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VENEZUELA | Venezuela: muito baixa participação nas eleições em jornada com vários mortos

terça-feira 1º de agosto de 2017 | Edição do dia

Desde a manhã, com exceção de alguns centros de votação onde dezenas faziam fila para votar, a afluência de eleitores não parecia massiva em Caracas e em cidades do interior como San cristóbal, Ciudad Bolívar e Barinas, entre outras. Como pudemos constatar, em Caracas, inclusive nos locais controlados pelo chavismo, como no município Libertador, do Distrito Capital, a afluência se mostrava baixa. Tudo isto, se comparamos com uma eleição normal de outros momentos.

Os pontos com os quais o chavismo fazia alarde de grande participação como o Poliedro em Caracas e outros pontos, obedecia a que neles se concentravam muitos pontos de votação ou se habilitavam urnas onde qualquer um podia votar, inclusive se fosse de outro estado. Em lugares sem nenhum problema para que não houvesse centro de votação, estes foram retirados, tal como ocorreu no município de Carrizal, estado de Miranda, para concentrá-los na cidade de Los Teques, capital do mesmo estado.

Mas a jornada eleitoral para eleger os deputados da "Constituinte" de Maduro foi menor que na jornada da manhã, pois centros eleitorais ficaram desolados e com a maquinaria do PSUV (partido do governo Maduro) esperando a chegada de algum votante, enquanto o chefe de campanha do governo, Héctor Rodríguez, anuncia que estirarão até as 7h da noite o fechamento das mesas. Ainda que a MUD (partido opositor, da direita pró-imperialista) indicasse que até o meio da tarde havia votado 7% dos eleitores cadastrados de um total de mais de 19 milhões de pessoas, esse dado obviamente não se pode constatar, pois a oposição não tem mecanismo para verificar estes números, e por outra parte seus dados são "interessados". Mas, da mesma forma, independente do que afirme a direção do PSUV ou o próprio governo Maduro, de que teria participado um número muito alto de pessoas, isso é obviamente uma informação que está longe da realidade, pois são múltiplas as mostras e sinais de centros eleitorais sem a afluência que houve em eleições anteriores.

Não se pode esquecer o fato de que o governo recorreu a forte pressão e até à chantagem para que os funcionários públicos e empregados do Estado fossem votar, além dos habitantes de setores populares que dependem do benefício da assistência alimentar (CLAPs). O próprio Maduro, muitos dias antes, havia ordenado em todos os ministérios de governo, em grandes empresas como a petroleira PDVSA e as indústrias básicas, de eletricidade, de serviços como de telefonia, que seus gerentes garantissem que os funcionários fossem votar.

No mesmo sentido ia o chamado, também do próprio Maduro, de que nos centros de votação estariam ativos os chamados "Pontos vermelhos", onde as pessoas tinham que fazer passar o "carnê da pátria" (espécie de RG), cujo QR Code de cartão ficava registrado em um sistema controlado pelo governo, e não pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), e provar que haviam votado, para não perder benefícios em meio à fome que atravessa o país.

A jornada se caracterizou também por altos níveis de violência e repressão. Ao menos seis pessoas morreram durante a jornada desse domingo nos protestos contra as eleições da "Constituinte". Até agora, calcula-se que treze venezuelanos tenham sido assassinados em protestos nas últimas 24h, contando com as escaramuças da noite de sábado, ademais de dezenas de feridos e pessoas detidas.

Em Caracas, sete integrantes da Polícia Nacional resultaram feridos, ademais de outras duas pessoas, após uma explosão que incidiu nos grupos chamados da "Resistência" da MUD, em geral composta por jovens. A explosão ocorreu na praça Altamira de Caracas, município Chacao, bastião da oposição. Em um incidente similar, 7 membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) resultaram feridos no último dia 10 de julho ao explodir um artefato caseiro.

Ainda em Caracas, a oposição aglutinada na MUD havia chamado uma concentração massiva na principal via da cidade, mas esta não temrinou se realizando. O argumento dado pelos dirigentes da oposição é que as forças de segurança haviam dispersado aqueels que queriam participar antes que chegassem ao local programado, não obstante, ainda que certamente houvesse repressão no momento, os contingentes de pessoas eram bastante escassos. Poderia estar indicando problemas da MUD para garantir convocações massivas, como ocorreu na sexta e no sábado, que comprovaram que o "Ocupa Venezuela" da direita não tinha apelo popular.

No momento deste artigo, o CNE postergou por uma hora mais a abertura das urnas. No final da jornada, poderemos ter um panorama completo do resultado global, inclusive o que teria de declarar o próprio CNE quanto aos resultados.

O que já se pode afirmar é que a farsa de Constituinte convocada por Maduro nasce bastante débil e em descrédito, com muito baixa participação e em meio a um clima de pressões e chantagens para votar, assim como repressão, incluindo vários mortos.




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