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MACHISMO INSTITUCIONAL
Com pena branda, USP permite formatura de estudante estuprador
Raíssa Campachi
Coordenadora do Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH)

Daniel Tarciso da Silva Cardoso, estudante de Medicina da USP e acusado de ao menos dois casos de estupro, está sendo investigado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e terá como pena apenas a indeferência do registro profissional, o CRM, "até acesso integral aos autos de sindicância e processo da faculdade."

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Daniel Tarciso da Silva Cardoso, estudante de medicina da Universidade de São Paulo (USP), de 34 anos é acusado de estuprar aluna do curso de Enfermagem em uma festa da Universidade em 2012; o estudante também é acusado pelo estupro de pelo menos mais uma estudante em evento da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP).

Para além do fato de o estupro ter ocorrido quatro anos atrás, o estudante estuprador, que está sendo investigado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), terá como pena apenas a indeferência do registro profissional, o CRM, "até acesso integral aos autos de sindicância e processo da faculdade." A Superintendência Jurídica do órgão pediu à faculdade a cópia dos procedimentos administrativos a que o aluno foi submetido.

Segundo o Conselho, na decisão de indeferência na última quarta feira, dia 9, "o Cremesp não pode furtar-se à sua missão e responsabilidade legal de proteger a Medicina e a sociedade, como bens maiores e absolutamente indissociáveis"; porém, mesmo sem a obtenção do CRM, o assediador Daniel Cardoso poderá se formar e comemorar sua formatura com todos os outros alunos e alunas.

Na quarta-feira, alunas da universidade protestaram contra a formatura do aluno e os casos de violência sexual contra mulheres. A Faculdade de Medicina da USP informou que "o caso do estudante está em análise jurídica pela universidade para verificar se existe a obrigatoriedade de conceder a colação de grau ao aluno após ter cumprido a suspensão imposta" e ressaltou que o caso continua na Justiça. O advogado de Cardoso não foi localizado.

As REItorias de todas as Universidades são coniventes com os casos de estupros, assédios e machismo que acontecem de ano a ano, seja nos períodos de calourada, os primeiros meses de aula dos ingressantes na Universidades, seja em todo um ano letivo, em toda a graduação. Poucos são os casos de estupros e assédios que se tornam públicos, poucas são as respostas das Universidades.

Esse não é um caso isolado, mas um dos únicos publicizados nos últimos tempos, em que a Universidade, nesse caso, a USP, se viu obrigada a dar uma resposta, resposta esta que durou 4 anos para que se chegasse a uma decisão. Abriram uma sindicância contra o aluno e dalí discorreram quatro anos de impunidade de Daniel. Abriram a discussão sobre o machismo na Universidade? Não. Falaram sobre abusos de poder e assédios? Não. Investiram em iluminação nos lugares mais afastados, escuros, etc.?
Não. A polícia militar no campus em algum momento contribui de fato para a verdadeira segurança dos alunos? Não e nem pode, pois ela está a serviço da REItoria, que está a serviço do governo.

Qual então a resposta da Universidade diante de mais um caso de estupro? Pra além da sindicância que correu livre, impôs uma suspensão imediata ao aluno, que seguiu sua vida normalmente. Tal não é uma resposta; menos ainda consequente, mantendo o machismo e a violência sexual contra a mulher na Universidade. Uma punição branda e por fora da comunidade universitária; principalmente, por fora dos estudantes; por fora dos que sofrem essa violência dia a dia.

É necessario que os estudantes utilizem as suas entidades, principalmente o DCE (Diretório Central dos Estudantes), como resistência e combate ao machismo e todas as opressões na Universidade através de secretarias auto-organizadas que debatam e tenham planos consequentes de ação e discussão de combate às opressões.

 
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