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REVOLTA
Estouram massivos protestos em Marrocos pela morte de um vendedor ambulante
Redação

Um vendedor de peixes morreu esmagado por um caminhão de lixo ao tentar recuperar a mercadoria confiscada pela polícia. Em protesto, no fim de semana, houve massivas mobilizações em todo o país. Sua morte recorda o caso de Tunes que desatou a Primavera Árabe em 2011.

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A noite de sexta-feira em Al Hoceïma, no norte de Marrocos, morreu Mouhcine Fikri, vendedor de peixes de 31 anos, enquanto tentava recuperar a mercadoria que havia sido confiscada pela polícia.

O vendedor ambulante transportava várias toneladas de peixe espada, cuja venda está proibida esta temporada, e sua mercadoria foi confiscada e jogada no caminhão de lixo. Depois o vendedor saltou para dentro do caminhão para tentar recuperá-la, mas os coletores de lixo acionaram o sistema de trituração do caminhão com Mouhcine Fikri dentro, provocando sua morte. Segundo a Direção Nacional de Segurança (DGSN) da qual a Polícia faz parte, a morte foi “acidental”, mas diversas organizações asseguram que o condutor do veículo obedeceu as ordens de um policial.

A morte de Fikri provocou uma onda de indignação em várias cidades do Marrocos. Em Al Hoceïma os marinheiros pararam suas atividades no fim de semana, os taxistas realizaram uma paralisação parcial e convocaram-se vários protestos. No domingo as mobilizações se estenderam a outras cidades como Casablanca, Fez, Tânger, Nador, Marraquexe, Oujda e Agadir, com fechamento de comércios e manifestações. Na capital, Rabat, centenas de pessoas se concentraram para cantar consignas como “Mouhcine foi assassinado; o Makhzen (a Casa Real marroquina e seu entorno) é responsável”.

A gravidade da situação é tal que o rei de Marrocos, Mohamed VI, que se encontra em viagem por vários países da África, ordenou ao ministro do Interior, Mohamed Hasad, que se mude para Al Hoceïma e empreenda uma investigação “minuciosa e profunda”.

O incidente e a reação entre a população local recorda o que sucedeu em Tunes em 2011, quando um vendedor de rua, Mohamed Bouazizi se imolou depois do confisco de suas mercadorias por parte das autoridades municipais de Sidi Bouzid, em Tunes. Bouazizi se converteu em símbolo da luta contra o desemprego, o abuso policial, a corrupção e os governos autoritários e o caso desencadeou os protestos que puseram fim ao regime autocrático de Zine el Abidine ben Alí.

As mobilizações do domingo no Marrocos foram convocadas pelo Movimento 20 de fevereiro, o mesmo que havia tomado as ruas em 2011 para exigir reformas democráticas dentro do marco da Primavera Árabe. Esses protestos foram saldados com reformas políticas limitadas, um maior gasto público e um endurecimento das políticas de segurança.

Os protestos não poderiam haver chegado em pior momento para o regime marroquino, que está se preparando intensivamente há vários meses para acolher a cúpula da mudança climática, COP22, que se realizará entre 7 e 18 de novembro em Marraquexe.

 
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