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CINEMA E POLÍTICA
"Fazer arte é exercer a política", diz Maeve Jinkings
Redação

O Esquerda Diário entrevistou a atriz Maeve Jinkings, que foi parte do elenco do filme "Aquarius". Na entrevista, a atriz conta sobre sua carreira e a relação da arte com a política.

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Como você começou sua carreira? Dos primeiros trabalhos até a novela das 8 da Globo e importantes filmes nacionais, como você resumiria sua trajetória?

Muito estudo, curiosidade, resiliência, muito trabalho e disposição pra errar. Isso é importante, disposição pra errar. Outra coisa importante foi aprender a escutar minha intuição, a reconhecer os trabalhos que fazem sentido pra mim e portanto me dão mais chance de me dar como artista.

Som ao Redor e Aquarius, ambos de Kleber Mendonça Filho, são filmes marcantes da sua carreira. Como foi participar destes projetos?

São acima de tudo o resultado de uma grande parceria de trabalho, do encontro de subjetividades que potencializam nossas vozes. São duas obras que trazem em si uma visão de mundo que não apenas me ajudam a refletir, mas que me representam.

Sua personagem em "Boi Neon" é bastante diferente da maioria dos seus papeis, como foi o desafio de encarar essa inversão do "lugar comum" entre homem e mulher?

Creio que tenho tido a sorte de poder escolher personagens muito diferentes entre si, e mesmo os mais distantes de meu universo pessoal, cada um deles traz também muitos pontos de convergência comigo. Galega tem muito de mim, naturalmente. Atrás de minha aparência doce há uma mulher forte, que gosta de comandar e ter o volante nas mãos. O filme é exatamente um revelador disso: somos muita coisa pra nos limitar a supostos papeis de gêneros.

Como foi interpretar Domingas, uma trabalhadora que sofria violência doméstica, em meio a chamada "primavera feminista"?

Foi muito surpreendente. Tinha receio de que as pessoas a hostilizassem por demandarem mais força feminina nesse momento da historia. E isso até existiu no inicio da trajetória de Domingas, era incomodo ver tanta submissão. Mas pra mim, como feminista, foi extraordinário ter a chance de compreender “por dentro” como se dá o processo de despotencialização de uma mulher. A sociedade que conhecemos é muito eficiente em construir subjetividades femininas prontas a se sujeitar ao potencial agressor, e o pior, sem autoconsciência.

Qual papel social e político você vê no cinema brasileiro?

A arte inevitavelmente se conecta com vetores que agem sobre o mundo onde vivemos. É como trazer a tona lençóis subterrâneos que estão aqui agindo, mas sobre o qual não falamos. Por isso o artista é essencialmente político. E isso não tem a ver com ser de direita ou de esquerda, tem a ver com dilatar o que conhecemos como realidade, e colocar interrogações ali.

Qual sua opinião sobre a polêmica envolvendo o filme "Aquarius", desde o ato organizado pelos atores no Festival de Cannes até a represália da não indicação do Oscar?

Como disse, fazer arte é exercer a política. Vivemos agora um momento particular de divisão radical nos posicionamentos, com consequências drásticas que afetam nossas vidas. De maneira obscura a democracia foi golpeada, estamos apenas reagindo a isso de maneira democrática. Acontece que os entusiastas do golpe parlamentar não são entusiastas do processo democrático, como já podemos notar. A boa noticia é que isso gera energia em nós, e a tendência é que os movimentos políticos nas ruas e nas artes se multipliquem e ultrapassem não apenas fronteiras geográficas, mas também a fronteira da historia.

 
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