Não há "boa gestão" da pandemia em MG. Coramandel precisou transferir pacientes. Monte Carmelo, além disso, teve o próprio prefeito apelando à população em uma live por empréstimos de cilindros de oxigênio.
MaréProfessora designada na rede estadual de MG
quarta-feira 17 de fevereiro de 2021 | Edição do dia
Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG
Quando MG passa pelo pior momento da pandemia, o sistema de saúde de cidades do norte - a região mais pobre do estado, que tem 92% dos leitos de UTI ocupados - enfrenta grave crise pela falta de cilindros de oxigênio.
Com o estado chegando a ter uma morte por Covid a cada onze minutos, as cidades de Coramandel e Monte Carmelo precisam transferir pacientes, e a segunda ainda registra um consumo dez vezes maior de cilindros de oxigênio, insumo necessário para salvar vidas em casos mais graves da doença.
As transferências se deram para cidades vizinhas e até para a capital. Uma das cidades que recebeu pacientes, Uberlândia, está dentre as mais afetadas pela pandemia, e recebeu recentemente pacientes de Manaus, nos quais a fundação Ezequiel Dias identificou a cepa P1 do novo coronavírus, preocupante por ser mais contagiosa.
Monte Carmelo notificou a Secretaria de Saúde estadual sobre a crise e seu prefeito, Paulo Rocha (PSD), pediu publicamente à população doações de cilindros, para que a fornecedora da cidade pudesse enchê-los de oxigênio. O apelo rendeu doações, sendo 15 delas de moradores e o restante de empresários, nenhum por parte do próprio poder público, seja da cidade, estado ou federação. O que o governo de Romeu Zema fez foi enviar médicos e militares especializados em saúde para Uberlândia e Coramandel.
Diferente da propaganda que fazem Zema e inclusive prefeitos de partidos do centrão centrão como Alexandre Kalil, de Belo Horizonte, e seu companheiro de PSD Paulo Rocha, não há em Minas Gerais uma boa gestão da pandemia. Corresponsáveis, junto ao governo Bolsonaro e Mourão, pelas mortes, desemprego e miséria aumentados nos últimos meses, esses demagogos discutem inclusive retomar as aulas presencialmente, sem contar com a opinião da comunidade escolar.
A vacinação anda a passos lentos em todo o estado, enquanto novas cepas se formam e se disseminam. O acordo firmado com a Vale pelo crime cometido em Brumadinho não prevê nenhuma melhoria na situação do sistema de saúde e sequer beneficia os diretamente atingidos.
Os trabalhadores da saúde e de outros setores são capazes de responder à crise, o que só pode se dar rompendo com o respeito aos lucros capitalistas de empresários como Zema e Kalil, e sobretudo com os tubarões da saúde privada, que lucram com a falta de insumos básicos. Todo o necessário para o combate à pandemia, desde testes até seringas e cilindros de oxigênio deveria ser confiscado pelo estado para uso do SUS.
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