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ELEIÇÕES 2016 RIO
Em entrevista, Freixo diz que “não falou em golpe” e reforça o “diálogo com empresários”
Fernando Pardal

O jornal paulistano Folha de S. Paulo divulgou nesse domingo, 23, uma entrevista com o candidato à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo (PSOL), em que esse reafirma sua disposição a dialogar com empresários e procura aprofundar seu tom “moderado” na reta final das eleições.

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“Eu não falei em golpe. (...) Não nacionalizei a campanha. O segundo turno é pra debater a cidade.” Assim Freixo começou a suas respostas à entrevista à Folha de S. Paulo. A afirmação, que certamente chocou uma grande parcela de seus apoiadores, faz parte de um movimento que Freixo vem fazendo na reta final de sua campanha para tentar se apresentar cada vez mais com um candidato “viável” e “moderado”. Viável para os empresários, viável para os patrões que tem receio de que Freixo queira atacar seus lucros para garantir os interesses dos trabalhadores e do povo pobre.

Freixo quer mostrar que eles não tem motivo para temer. Que ele quer “governar para todos”, e que as eleições no Rio não tem nada a ver com a situação nacional. Se um golpe institucional foi implementado pela direita – incluindo o PRB de Crivella – para poder desferir ataques contra a juventude e os trabalhadores como a PEC 241, a reforma do Ensino Médio, etc., isso pouco importa para um “projeto de cidade”.

A questão é que Freixo está procurando apresentar um “produto eleitoral” para tentar ganhar a eleição contra a direita de Crivella, mas para isso vem mostrando a cada dia que está escolhendo um caminho que já conhecemos, e que contradiz frontalmente o que ele diz na entrevista: “É importante que o PSOL não cometa os erros que o PT cometeu.”

Mas ele deixa claro quais são esses erros, em sua visão, na continuidade dessa resposta: “a gente precisa do voto ético, democrático, que não é necessariamente de esquerda.” Para Freixo, o erro do PT foi deixar de ser “ético” e “democrático”. Mas se o PT chegou ao ponto de ser o administrador de grandes esquemas de corrupção na Petrobras e do loteamento de cargos no seu governo, foi porque há muito tempo ele tomou uma decisão aparentemente inofensiva: dialogar com empresários. Esse “diálogo” se aprofundou com os anos, chegou à “carta ao povo brasileiro de Lula”, e a ser o administrador dos grandes esquemas de empresas como Odebrecht. A decisão de “dialogar com empresários” que Freixo toma hoje só pode levar a esse caminho.

Porque esse regime político é feito para os empresários, os patrões, os banqueiros, e os políticos são “funcionários” para garantir seus interesses a partir do Estado. Isso é o que está por trás de todos os esquemas de corrupção, em que o caixa dois e o financiamento das grandes empresas está a serviço de eleger os políticos que defendem os interesses desses setores.

Por isso, é uma ilusão que precisa ser desfeita a que Freixo dissemina quando afirma que “Há uma expectativa de como a gente se comportará depois de vencer. Se vamos ter uma gestão responsável, que fará a cidade funcionar. Se seremos uma esquerda capaz de dialogar com os empresários sem ser sócia deles.” O termo “responsável”, não à toa, vem do vocabulário dos políticos dos patrões. É uma forma cifrada de dizer que os direitos sociais devem ser atacados para se preservar o lucro. É isso que fundamenta a Lei de Responsabilidade Fiscal: o respeito ao pagamento da dívida pública, ou seja, o enriquecimento de banqueiros e especuladores, enquanto os gastos com os serviços públicos são cortados. É a “responsabilidade” como a da PEC 241, que congela os gastos com os serviços públicos por vinte anos, mas mantém o Estado livre para pagar a dívida com esses parasitas.

Qual o “diálogo com empresários sem ser sócio deles”? Os empresários tem um interesse, apenas: lucro. Isso se consegue com a privatização dos serviços públicos, como com as OS na saúde e a família Barata nos transportes; com demissão e rebaixamento de salários; com os ataques dos golpistas; enfim, com tudo que ataque diretamente as condições de vida dos trabalhadores e da juventude.

Por outro lado, o nosso interesse é apenas um: condições dignas de vida, que significa enfrentar os interesses dos empresários. Taxar as fortunas dos patrões, estatizar a saúde e o transporte sob controle dos trabalhadores e usuários. Não há meio termo. Quando Freixo tira de seu programa mesmo as medidas mais tímidas para taxar os patrões, como a reestruturação do IPTU que tirou de seu programa, ele mostra que seu “diálogo” implica em ceder aos ricos. Se ele cede já para ganhar a eleição, o que fará para governar? Como não fará o mesmo que o PT? Durante a maior parte dos anos que o PT governou, ainda existia uma possibilidade de, mesmo defendendo o lucro dos empresários, deixar alguma migalha de seu banquete para os "de baixo". Agora, em tempos de crise, nem isso Freixo poderá fazer, pois os patrões vão exigir tudo para manter seus lucros. Não se trata de uma “ética” em abstrato, mas de que força social se apoiar para atender os interesses da população pobre e dos trabalhadores.

Crivella é o representante desses empresários, sem mediações. É um golpista, defendendo diretamente os interesses deles contra os nossos. Mas Freixo está procurando mostrar para esses setores, aliados de Crivella, que “não precisam temer”, porque ele “vai governar para todos”. Nós, no entanto, dizemos claramente que só construindo uma força anticapitalista, que se apoie em exemplos como a luta da educação que tem o Paraná na linha de frente (e que “nacionaliza o debate” ao enfrentar os ataques de Temer), é possível derrotar a direita e os patrões. Com essa perspectiva, chamamos os eleitores de Freixo a construir conosco essa alternativa no Rio de Janeiro.

 
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