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DEBATES
Apontamentos sobre os “populismos” e o fascismo
Federico Grom
Barcelona

O inesperado triunfo de Trump nas eleições norte americanas, reabre grandes debates, entre eles o dos “fenômenos populistas”, em especial no Estado Espanhol.

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Muitos tem utilizado o termo “populismo” para definir os novos fenômenos políticos, tanto de esquerda como de direita, que a crise capitalista tem gerado especialmente nos países centrais. Sendo estes de sinais tão opostos como Podemos, tal como se autodenomina o próprio Iglesias como “populismo de esquerda”, o Brexit, ou o recentemente presidente dos Estados Unidos, Trump, ao que denominam “populismo de direita”.

Iglesias já deixou claro as diferenças entre um e outro, respondendo ao lugar comum dos argumentos de que os extremos se tocam “Nem repetindo é menos ridículo este argumento” “Trump não está perto de Sanders, está perto das políticas migratórias de Bush e da União Européia. Trump, multimilionário, está perto dos mundos construídos pelos presidentes que o precederam, incluindo Obama, que deixaram desamparadas as classes populares americanas”.

Apesar de ser um conceito difícil de definir pelo amplo de seu espectro, todos os chamados “populismos” tem uma série de elementos comuns.

Se os populistas com quem Lenin debatia na aurora do marxismo russo, se centravam em seu ideário no campesinato e no mundo rural, os atuais populistas tem como eixo os habitantes das cidades (cidadania). Em ambos os casos uma amalgama de setores de trabalhadores e pequenos proprietários, juntos e alguns não tão pequenos.

Tanto ontem como hoje, a discussão com os populistas versa sobre qual papel é atribuído à classe operária na transformação da sociedade. De conjunto os populistas se apresentam como porta vozes do “povo”, distinguindo este de uma “elite” política.

Este tipo de relato ignora que o fundamental na sociedade capitalista é que o poder da classe dominante, e sua posição hierárquica na sociedade, se baseiam na propriedade dos meios de produção e a acumulação de capital. A “classe” ou elite política e o Estado capitalista são somente, neste sentido, os instrumentos que servem aos interesses comuns desta classe dominante.

O fato de que a retórica populista seja alheia a crise de classe da sociedade e a uma estratégia para a luta de classes – mas além de discursos demagógicos sobre classe trabalhadora – permite que muitas de suas críticas ao sistema político e suas propostas, possam ser definidas por movimentos de esquerda e a extrema direita.

Sob estes parâmetros discursivos, os populistas, tanto em suas variantes de direita, como de esquerda, não projetam uma separação do sistema capitalista.

Outra característica do populismo é a importância de seus líderes, sempre unipessoal, inclusive muito do que suas próprias organizações.

Em condições de relativa estabilidade política e econômica mundial, os governos de tipo populista são associados aos países semicoloniais. Em parte por sua forte dependência do capital estrangeiro, sua burguesia nacional é relativamente débil frente a seu proletariado nacional. Este equilíbrio, levou muitos movimentos nacionalistas burgueses a assumirem um discurso e uma política populista. Esta é a forma de negociar em melhores condições com os capitais imperialistas e seus representantes, a participação dos negócios da classe dominante nacional.

Sem dúvida, a crise econômica e política sem precedentes nos últimos anos, fez em pedaços a fortaleza política de que gozavam os países centrais no período anterior e abriu, o que Pablo Iglesias chamava “um momento populista”, tanto nos EUA, como na Europa. Das que além de Trump, aponta Marine Le Pen e sua própria organização no Estado Espanhol.

Sem dúvidas o populismo de direita e o fascismo tem vários pontos de conexão em especial em seus aspectos discursivos. Sem dúvida Trump, não é ainda fascismo mesmo que Pablo Iglesias sustente que é. Parafraseando-o, o “momento fascista” chega como a última opção da burguesia para frear seu proletariado em ascenso, exterminado-o fisicamente se necessário. Ainda não chegou esse momento, ainda que personagens como Trump abonam essas saídas reacionárias, dividindo a classe trabalhadora em linhas raciais e nacionais.

Como dizia Trotsky “O fascismo, como sabemos, nasce da união do desespero das classes médias e da política terrorista do grande capital”, terrorismo empregado contra a classe trabalhadora e suas organizações. E sem dúvida estes utilizaram e utilizarão retórica populista de direita.

A única forma de evitar que esse populismo de direita transmute em fascismo pela necessidade da burguesia de manter seus privilégios de classe a todo custo, quando seus escravos modernos ameaçam deixar de sê-lo, não é um populismo de sinal invertido. Mantendo-se dentro dos limites do capitalismo jamais se poderá assegurar a derrota do fascismo.

Só a organização da classe trabalhadora tomando as reivindicações do povo pobre e oprimido e lutando por uma perspectiva anticapitalista e socialista pode combater com a possibilidade de vencer as perspectivas reacionárias que a burguesia em sua decadência nos depara.

 
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