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EUA
As eleições nos Estados Unidos inscritas na crise econômica e geopolítica
André Barbieri
São Paulo | @AcierAndy
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Donald Trump chegou ao último debate presidencial golpeado pelo escândalo que suas declarações machistas desataram. Embora tenha tido uma performance ruim no debate, Hillary Clinton terminou “ganhadora” para a maioria da audiência.
Os escândalos machistas de Trump parecem finalmente ter dado à imprensa um ponto de apoio que não havia conseguido até então para desmoralizar a candidatura do republicano e abrir campanha aberta em defesa de Clinton. As últimas pesquisas mostram vantagem para Hillary de 11 pontos percentuais, e avanços inclusive em estados tradicionalmente republicanos, como Utah.

Isso reiniciou a rachadura no partido republicano, de tal forma que existem setores que já pedem a renúncia de Trump à candidatura. O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, oficializou a decisão de “abrir mão” da candidatura do magnata para assegurar uma maioria republicana no Congresso.
A queda em desgraça do candidato republicano, cada vez mais um candidato independente, não significa que Hillary Clinton avance sem obstáculos. Os vazamentos de informações sobre interesses particulares nos bombardeios na Líbia e a figura desgastada, completamente ligada ao sistema bipartidário norteamericano não entusiasmam ninguém.

De fato, a tendência confirma que a opção por Clinton é mais anti-Trump do que a favor da democrata: 64% dos latinos menores de 35 anos responderam que seu voto por Hillary será mais para opor-se a Trump do que para apoiá-la. Isto ficou evidente quando o ex-candidato Bernie Sanders, que disputava com Clinton a vaga democrata, foi vaiado por seu próprio público votante quando transmitiu seu apoio à candidata.

Este descontentamento com a elite política promete repercussões até o dia da eleição geral. Com taxas de rejeição históricas, nenhum dos candidatos atende às particularidades de uma situação polarizada, em que setores amplos da população se afastam dos dois partidos tradicionais e buscam novas formas de pensar, à direita e à esquerda. Essa profunda crise orgânica no coração do imperialismo mundial é herdeira de oito anos de crise econômica e crescimento extremamente medíocre nos países centrais, que ainda sem catástrofe começa a alterar profundamente a configuração das classes sociais nos EUA, com um enorme número de desempregados, estancamento na economia e crescentes tensões sociais pelo racismo institucional do estado contra os negros.

As enormes dificuldades que a economia norteamericana apresenta de retornar aos níveis de crescimento pré-crise são sinais da decadência hegemônica do imperialismo dos EUA na ordem global, o que se faz sentir nos conflitos geopolíticos e no principal deles, a Síria.

O governo Obama não conseguiu impor-se no terreno, a partir de seus aliados, contra a ditadura de Assad, apoiada pela Rússia e o Irã. O colapso do cessar-fogo acertado entre Washington e Moscou e o avanço do exército sírio sobre a crucial cidade de Alepo (nas mãos das milícias apoiadas pelos EUA) colocam a Guerra na Síria em um ponto de inflexão. Ante a queda quase segura desta estratégica cidade, que definiria decisivamente o curso da guerra, os Estados Unidos está diante de uma difícil escolha: ou aceita uma humilhante derrota, ou eleva a intervenção militar.

Tanto Trump como Clinton representam a linha “dura” do imperialismo e significariam a escalada das tensões no Oriente Médio. Terão, entretanto, uma oposição interna maior do que encontrou Obama, já que a insatisfação social da população com a guerra enquanto o país mergulha no estancamento das condições de vida é grande.

A crise econômica, que vai se transformando em geopolítica, aumenta a probabilidade de guerras entre as potências, com toda a barbaridade capitalista à população. As eleições norteamericanas se inscrevem nesta encruzilhada e anunciam grandes convulsões que deverão ser enfrentadas pela classe trabalhadora.

 
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