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MILITARIZAÇÃO DA FUNAI
Indígenas protestam contra coronel nomeado para a FUNAI em MS

O coronel reformado Renato Vidal Sant’Anna foi nomeado para coordenar a regional da Funai em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A reação dos povos indígenas foi imediata, organizando protestos pela imediata exoneração de Sant’Anna.

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Fotos: CIMI

A nomeação de Renato Vida Sant’Anna foi feita na quinta-feira, 10, no Diário Oficial da União. O coordenador exonerado, Evair Borges, afirmou que sequer havia sido avisado de sua demissão do cargo.

Além de coronel, o novo coordenador regional da FUNAI é, ele mesmo, latifundiário. A declaração à imprensa sobre sua nomeação foi feita com imenso cinismo pelo deputado da bancada ruralista Carlos Marun, que recentemente defendeu fazendeiros presos pelo assassinato de um indígena em Dourados. Marun afirmou que a indicação se deu pela "vasta história de trabalho nessa área” do coronel e também “por uma questão histórica de amizade entre militares e os índios”.

A reação indígena foi imediata, com a ocupação do escritório da FUNAI pelos índios Terena. Lindomar Terena, da Terra Indígena Cachoeirinha, relembrou que não é a primeira ofensiva do governo Temer para a militarização da Funai, e que essa começou logo após sua posse com a articulação de Ronaldo Caiado - um histórico defensor das mineradoras e dos latifundiários contra os direitos dos indígenas - para indicar o general Roberto Sebastião Peternelli para presidir a FUNAI, que não se consolidou devido à resistência dos povos indígenas.

Lindomar declarou, em reportagem do CIMI: "Não vamos aceitar essa mudança. É um retrocesso muito grande: um coronel indicado pelos ruralistas? Querem acabar com a gente mesmo, mas vamos resistir e não vamos aceitar isso".

Na tarde de sexta-feira, 11, lideranças dos povos Avá Canoeiro, Krahô, Xerente e Apinayé, do Tocantins, Aikana, Cassupá, Puruburá, Migueleno, Kujubin, Wayoro, Sakyrabiat, Karitiana, Mamaidê-Nambikuara, Uru Eo, Guarasugne, Cabixi e Kwaza, de Rondônia, e Guarani Kaiowa, Guarani Nhandeva, Terena e Kinikinau, do Mato Grosso do Sul, entregaram uma carta ao Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, repudiando a militarização da FUNAI, exigindo a de Sant’Anna e o retorno do coordenador anterior.

A carta, entregue durante ato em frente ao Ministério da Justiça, em Brasília, declara que a nomeação do coronel “é uma afronta à memória genocida de nossos povos”. Ainda diz que “Se não bastasse essa realidade de militarização genocida, o nomeado é flagrantemente um RURALISTA, comemorado pelas entidades de Classe no Mato Grosso do Sul, e isto é INADMISSÍVEL E INTOLERÁVEL. Trata-se de uma grave violência ética contra o sangue derramado de nossos povos em conflitos Brasil afora”.

Uma cópia da carta foi também entregue a Davide Zaru, oficial de assuntos políticos do Escritório dos Assessores Especiais da ONU sobre a Prevenção do Genocídio e a Responsabilidade de Proteger. Veja foto abaixo:

Veja vídeo feito pelo CIMI durante a manifestação de entrega da carta no Ministério:

Leia a carta entregue na íntegra abaixo:

MANIFESTO DE REPÚDIO DO POVOS INDÍGENAS DIANTE DA MILITARIZAÇÃO DA FUNAI ATRAVÉS DA NOMEAÇÃO DO CORONEL RENATO VIDAL SANT’ANNA PARA A CTL DE CAMPO GRANDE EM MATO GROSSO DO SUL.

Ao Sr. Alexandre de Morais.
Ministro de Estado da Justiça e Cidadania

Caro Senhor Ministro da Justiça;

Nós lideranças dos povos indígenas presentes em RO, TO e MS: Guarani Kaiowa, Guarani Nhandeva, Terena, Kinikinau, Avá Canoeiro, Krahô, Xerente, Apinayé, Aikana, Cassupá, Puruburá, Migueleno, Kujubin, Wayoro, Sakyrabiat, Ka
ritiana, Mamaidê-Nambikuara, Uru Eo, Guarasugne, Cabixi e Kwaza queremos afirmar categoricamente que NÃO ACEITAREMOS A MILITARIZAÇÃO DA FUNAI.

A nomeação do Coronel do Exército Sr. Renato Vidal Sant’ana para a CTL de Campo Grande em Mato Grosso do Sul, é uma afronta a memória genocida de nossos povos. Os militares, em especial no período da ditadura civil-militar, estão ligados diretamente à uma série de casos terríveis de repressão, de deslocamentos
forçados de nossas comunidades, de indígenas torturados, assassinados e esbulho
territorial. Os coronéis na Funai promoveram ingerências em nossos modos de vida, que até hoje colhemos os impactos negativos desta atuação.

Se não bastasse essa realidade de militarização genocida, o nomeado é flagrantemente um RURALISTA, comemorado pelas entidades de Classe no Mato Grosso do Sul, e isto é INADMISSÍVEL E INTOLERÁVEL. Trata-se de uma grave violência ética contra o sangue derramado de nossos povos em conflitos Brasil afora.

Não aceitaremos que o órgão indigenista oficial seja aparelhado por NENHUM OUTRO GESTOR RURALISTA, MILITAR, REACIONÁRIO OU FUNDAMENTALISTA
que represente qualquer segmento historicamente ligado a quaisquer mecanismos
de repressão.

A nomeação sem qualquer tipo de Consulta, não só viola o respeito a nossa autodeterminação, mas fundamentalmente o reconhecimento constitucional de
nossos modos de vida e principalmente o Direito de consulta
ao Povos indígenas em temas que lhes afetam.

Chega de TUTELA, Chega de AUTORITARISMO. Exigimos a IMEDIATA revogação da Nomeação e RECONDUÇAO DO ATUAL COORDENADOR REGIONAL DA CTL EM CAMPO GRANDE.

Conclamamos patrícios e parentes de todo o Brasil em resistir de forma unitária e permanente a estas imposições e desrespeito do Governo Temer.

 
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