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REINTEGRAÇÃO DE POSSE MARCADA | Vila Soma: É urgente impedir um novo Pinheirinho

quinta-feira 14 de janeiro de 2016 | 00:25

A ocupação
A ocupação está localizada na cidade de Sumaré, Região Metropolitana de Campinas, no terreno de aproximadamente 500 mil m² pertencente à antiga indústria metalúrgica Soma, que foi à falência nos anos 90 e deixou milhões em dívidas com os trabalhadores e governos. Esse terreno, que estava há mais de vinte anos em desuso e sem cumprir qualquer função social, foi ocupado pelas famílias no ano de 2012 e hoje abriga mais de 10 mil pessoas, conformando a maior ocupação urbana do estado de São Paulo.

A ocupação significa hoje para mais de 2500 famílias a única garantia de acesso à moradia, sobretudo diante da ausência de investimento neste que deveria ser um direito assegurado pelos governos, mas que na realidade se torna uma moeda de troca destes para com as empreiteiras e a crescente especulação imobiliária. Nessa realidade os trabalhadores e a população pobre são os únicos prejudicados.

A discussão judicial
A partir da ação de advogados populares que acompanham o conflito, há cerca de dois anos a Ocupação se caracterizou junto aos órgãos judiciais como uma questão de ordem pública, definida como uma “decisão judicial transitada e julgada” (que as famílias deveriam desocupar, sem possibilidade de recorrer) e também ficou determinado que fosse feita a realocação das famílias através de programas habitacionais do governo, como o Minha Casa, Minha Vida. Acontece que existe um vácuo entre as duas decisões, afinal onde ficariam as famílias até receberem as moradias do programa do governo? E mais, o que garante que sairão do papel tais promessas? Os governos que a cada dia corta mais dos direitos sociais, sob a justificativa da crise, enquanto preservam os capitalistas que a criaram?

As famílias foram tornadas reféns do tempo nessa discussão que caminha a passos lentos e burocráticos, da boa vontade dos governos estadual e federal e também das construtoras, as mesmas que, não por acaso, estão metidas nos escândalos de corrupção no país. Como disse a própria prefeita de Sumaré, Cristina Carrara (PSDB), as empreiteiras avaliam uma valorização no terreno da Soma, logo é preferível que desocupe e se gaste muito mais realocando as famílias noutro terreno, longe do centro, inclusive, para não “incomodar” o cartão postal da cidade. É sob essa lógica que atua a “Justiça” e os governos, a lógica que favorece a especulação imobiliária, enquanto milhares de famílias são ameaçadas de despejo, sem direito a manterem-se em suas casas e nem mesmo a garantia de nova moradia.

Resistência
É comum ouvir os moradores da Vila Soma expressarem que querem resistir contra um “novo Pinheirinho”. Isso remete ao verdadeiro massacre cometido pela polícia com o aval da Justiça e governos contra mais de 7 mil moradores desta ocupação no ano de 2012, localizada em São José dos Campos, São Paulo.

Desde o início dessa semana muitas viaturas da polícia estão rondando e constrangendo os moradores da ocupação, anunciando em altos falantes a reintegração marcada para o domingo e “aconselhando” aos moradores que saiam voluntariamente, inclusive oferecendo caminhões e ajudantes para a mudança. Mas existe uma grande interrogação emanando de cada morador: Mudar para onde? São milhares de pessoas, entre as quais muitas crianças e idosos, que alegam não ter para onde ir.

Os moradores estão organizados e decidiram resistir. Para impedir que a imparcialidade da Justiça e o descaso dos governos façam repetir a tragédia de um novo Pinheirinho, os moradores estão construindo diversas ações de visibilidade na cidade e região, como a ocupação de praças, um grupo de acorrentados em frente à casa da prefeita e atos para pedir o apoio da população contra o massacre anunciado pela prefeitura, governo do estado e a Justiça, todos em favor da propriedade privada e contra milhares de vidas.

A partir da Juventude ÀS RUAS reforçamos nossa solidariedade total às famílias da ocupação, colocamos nossas chapas nas entidades estudantis que estamos à total disposição, bem como fazemos um chamado as demais entidades e coletivos de juventude a se solidarizarem ativamente. Também o Esquerda Diário está aberto para expressar a voz de cada morador e faz um amplo chamado para que todos fortaleçam a resistência da Vila Soma.




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