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TRABALHADORES DA LINHA DE FRENTE | Witzel e OS demitem grevistas e não pagam salários de funcionários de Hospital por 2 meses

A falta de repasse do dinheiro público para o Hospital Estadual Alberto Torres, no Rio de Janeiro, afetou imensamente a vida dos funcionários, que estão há dois meses sem salário, assim como outros setores que passam pela mesma situação. Além disso, implicou na falta de medicamentos de uso corriqueiro e de material cirúrgico básico.

terça-feira 28 de julho de 2020 | Edição do dia

Em forma de protesto contra essas condições precárias, os funcionários fecharam a ala de emergências da unidade. Com o atraso nos pagamentos, muitos trabalhadores não têm dinheiro sequer para conseguir chegar ao hospital todos os dias, como podemos ver no relato de um trabalhador ao G1, que não quis se identificar:

"Você tem pessoas que estão sem dinheiro para poder vir trabalhar. Está um absurdo, porque você tem que ficar escolhendo qual setor que vai ter funcionário. Você vai ter que ficar escolhendo qual é o remédio que vai ser feito porque tem que saber se está disponível ou não. Remédios que são de uso essencial, de uso corriqueiro"

Essa situação, de integral responsabilidade do governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e do Instituto Lagos Rio, responsável pela gestão do hospital, é parte da precarização da saúde e das condições de vida da população que vimos em diversos lugares desde o início da pandemia do coronavírus. Sabemos como os trabalhadores da saúde são linha de frente do combate ao vírus e os funcionários do hospital estadual estão tendo que sobreviver em meio a um momento crítico do desenvolvimento da crise sanitária sem salário, para além de sofrerem uma enorme sobrecarga de trabalho fruto da falta de funcionários. Como se não bastasse, alguns trabalhadores chegaram ao absurdo de serem demitidos nas últimas semanas por terem se mobilizado exigindo o pagamento de seus salários, em atitude extremamente autoritária. Isso porque no caso do Hospital Estadual, por ser gerido por uma Organização Social, seus trabalhadores não são contratados pelo Estado, o que precariza ainda mais suas condições de vida, recebendo menores salários e não tendo direito sequer a se manifestar contra essa situação.

Leia Mais: Após Witzel demitir e atrasar salários, trabalhadores da saúde entram em greve no Rio

Além disso, os pacientes do hospital também são prejudicados pela falta de verba, devido à falta de estoque de remédios necessários e de profissionais, chegando a acontecer de em determinados setores haverem apenas 3 trabalhadores para atender 30 pacientes. Isso vai contra o direito mínimo da população de receber tratamento médico gratuito e de qualidade, o que mostra como os interesses dos governantes não estão a favor da vida da classe trabalhadora, que depende desses serviços e do pagamento de seus salários para sobreviverem, e sim a serviço do lucro capitalista sobre a rede privada da saúde.

A gestão do Instituto Lagos Rio também é responsável pela administração de outros hospitais na região, que igualmente sofrem com a falta de repasse, com funcionários na mesma situação sem receber salários nos últimos 2 meses. O Instituto se isenta da responsabilidade, colocando que a falta de verba é fruto do não repasse do governo Estadual, que, por sua vez, busca responsabilizar o Instituto da falta de pagamento. Entretanto, o diretor-presidente do Instituto, Gustavo Pinto Ribeiro, não relaciona a questão dos repasses orçamentários ao desvio da OS de mais de R$ 9 milhões, apurado pela operação realizada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que culminou na expedição de mandados de prisão para sete operadores do Instituto Lagos, em junho de 2020. Contudo, sabemos que não podemos nos iludir com o sistema judiciário burguês, que está a serviço dos grandes empresários da saúde. A realidade é que ambos a OS e o Estado são responsáveis pela absurda situação em que se encontram os trabalhadores e pacientes do hospital, que estão tendo que pagar com suas vidas pelo descaso e corrupção do governo e dos capitalistas.

Tal situação é parte do papel criminoso que o governo do Rio de Janeiro desempenhou em meio a pandemia, com diversas denúncias de salários atrasados aos trabalhadores e escândalos de corrupção, como pudemos ver recentemente na prisão do ex Secretário da Saúde, Edmar Santos.
Defendemos o pagamento imediato dos salários atrasados, porque é impossível combater a pandemia sem receber. É preciso restituir os aparelhos dos Hospitais, os insumos e toda a estrutura necessária para trabalhar salvando vidas com o mínimo de risco para os trabalhadores da saúde. Witzel e as OS são responsáveis pelos milhares de trabalhadores sem salário no SUS, e pelos milhares que estão morrendo por falta de uma política de combate à COVID-19, que foi substituída por uma política de enriquecimento ilícito através dos contratos com as OS.

Esta estrutura que coloca trabalhadores reféns das OS ou dos repasses do Estado é herança desde Sérgio Cabral, que avançou com as Organizações Sociais colocando a Saúde do Rio nas mãos de empresas privadas controladas por grupos que vivem de sugar o orçamento da Saúde e pagar salários miseráveis para seus funcionários. Os trabalhadores da Saúde merecem ser todos contratados, sem necessidade de concurso, pois já demonstraram em plena pandemia que estão aptos para exercer a função. Todos deveriam ser trabalhadores diretos da administração pública, e o repasse para a saúde deveria ser integralmente feito para pagar seus salários, comprar insumos, garantir EPIs e estrutura, para que o povo pobre e os trabalhadores parem de morrer pela pandemia, em defesa dos direitos aos trabalhadores da saúde, que se arriscam para oferecer um atendimento gratuito à população.




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