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XENOFOBIA NOS EUA | Violento crime de ódio em Los Angeles: o Sobrevivente fala!

Vítima de um crime de ódio, do Sri Lanka falou com o Left Voice (site americano que é parte da rede de diários internacional do Esquerda Diário) sobre sua experiência e como ele vê a América após a vitória de Trump.

terça-feira 29 de novembro de 2016 | Edição do dia

Apoiadores de Trump, imagem do BuzzFeed

Karan*, do Sri Lanka, foi vítima de um crime de ódio quando ele esperava em um ponto de ônibus na cidade de Torrance em Los Angeles. A eleição de Trump trouxe um aumento de crimes de ódio, no qual a maior parte segue não reportada. O Southern Poverty Law Center (uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos especializada em direitos civis, combate o ódio, a intolerância e a discriminação) reportou mais de 700 casos de assédio ou intimidação por ódio na semana após a eleição.

Desde a escrita de palavras de ódio rabiscadas nas paredes e nos carros, até os comentários lançados às pessoas negras na rua, ao assédio e à violência, a vitória de Trump sem dúvida encorajou racistas e atingiu o medo em muitos imigrantes e a população negra. O Left Voice documentou a forma como esses medos se manifestam na sala de aula.

Esse medo não é injustificado. Como Karan, muitos tem sofrido violência física desde as eleições. Karan falou com o Left Voice sobre o ataque que ele vivenciou.

Conte-nos um pouco sobre você.

Eu vim para os Estados Unidos através do "Diversity Visa Program" (programa de concessão de visto do Governo norte americano para imigrantes conhecidos como "imigrantes de diversidade", provenientes de países com taxas historicamente baixas de imigração para os Estados Unidos) em setembro de 2007. Eu estava aqui há mais de 9 anos e tornei-me um cidadão há 4 anos. Eu queria vir para os EUA porque eu acreditava na "liberdade de expressão". Eu sentia que era muito seguro. Mas agora por causa deste incidente eu estou pensando onde poderia viver que seria mais seguro. Eu queria que minha irmã viesse para os EUA, mas agora não tenho certeza por causa desse ataque e do racismo trazido pelo Trump.

Descreva o que aconteceu com você quando foi atacado.

Eu estava esperando no ponto de ônibus na esquina de Vermont e Carson, para ir trabalhar. Era em torno de 9:30. Havia um outro rapaz jovem e trabalhadores em um restaurante de fast food. Eu estava no meu telefone, quando por trás alguém me deu socos no meu rosto, empurrando meus óculos para o lado. Eu pude ver que era um rapaz branco em roupas de ginástica. Ele jogou-me no chão. Começou me socar mais e mais. Eu continuei perguntando: "Por quê? Por quê?" Mas ele nunca respondeu. Ele apenas continuou batendo em mim. O ônibus veio e ele saiu correndo. Tenho sorte de não ter caído na rua e de ele não ter puxado uma faca ou uma arma contra mim.

Por que que acha que o agressor fez isso?

O cara não tentou me roubar ou pegar qualquer coisa de mim. Ele veio me bateu e continuou batendo. Ele veio para me atacar. Eu sou do Sri Lanka e não sou mulçumano, mas para pessoas racistas não há diferenças. Eu usava uma barba naquele dia mas depois disso eu decidi fazer.

O que esse ataque tem a ver com a eleição de Trump?

Trump venceu com uma plataforma racista. Eu assistia enquanto ele dizia “Mulçumanos devem ser banidos”, “Mexicanos são estupradores” e “Construam o muro” repetidamente. Essa é a forma como seus apoiadores falam. Eu também não sou fã de Hilary. Dentro das mentiras de Trump existe um pouco de verdade; Ele fala sobre empregos desaparecendo e eles realmente estão, mas não é por causa dos imigrantes tomarem esses empregos! Eu não podia acreditar que ele foi eleito e meus amigos também não puderam. Isso mostra que o racismo é forte e ainda existe. Eu não achei que isso iria acontecer aqui.

Isso mudou seu cotidiano?

Eu estou mais cuidadoso e atento. Eu tento não estar exposto. Eu também não olho para meu celular tão de perto. Mas eu não irei parar de ir trabalhar ou viver minha vida. Eu disse a membros da comunidade do Sri Lanka e nós iremos realizar uma conferência de imprensa sobre o que aconteceu. Eu receio que minha família no Sri Lanka se preocupe comigo, mas eu também acho que essa história precisa ser ouvida. As pessoas precisam saber que se isso pode acontecer em Los Angeles, pode acontecer em qualquer lugar.

O Esquerda Diário condena totalmente os ataques racistas e xenófobos. Somos solidários e defendemos os imigrantes e todos os povos oprimidos contra a intolerância e a violência.

*Karan pediu que seu nome fosse modificado para este artigo.

Traduzido por Pamela Penha.




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