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A "Gestão Democrática da Educação de Alckmin": Entre Cassetetes e Questionários!
Marcella Campos
Diego Damaceno
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Alckmin e a Secretaria de Educação parecem realmente duvidar da inteligência de professores e estudantes. Seu discurso mais forte nesse momento é a “Gestão Democrática da Educação”. A democracia de Alckmin é assim: Numa mão o cassetete e as bombas da policia militar que reprime as manifestações e ocupações de escolas dos estudantes que lutam contra a Reforma do Ensino Médio e a PEC55/241 como denunciamos aqui e aqui, na outra mão questionários on-line no qual estudantes, professores e pais têm menos de 30 caracteres (menos de uma linha) para opinarem sobre “O que é a Gestão Democrática da Educação” e sobre sua escola. OU SEJA: É evidente que esse tipo de política da Secretaria da Educação serve apenas para o governo dizer que houve “democracia”, “diálogo” e “consulta” à comunidade escolar – após ter conseguido passar goela abaixo a Reforma do Ensino Médio.

Toda essa conversa de “Gestão Democrática” faz parte de uma estratégia mais ampla da Secretaria que buscou tirar suas lições após ser derrotada pelas ocupações dos secundaristas no ano passado: 1. Reforçou a segurança em diversas Diretorias de Ensino reforçando as portas com ferro e até contratando porteiros permanentes 2. Trocou a direção de centenas de escolas por todo Estado colocando cargos de confiança e diretores que sejam mais hábeis politicamente para enfrentar conflitos principalmente nas escolas chaves de mobilização 3. E por fim veio com políticas pesadas para aproximar os grêmios estudantis com alguns objetivos claros: cooptar uma parte dos estudantes para defender as suas posições políticas; caracterizar os grêmios estudantis das escolas de maior potencial de mobilização, justamente para saber a melhor forma de reprimir os estudantes mais engajados. Devemos lembrar que no ano passado durante as ocupações de escola - do lado da Secretaria de Alckmin - valeu de tudo, até mesmo dirigentes de ensino ligando ou indo visitar os pais dos estudantes mais engajados no movimento para pressioná-los com mentiras do tipo “que os pais teriam que arcar com os salários dos funcionários da escola”. (Alias, a comunidade escolar ainda aguarda o tal do "amplo debate" que Alckmin prometeu na mídia que faria este ano nas escolas sobre a Reorganização Escolar que tentou passar no final do ano passado, mas ficou para 2017.)

Após lançarem uma vídeo conferencia sobre “Gestão Democrática” e um questionário on-line que estão obrigando os estudantes das escolas a responderem, vemos esses seguintes trechos em documento da SEE endereçado aos grêmios estudantis:
“[...] Durante todas essas transformações é importante que o grêmio continue sendo um porta-voz do interesse dos estudantes. Para tanto é indispensável que ele seja um protagonista do ESCLARECIMENTO, em prol da coletividade que representa. Buscar a informação NA FONTE (ou seja: Diretoria de Ensino), compreendê-la e levá-la para discussão com o objetivo de melhorar a Educação é uma de suas missões”.

E qual seria esse esclarecimento vindo da fonte?

“Uma pauta do momento é a discussão das possíveis mudanças do Ensino Médio [...] um dos grandes DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Rever o Modelo de Ensino Médio, com foco na maior flexibilidade do currículo, É IMPRESCINDÍVEL”

Ou seja: a informação na “fonte” é que os maiores ataques à educação das ultimas décadas são IMPRESCINDIVEIS. Aqui poderíamos convidar os defensores do “Escola Sem Partido” (aquele tipo de gente que comenta sobre a educação sem vivê-la e que vive de denunciar tudo aquilo que não são os problemas reais da educação pública causados pelos cortes do governo) para pararem de gastar seu tempo com os precarizados professores de humanas e passarem a azucrinar a “doutrinação” da Secretaria da Educação. Afinal o que mais “partidário” ou “doutrinário” do que se utilizar da máquina do Estado para pregar sua posição de que a MP é imprescindível - num momento em que mais de 1000 ocupações de escolas, universidades e institutos federais lutam para que ela não passe? Não seria o mais puro “assédio ideológico” se utilizar da máquina para obrigar os grêmios a passar nas salas para repetir essas ideias “partidárias”?

O documento ainda segue dizendo que: “a) O currículo do Ensino Médio Não Será Alterado. B) A carga horária diária das escolas segue a mesma”. Ou seja o discurso barato usado pela Secretária para dizer que não há o porque lutar e ocupar escolas agora, como acabam de fazer os estudantes da E.E. Diadema, já que nada será mudado para 2017. O que não dizem é que se não barrarmos a PEC agora, pouco vale o fato de que em 2017 “nada será mudado”, se a mudança será implementa em 2018 e pode perdurar pelas décadas seguintes.

Desde que a Reforma do Ensino Médio foi apresentada pelo governo Temer, apoiado por Alckmin e os demais golpistas, como o grande presente para a semana do dia das crianças e do dia dos professores, estes últimos passaram a receber a visita constante de supervisores e dirigentes de ensino com a desculpa de explicar a MP da Reforma, mas com um único intuito de deixar claro que a reforma vai ser implementada por bem ou por mal. Assim, é bom os professores se conformarem e se acostumarem.

Toda essa democracia "Alckminiana" se repete em diversos outros níveis do cotidiano escolar. Nem mesmo nos aspectos pedagógicos os professores podem opinar. É comum projetos e novas avaliações vindas da Secretaria de Educação caírem na cabeça dos professores e alunos com um único dialogo: "FAÇAM". As tais avaliações diagnosticas que obrigam principalmente os professores de português e matemática trabalharem muito mais servem apenas para virar dados e números dentro da diretorias de ensino e se o resultado vai mal a conclusão dos que nunca pisam em sala de aula é óbvia, mais trabalho para os professores sem ouví-los.

É importante que os professores discutam entre si e com seus estudantes a mentira e oportunismo dessa política de Gestão Democrática de Alckmin, que numa mão reprime com força policial os que lutam e na outra quer nos enquadrar em seus questionários de 30 caracteres!

 
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