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MÚSICA E EDUCAÇÃO
Na Corda Bamba de Sombrinha...
José Ferreira Júnior
Serra Talhada – Pernambuco

O título desta crônica, ou qualquer outro nome que se queira dar ao que vai aqui escrito, pertence a uma composição musical chamada “o Bêbado e a Equilibrista”, um dos clássicos da música brasileira, parido nos tempos duros da ditadura militar.

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De fato, ser professor no Brasil tem sido, agora mais que nunca, o exercício de papel social muitissimamente agruroso! Em tempo, falo do professor comprometido, politizado, preocupado com o exercício de um fazer pedagógico que, mesmo que se não obtenha, busca constantemente resultados.

Não falo do professor que se faz professor por falta de opção, como já ouvi de muitos. Que no magistério encontrou espaço em decorrência da negação que lhe foi imposta por outros campos profissionais. Esses são ervas daninhas, prestadores de desserviços significativos, corroboradores da inércia cidadã, contribuintes para a manutenção do idealizado socialmente, como o propôs Émile Durkheim. Ou, promotores de robustez à escola, enquanto aparelho ideológico do Estado, como diz Louis Althusser. Ou ainda, vivenciadores de identificação com o eucalipto, como o disse Rubem Alves, enquanto árvore ordinária, que se presta a todo tipo de empreendimento.

Esse professor descomprometido, a quem a nefasta ideia da Escola sem Partido é bem-vinda (porque somente será elemento oficializador do que já é, há muito, a sua prática pedagógica); que ao atual governo credita confiança e, por conseguinte, obstaculiza seus alunos de participar de protestos, que são reveladores da insatisfação estudantil com a conjuntura idealizada pelos governantes atuais, concernente à educação, como o é a tal PEC 241; que não se reconhece como fração da classe trabalhadora, uma vez que se mostra antagônico a qualquer movimento que contrarie o status quo, como parada e greve; que desconhece a realidade que o cerca, porquanto não lê e, se o faz, deixa-se convencer pelo que escrevem os colunistas da Veja, Isto É, Folha, Estadão e outros periódicos, cujo compromisso é com a cristalização do sistema imposto pelo conluio das Instituições Republicanas brasileiras; que reproduz com absoluta convicção o que lhe diz a mídia golpista, principalmente a Rede Globo de Televisão... Esse professor existe aos milhares! Esse professor não anda “na corda bamba de sobrinha”... Pelo contrário, permanece confortavelmente “deitado eternamente, em berço esplêndido”...

E o professor que anda “na corda bamba de sombrinha”? Existe?

Sim, existe! Ainda existe!

Porque se as classes dominantes trabalham para sua extinção, pensando um conjunto de propostas reacionárias para que deixe de existir definitivamente, então, ele existe e incomoda. Como tentam extinguir? Basta que a farsa chamada “democracia representativa” faça mais uma das suas, e aprove o Projeto de Lei da Escola sem Partido, onde, dentre outras pérolas, está a proibição da discussão da ideologia de gênero (em um país, onde, a cada onze minutos, uma mulher é estuprada) e outras barbaridades mais...

Esse professor, QUE TEM UM LADO SIM, o lado dos que lutam contra a injustiça social, as opressões e a exploração (no Brasil naturalizada... Basta lembrar-se do que disse um dos muitos escroques que fazem a Câmara de Deputados Federais: “quem não tem dinheiro, não estuda... Eu tenho dinheiro, meus filhos estudam”), dos que conferem à mulher o ter vez e voz, ao homossexual o direito de ser homossexual, enfim, aos cidadãos, o estímulo a se reconhecerem como tais e, por isso, dignos do exercício de cidadania adquirida e não concedida, como ocorre com a multiplicidade de políticas públicas sociais existentes, na verdade ação estatal demonstradora da busca do consenso com os dominados, como o diz Gramsci. Esse professor a quem chamam esquerdopata e ou doutrinador...

No dia do professor, é a esse professor que “na corda bamba de sombrinha” tem o seu fazer pedagógico, que constrói contra hegemonia nas piores condições e que luta e se reconhece como classe trabalhadora, a esse professor, todo aplauso, respeito e solidariedade.

Eia! Continuemos, não nos vão derrotar!

 
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