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CAXIAS DO SUL
Reintegração de posse removerá dezenas de famílias em terreno ocupado em Caxias do Sul
Leonardo Cechin

A disputa que existe há anos na justiça, entre empresários e trabalhadores pobres da cidade, com uma Secretaria de Habitação omissa se dizendo "no meio", terá resultados materiais na próxima segunda-feira (21/11) quando ocorrerá a reintegração de posse do Vila Amélia II.

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Dezenas de famílias que ocupam terrenos abandonados pela especulação imobiliária desde a década de 90 estão em risco por uma ordem judicial aprovada na última semana. A prefeitura da cidade governada por PDT e PMDB há mais de década sempre tratou com repressão os trabalhadores sem teto da cidade; quando o atual governador do estado, Sartori, era prefeito de Caxias, se gabava por ter solucionado o "problema" que eram os moradores de rua, quando na verdade a política pública de sua gestão era comprar uma passagem de ônibus para qualquer cidade próxima e literalmente expurgar todos que não tivessem uma casa.

Seu continuador, Alceu Barbosa Velho, não foi diferente. Em 2013 expulsou também dezenas de famílias numa região que após isso permaneceu abandonada, até que se ocupasse novamente. No último processo, que desembocou nessa reintegração da próxima segunda, a Secretaria de Habitação, que esteve a todo o momento com o empresariado que detém os papéis das terras, assinou um acordo com o Ministério Público para conceder alguns poucos documentos de regularização fundiária nas regiões de Monte Carmelo, Vitória e Canyon, para tentar tirar a imagem negativa do grande operativo que irá acontecer. Esses documentos, segundo consta no acordo, podem ser custeados através de serviços doados ou indenização aos ditos proprietários, o que acontecerá só a partir de dezembro de 2017. Ou seja, nada vem de graça para os setores populares.

O Jornal Pioneiro (Grupo RBS) fez inúmeras matérias justificando de diferentes formas a ação repressiva que irá acontecer. Ao mesmo tempo em que saúda os grandes empresários da cidade pelos 20 anos do Shopping Iguatemi. O que faz uma ligação interessante, pois ambos os processos ocorreram nos anos 90, com apenas algumas e vitais diferenças; a ocupação do loteamento Vila Amélia II possui 800 metros quadrados, enquanto a mega construção comercial se espalha por mais de 30 mil metros quadrados; as ocupações populares acontecem devido à contradição de um modelo de cidade voltado ao negócio que empurra os trabalhadores para as margens, sem política habitacional nenhuma por parte do governo, enquanto a construção de um mega projeto comercial "atrai investidores, movimenta a economia" e todo aquele discurso que já conhecemos.

São centenas de milhares de quilômetros quadrados vazios ou voltados aos negócios dos ricos, enquanto os trabalhadores pobres são jogados cada vez mais para longe de seus trabalhos e escolas. As grandes empresas como a RGE, uma das que reivindica o terreno, lucram com a miséria e sofrimento dos que não têm onde viver, com o aval e auxílio de uma prefeitura que está (e sempre estará) aí para que isso aconteça. É preciso cercar de solidariedade as ocupações de moradia e lutarmos pela regularização sem indenização de todos os terrenos necessários para resolver a crise de habitação da cidade.

 
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