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OPINIÃO
Eleições do DCE da USP, e a tentativa do Petismo se fortalecer para um “Lula 2018”
Jéssica Antunes

O DCE da USP quase sempre reproduz ou antecipa os principais debates nacionais, fruto da importância dessa Universidade e da potencialidade política do seu movimento estudantil. Após a fragorosa derrota do PT nas eleições municipais, perdendo não só a prefeitura de São Paulo, mas o chamado “cinturão vermelho” na região metropolitana, o petismo vem tentando se fortalecer nas Universidades com um projeto muito claro, que é: seguir tentando frear as lutas espontâneas para construir as eleições do Lula em 2018.

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Esse final de ano a clássica chapa da direita não se candidatou a entidade, independente dos motivos, que pode ser parte pelo desgaste que o MBL - que esta atacando as ocupações - e o PSDB tem com uma camada de estudantes e que poderiam assim se expor no primeiro ano de gestão municipal de Dória (PSDB). Mas esse fato coloca duas questões importantes para o movimento estudantil, uma acabar com o discurso de “voto útil contra a direita”, muito utilizado nos últimos anos pela atual gestão, representada nessas eleições pela “Travessia”, mas também pelo petismo como a atual “Todos os cantos”.

Assim o debate central é como construir um DCE que consiga organizar os estudantes desde as bases para combater a direita e as medidas privatistas e de ataque a educação e aos trabalhadores e jovens, que vem se fortalecer esse ano, visto o fortalecimento do PSDB em São Paulo e seu atrelamento aos ajustes do golpista Temer. O insistente debate de “Voto útil” e “métodos" por fora da política serve apenas para não deixar clara as posições das chapas e seus projetos políticos para o DCE, construindo chapas que só aparecem no momento eleitoral. O exemplo desse método é a atual gestão que esse ano se absteve de votar contra o Golpe institucional, porque na realidade setores da gestão defendiam a Lava Jato golpista, e assim desarmou o movimento estudantil para ter posição política sobre um dos fatos mais importantes do ultimo período.

Esse tipo de entidade só serve para manter a passividade e esta por fora das necessidades e potencialidades dos estudantes, o petismo se apoia nisso para criticar sob argumentos de “método” a passividade atual, contudo seu projeto ainda mais profundo quer atrelar o movimento estudantil da USP a eleição do Lula em 2018, tentando fortalecer esse partido que já vinha atacando, não nos esqueçamos dos cortes do FIES e PRONATEC, na expansão da terceirização do trabalho, na ligação com a latifundiária Katia Abreu.

A chapa “Por todos os Cantos” vem exibindo foto de apoio de Lula e Haddad nessa eleição, contudo não falam que o ex prefeito aceitou participar de concelho municipal da gestão Dória, é essa a “não luta” contra a direita, feita pelo PT. Carina Vitral, dirigente da UNE também veio na USP falar de “Luta contra o Golpe”, contudo essa “luta” e da chapa “Por todos os cantos”, é demagogia. Desde o golpe o petismo só fez barrar e desarticular as ocupações, inclusive sendo expulsos em várias ocupações.

Para combater o PSDB, a reitoria e os ataques o DCE precisa de novas praticas políticas ligada a uma concepção combativa e com um programa que se enfrente com a estrutura de poder Universitária e os projetos de privatização e ataque aos estudantes e aos trabalhadores. Hoje não falta vontade de resistir, contudo as ocupações e processos de luta ficam isolados, precisamos organizar e unificar os processos desde as bases para combater as praticas burocráticas e rotineiras do petismo e da esquerda passiva como PSOL, Mais e PSTU. Além de avançar no programa, defendendo permanecia estudantil, contratação de funcionários e professores na perspectiva da luta por uma universidade aberta, sem vestibular e a serviço dos trabalhadores e da população.

A chapa “Por todos os Cantos”, fala em um DCE “responsável”: “Por exemplo, não basta só pedir "pela contratação de mais professores"; devemos levar em conta os repasses estatais, como o orçamento é planejado, quais os mecanismos institucionais necessários, e assim dar alternativas bem pensadas para ganhar nossas reivindicações. Pautas sérias exigem postura responsável do DCE!”. Difícil entender se a “responsabilidade” é com a demanda dos estudantes, ou com as contas públicas.

Em ano marcado pelo corte de gastos como a PEC 241, responsabilidade com os repasses nada mais é que pautar nossas pautas pelos cortes dos governos. Corte que já sofremos esse ano com a diminuição do ICMS, feito pelo PSDB, mas que deve aumentar vide a tendência a privatização e a PEC 241, claro! Além disso a chapa do petismo pouco fala sobre a proposta de Reforma do Ensino Médio imposta pelo Temer e principal pauta das ocupações, que deve atacar a carreira daqueles que querem se tornar professores, como acabar com o direito do aprendizado de milhares de alunos sobre sua história e formação critica.

Os estudantes tem direito a sua história, a história dos oprimidos, dos negros, mulheres, LGBTs, a educação sexual e a cultura. Hoje essas pautas são fundamentais contra essa direita mais reacionária, que o PT por anos se aliou para governar. A chapa “Primavera nos Dentes”, quer abrir esse dialogo com os estudantes, porque parte da descrença com o movimento estudantil esta ligada a anos de gestões petistas e adaptadas, nos queremos subverter isso, e nos ligarmos ao espontâneo e vivo das ocupações de universidade e secundaristas que estão vendo que a formação política e humana se dará resistindo e mostrando que nós podemos pensar nosso projeto e educação e mundo. Aqui se trata não só do próximo ano, mas de 20.

 
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