situação e ainda buscam legitimar uma avaliação contra os trabalhadores. Mas vejam só, esses não é preciso avaliar, pois seus papéis são claros contra os trabalhadores e o povo pobre. São esses “senhores” que nos avaliam sem legitimidade nenhuma para tal. Manipulam nossas notas de acordo com seus planos e interesses enquanto fazemos o Metrô funcionar.

Fazendo um paralelo, a pesquisa Datafolha do dia 16 de agosto de 2016, a administração Geraldo Alckmin foi aprovada por 31% dos entrevistados. Não seria passível de substituição? Mas esses “argumentos” não servem à burguesia, apesar de Alckmin ter sido eleito. Eles só compreendem a mão de ferro da classe trabalhadora. A atuação organizada dos trabalhadores é a única que pode fazer tremer os capitalistas.

Na assembleia dessa semana, no dia 17, os metroviários discutiram a ampliação das denúncias contra as avaliações, do sindicato até a CIPA, buscando encaminhá-la junto à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). O sindicato por essa via busca o cancelamento da avaliação por via da justiça. Na CIPA da linha 1 – Azul conseguimos, a partir da bancada de trabalhadores eleitos da CIPA, que fosse aprovada decisão pela revisão do critério das faltas no quesito assiduidade. Estas posições devem servir de apoio para nos locais de trabalho fomentarmos um forte movimento de base, que é a única forma capaz de os trabalhadores terem força para resistir e contra-atacar.

Somos parte de uma classe trabalhadora muito mais numerosa, superexplorada, miserável, cujas condições de vida são um joguete na mão dos magnatas inclusive dos transportes. Somos jogados dia a dia contra essa massa pela política privatizadora da empresa para não vermos a realidade: de que somos parte dessa imensa classe. Somos parte dessa classe cujo único interesse nos transportes é que ele seja bom, barato e de qualidade. São seus interesses que devem reger o funcionamento de qualquer empresa de serviços pública e nós metroviários devemos tomar essas demandas para nós. Organizados podemos não só boicotar esse tipo de avaliação, mas se formos as últimas consequências podemos de dentro pra fora combater a corrupção e a privatização, pois todo o trabalho passa por nossas mãos.

 
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