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PRIMÁRIAS NOS ESTADOS UNIDOS | Vitórias amargas para Trump e Clinton

Donald Trump e Hillary Clinton consolidam sua liderança. Trump enfrenta o acordo Cruz-Kasich. Clinton vence mas segue sem comemorar. Superarão os obstáculos até as convenções?

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

quinta-feira 28 de abril de 2016 | Edição do dia

O milionário Donald Trump chegou como favorito na interna republicana. Algo parecido acontecia entre os democratas, com Hillary Clinton encabeçando as pesquisas na Pensilvânia, o estado com a maior quantidade de delegados em jogo. Houveram eleições primárias também em Connecticut, Delaware, Maryland e Rhode Island.

Com esta série de primárias na costa leste, a campanha de Trump consolida sua liderança na interna republicana, e Clinton espera por fim ao “pesadelo” de Bernie Sanders. Todavia, ambos enfrentam problemas para alcançar esses objetivos.
Donald Trump venceu todas as primárias de terça, 26. Do lado democrata, Hillary Clinton se impôs na Pensilvânia, Maryland e Delaware, Bernie Sanders venceu em Rhode Islande e, até o fechamento desta edição, Connecticut seguia disputado, com Clinton à cabeça.

Um acordo desesperado para frear Trump

Trump tem tentado alcançar os 1.237 delegados necessários para a nomeação e, assim, evitar a possibilidade de uma convenção aberta ou negociada, em que se reabra a discussão sobre os candidatos.

Esta possibilidade, que parece ser a aposta de parte do establishment do partido, se concretizaria caso nenhum dos delegados alcance a maioria. O senador pelo Texas, Ted Cruz, e o governador de Ohio, John Kasich, chegaram a um acordo para concentrar e ceder determinados estados para impedir que Trump alcance a maioria.

As declarações de Jeff Roe, diretor da campanha de Ted Cruz, confirmam-no: “Nossa campanha vai centrar seu tempo e seus recursos em Indiana para deixar o caminho aberto à Kasich em Oregon e Novo México”. Por sua vez, John Weaver, diretor da campanha de Kasich, declarou que “transferiremos nossos recursos de campanha ao oeste e deixaremos o caminho aberto à Cruz em Indiana”. E acrescentou: “Nosso objetivo é uma convenção aberta, aonde confiamos que um candidato capaz de unificar o partido e ganhar em novembro emerja como candidato”.

Trump reagiu ante o acordo: “Acabam de anunciar que os mentirosos Ted e Kasich vão conspirar para me impedir de ficar com a nominação republicana. Desespero!”

No caso da Pensilvânia, só 17 dos 71 delegados republicanos em jogo serão assignados ao vencedor. O resto serão “delegados livres”, que poderão respaldar qualquer candidato na Convenção Nacional Republicana, em julho.
Trump voltou a criticar as regras do Partido Republicano, que permite aos delegados com mandato (eleitos nas primárias) a votar em outro candidato num potencial segundo turno na Convenção, inclusive em alguém que não tenha vencido uma única primária. Seria o caso de Mitt Romeny (que havia negado sua candidatura há algumas semanas), Condoleeza Rice (ex-Secretária de Estado de G. W. Bush) ou Paul Ryan (líder da maioria republicana e presidente do Congresso), que ressurgem como possíveis candidatos.

Hillary quer começar sua festa e acabar com Bernie Sanders

Do lado democrata, Hillary Clinton buscava fortalecer sua vantagem sobre Bernie Sanders, e chegar com uma margem importante à convenção. Apesar de não ter conseguido entusiasmar o partido com sua candidatura, a ex-Secretária de Estado de Obama ampliou sua vantagem ao vencer em Nova Iorque em 19 de abril.

Ainda que, formalmente, Clinton incentive que a disputa continue até a convenção, sua campanha já começou a enviar sinais contra a candidatura de Bernie Sanders. E seus golpes são dirigidos não tanto contra o senador de Vermont, mas sim à base que tem impulsionado econômica e politicamente sua campanha: milhares de jovens fartos da elite de Washington e da ingerência de Wall Street na política, que adotaram Bernie como seu candidato.

A eles foi dirigida a mensagem de Joel Benenson, um dos estrategistas da campanha de Clinton, sobre Sanders: “Apoiará o partido, ou se converterá em alguém que fará o que disse que não faria e tentará destruir o partido quando se tratar de derrotar os republicanos em novembro?”.

As primárias do 26 de abril mostraram a fotografia que nem Hillary nem o establishment democrata queriam ver a essa altura da competição: Clinton impondo-se com ampla margem na Pensilvânia, Delaware e Maryland, mas sofrendo em Connecticut e perdendo em Rhode Island pelas mãos de Sanders.
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Clinton quer começar já sua campanha pelas eleições gerais e, para isso, precisa assegurar-se do apoio dos eleitores de Sanders. Mas, hoje, nem sequer o próprio Sanders arrisca apoiá-la: “[meu apoio] Depende totalmente da plataforma de Clinton e de como responderá às necessidades de milhões de estadunidenses que estão fartos da política e da economia do establishment”. Mais uma vez, uma mensagem que fala mais dos eleitores que do candidato.

Traduzido por Seiji Seron




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