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USP | Waldyr Jorge se afasta do cargo após desmontar e privatizar a Assistência Social na USP

No dia 21/03/17, os trabalhadores da USP foram surpreendidos com a publicação no Diário Oficial da portaria do Reitor “declarando cessados, a pedido, os efeitos da designação do Prof. Dr. Waldyr Antonio Jorge para exercer a função de Superintendente de Assistência Social”. A mesma publicação também efetiva a sua Superintendência “pro tempore” junto ao Hospital Universitário (HU).

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

terça-feira 21 de março de 2017 | Edição do dia

O Prof. Dr. Waldyr Antonio Jorge foi Superintendente da Assistência Social - SAS (antiga Coordenação de Serviço de Assistência Social - COSEAS) da Universidade de São Paulo durante 7 anos, sendo parte da cúpula da gestão do antigo Reitor Prof. Dr. João Grandino Rodas e do atual Reitor Prof. Dr. Marco Antonio Zago. Nesse período, sua gestão foi marcada pelo fechamento de cinco restaurantes universitários, pelo cancelamento da matrícula de novas crianças nas creches por dois anos seguidos, pela eliminação das funções de garçom e auxiliar de cozinha, pelo corte de salário dos funcionários em greve, pelo fechamento da Creche Oeste e pela repressão e expulsão de estudante que pediam por moradia estudantil.

Em relação aos trabalhadores dos restaurantes universitários, sua política desde o início da gestão não se pautou no combate aos absurdos casos de assédio praticados pelas chefias e denunciados pelos trabalhadores, nem nunca procurou resolver os problemas ocupacionais que atingem a expressiva maioria destes funcionários muitas vezes os incapacitando para o serviço e outras atividades cotidianas.

Entre o início de 2016 e 2017 implementou sem qualquer discussão com a comunidade acadêmica o fechamento e a terceirização de cinco restaurantes universitários e endossou as condições para o fechamento dos outros dois apoiando a eliminação das funções dos trabalhadores relacionadas aos restaurantes. Durante a greve em defesa da manutenção dos serviços públicos, de condições de trabalho e salário, de contratação e contra o desmonte da Universidade, Waldyr Jorge ameaçou, chantageou, assediou os funcionários e descontou arbitraria e seletivamente três meses do salário de parcela destes trabalhadores.

Em relação às Creches, o cancelamento da matrícula de crianças durante os anos de 2015 e 2016 levou a uma ociosidade de mais de 150 vagas. Após se posicionar contrário e ser derrotado na decisão do Conselho Universitário de novembro de 2016, de que todas as vagas ociosas fossem preenchidas, Waldyr Jorge – em consonância com as vontades do Reitor – tentou desmontar a Creche Oeste à surdina, no meio das férias escolares e de funcionários. Frente à resistência de pais, crianças, estudantes, professores e trabalhadores, ameaçou reprimir os funcionários da Creche Oeste que não obedecessem à transferência arbitrária para a Creche Central. Desmarcou duas reuniões com o movimento de resistência, se negando a receber uma comissão dos representantes para dialogar.

Em relação aos estudantes iniciou uma política de controle moral e vigilância repressiva no Conjunto Residencial (CRUSP). Denúncias de estudantes que tiveram acesso a documentos internos do Serviço Social relatam dados de moradores e sua participação em assembleias, reuniões e, até mesmo, pessoas que eles levavam aos seus apartamentos, com suposições relacionadas inclusive à sua vida sexual e amorosa. Essa perseguição sistemática é concomitante ao processo de repressão e desocupação do Bloco G, no qual estudantes permaneciam morando e exigindo aumento das vagas no Conjunto Residencial.

Com esse histórico, o ex-Superintendente da SAS se despede com uma carta cínica aos funcionários, em que reivindica como parte de sua gestão a realização de "mudanças nas relações humanas de trabalho" e a implantação de "pequenas e grandes modificações estruturais". Além de apelar à religiosidade pra justificar as atrocidades cometidas como se estas fossem parte do "trabalho proporcionado a ele por Deus".

Essa é só parte do extenso currículo do Prof. Dr. Waldyr Antonio Jorge à frente da Superintendência de Assistência Social da USP, que garante a ele condições adequadas para disputar o cargo de Reitor da Universidade de São Paulo, conforme boato que circula nas conversas de corredores. Em seu lugar será empossado de maneira totalmente anti-democrática, o Prof. Dr. Fábio Muller Guerrini, vice-prefeito da Prefeitura da USP-São Carlos. Curioso que um engenheiro de produção seja indicado apra administrar uma unidade de assistência social e que é conhecido entre os trabalhadores por ser também um especialista em terceirização e parcerias público-privadas.

Com esse conjunto de ações voltadas à precarização e privatização dos serviços públicos, Prof. Dr. Waldyr Antonio Jorge se torna um forte candidato para dar sequência à política autoritária e repressora do atual Reitor, Prof. Dr. Marco Antonio Zago!




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