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JUVENTUDE
Resposta ao editorial da Folha: O Futuro da USP
Julia Rodrigues

O jornal Folha de São Paulo publicou no dia de hoje editorial com o título “O futuro da USP”, no qual apresenta uma série de argumentos em defesa do projeto USP do Futuro, levado a frente pelo atual reitor Marco Antônio Zago. A USP ideal, ou a USP do futuro, na visão de Zago e da Folha seria uma universidade mais empresarial.

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Trata-se de um projeto cuja intenção é avançar na privatização da universidade com a justificativa de responder a uma suposta crise financeira através da “melhoria da gestão da Universidade, bem como ao aprimoramento e à ampliação da relação da Instituição com a sociedade e o setor produtivo”.

A universidade declarou que o projeto desenvolvido pela consultoria empresarial MCKinskey & Company, está sendo custeado “por um pool de ex-alunos”. O acordo de cooperação entre a USP, a multinacional e os demais participantes já foi assinado e segue em tramitação nas mais altas instâncias da universidade junto ao governador Geraldo Alckmin. É notável e abominável o emprenho da alta burocracia para excluir a participação da comunidade universitária no que tange decisões sobre o futuro da USP. Por qual razão, uma multinacional possui mais influência sobre os rumos da USP do que os próprios professores e estudantes, afetados diretamente por essas decisões?

A Folha adota o mesmo discurso que levou João Dória (PSDB) à vitória da Prefeitura de São Paulo. Defende não existir problemas em empresários gerirem a universidade, afirma “que um diagnóstico externo, produzido com apuro empresarial, só poderá ajudar”. Não há como desvincular as escolhas e intenções dos responsáveis em gerir a universidade, dos interesses políticos. Evidentemente os interesses da Folha de São Paulo, assim como os interesses dos empresários, estão atrelados aos interesses de uma classe social composta por uma minoria dominante, a burguesia, contra os interesses da maioria da população, da juventude e dos trabalhadores. No caso da USP são os interesses dos empresários contra os interesses da ampla maioria que compõe a comunidade universitária.

O editorial trata com chacota as críticas contra a privatização da USP, como se esta fosse um espectro distante da nossa realidade. Ao dar enfoque às medidas do reitor Zago para resolver a suposta crise financeira, a Folha aponta, intencionalmente, como um dos principais problemas financeiros a folha de pagamento dos servidores públicos, e defende o programa de demissões voluntárias. Obviamente não cita o déficit de docentes e funcionários que este programa gerou, muito menos menciona a nefasta atuação das fundações “sem fins lucrativos” e a recusa da universidade em abrir o livro de contas dessas fundações.

Outro ponto ignorado pelo editorial é o fato de que burocratas de alto escalão, bem como alguns professores, possuem o privilégio dos “super-salários”, ou seja, salários acima do teto constitucional de R$ 21.631,05, referente ao salário do governador.

Outro escândalo envolvendo a USP é o acúmulo ilícito de cargos, emprego ou função pública. Como é o conhecido caso do Prefeito do campus da capital, Oswaldo Nakao, que participou do primeiro Plano de Demissão Voluntária (PIDV) recebendo R$ 600mil e se manteve em outro cargo com o salário de R$ 22mil.

É importante ressaltar também os cortes realizados na permanência estudantil, e a defasagem dos valores dos auxílios que não acompanham a inflação. Estudantes pobres são minoria na USP, como constata o editorial, no entanto não existem iniciativas audazes para reverter esta situação, afinal não é interesse na reitoria tornar a USP menos elitista.

No auge de seu reacionarismo a Folha sustenta a cobrança de mensalidade como ponto positivo do projeto de Zago, com o argumento de que “só 34,6% dos quase 11 mil alunos ingressantes na USP em 2016 fizeram o ensino médio em escolas públicas — os outros dois terços provavelmente não precisariam ter seus estudos financiados pela sociedade”. A USP possui aproximadamente 95.00 estudantes, é um ambiente extremamente elitista no qual passar no filtro social do vestibular (FUVEST) se configura como um quase insuperável desafio para a grande parte da população, especialmente para a maioria pobre, afinal todos conhecem a situação da precariedade da educação pública do Brasil. Sem mencionar a grande parcela da população que desconhece ser a USP uma universidade pública e gratuita.

A reitoria da USP e a Folha deveriam estar mais preocupados em garantir a extensão da universalidade do ensino público, gratuito e de qualidade para as universidades, eliminando o vestibular e garantindo o acesso de toda a população, dos trabalhadores e da juventude ao ensino superior. No entanto, torna-se impossível conciliar os interesses do empresariado, no qual o lucro vem em primeiro lugar, com os interesses da população.

Por fim, a Folha utiliza o argumento de que esta parceria é positiva na medida em que ex-alunos bem sucedidos estão retribuindo o conhecimento adquirido na graduação ao financiar o projeto USP do Futuro. O conhecimento produzido na USP, financiada através do ICMS por todos que consomem produtos no Estado de São Paulo, não está a serviço da população e dos trabalhadores do país. A maior fatia dos investimentos está concentrada nos institutos que realizam pesquisas para entes privados, além disso, os resultados das pesquisas são patenteados e vendidos às grandes corporações e empresas. A nossa luta deve ser para que o conhecimento produzido na USP esteja exclusivamente à serviço dos interesses da população e da maioria pobre, e não em função dos empresários, como defende a Folha e a Reitoria ao contratar a consultora empresarial MCKinskey & Company.

O Esquerda Diário denunciou essa parceria em artigos anteriores, veja aqui quais as reais intenções dessa parceria.

 
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