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QUEIROZ | Veja histórico criminoso de Queiroz, o fiel amigo da família Bolsonaro, preso ontem em SP

Na manhã de quinta-feira (18), com mandado de prisão expedido em desdobramento das investigações sobre esquema de corrupção na ALERJ, prenderam em Atibaia, interior de São Paulo, Fabricio Queiroz que estava escondido na casa do advogado de Flávio Bolsonaro.

sexta-feira 19 de junho de 2020 | Edição do dia

Onde está o Queiroz? A pergunta que não calou durante meses, foi respondida ontem. E longe de ser uma surpresa o fato dele estar escondido no sítio de Frederick Wassef, advogado que presta serviços à família Bolsonaro, que numa entrevista em setembro do ano passado disse que não sabia do paradeiro de Queiroz, o ocorrido joga luz às debilidades desse governo reacionário, mergulhado em uma crise política profunda e cheio de fissuras em sua estrutura. É por isso que não podemos confiar nas instituições desse regime carcomido, instituições essas que de forma autoritária vieram mantendo Queiroz intocado desde dezembro de 2018, quando veio à tona o escandaloso esquema da rachadinha de salários de cargos comissionados na ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), contratações realizadas sem concurso e com o propósito de roubar o dinheiro público e mandar para a conta bancária de Flávio Bolsonaro, de quem era assessor direto, e de seus “parceiros de negócio”.

Antes mesmo de Jair Bolsonaro assumir o cargo de chefe do Executivo, como resultado das eleições mais manipuladas da história do Brasil, Queiroz o amigão da família Bolsonaro já virava notícia nos apresentando a primeira crise desse governo, que já mostrava sua afeição ao fascismo e fez promessas vazias de combate à corrupção e à “velha política”.

Veja também: O que concluir da primeira grande crise do governo Bolsonaro?

A amizade de Queiroz com o atual presidente é de longa data, desde a década de 80. O policial militar reformado, esteve lado a lado com seu filho mais velho Flávio Bolsonaro, de 2007 a 2018. Foi motorista, assessor e chefe de gabinete, tinha livre poder para nomear cargos e aumentar os rendimentos do esquema de corrupção no Rio de Janeiro. Investigado pelo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) por movimentações financeiras suspeitas em benefício da família Bolsonaro no valor de R$ 1,2 milhão e teve também sua filha envolvida nas picaretagens da família, uma personal trainer que era lotada em uma das secretarias de Bolsonaro e recebia cerca de R$ 10 mil mensais com pouco, ou quase nada de esforço.

Entre tentativas de se esquivar das denúncias, com aparições pontuais e a realização de uma cirurgia em decorrência de uma grave enfermidade, o ex-PM Fabrício Queiroz não compareceu a dois depoimentos marcados pela Promotoria, em mais um caso que escancarou a absoluta parcialidade do judiciário, que quando vê seus interesses políticos sendo atacados joga fora qualquer traço de transparência nos processos. Já Flávio Bolsonaro que num passado recente apareceu em vídeo ao lado do pai, se posicionando firmemente contra o foro privilegiado, alegando que o recurso é uma forma de que políticos corruptos escapem das investigações, utilizou do mesmo para fugir dos escândalos suscitados desde que as provas de sua corrupção vieram à tona.

A relação de Queiroz e Flávio joga as investigações em um nível onde a ligação com as milícias cariocas aparece e não pode mais ser escondida. Em seu tempo, o general da reserva e vice presidente Hamilton Mourão também já saiu em defesa dos corruptos, na polêmica de desvinculação do COAF.

Quando a reforma da Previdência era a principal pauta de ataque a classe trabalhadora tiveram também a proteção do Judiciário, na figura dos ministros Luiz Fux, do ex-super ministro Sérgio Moro e do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que arquivou o processo, todos unidos para a construção de uma imagem positiva a ser vendida pela opinião pública e atacar a classe trabalhadora. Após a aprovação da reforma da Previdência, outro ministro, Gilmar Mendes, chegou inclusive a pedir uma investigação contra os membros do Ministério Público do RJ que contrariaram a decisão anterior do Supremo e prosseguiram com as investigações do caso Queiroz. O presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia, foi outro que se mostrou solícito e assumiu a postura de botar panos quentes e zelar pela “honra” do acusado. As diferenças entre esses atores somem quando o assunto é descarregar a conta da crise capitalista nas costas dos trabalhadores. No fim de 2019 o MP chegou a reabrir o processo como forma de testar a força do governo Bolsonaro, fortalecendo assim a tensão entre o Executivo e o Judiciário.

Não é novidade para ninguém que as milícias já são parte integral do Estado do Rio de Janeiro, e como tal herda o DNA racista do capitalismo, nós do Esquerda Diário ao longo do ano passado por diversas vezes denunciamos sua localização dentro desse Estado e sua ligação com a família Bolsonaro. Denunciamos fortemente também a ferida do golpe institucional que segue aberta até hoje, 2 anos e 3 meses depois, o assassinato brutal em plena via pública da vereadora Marielle Franco que segue sem qualquer avanço substancial nas investigações. Outro “irmaozão” de Queiroz é o deputado Rodrigo Amorim (PSL) que logo após ser eleito ficou conhecido por quebrar a placa de Marielle e exibi-la com um sorriso nojento. A lista de amigos de Queiroz mostra muito bem o caráter dessas relações.

Ontem no sítio do advogado Wassef, durante a prisão de Queiroz, foram encontrados um pôster pedindo a volta do AI-5 e dois bonecos representando o personagem mafioso Tony Montana, do clássico filme Scarface. Tal associação curiosa, entre um traficante de drogas mafioso e assassino e o Ato Institucional número 5, que serviu para censurar, perseguir e prender opositores da ditadura militar brasileira, é bastante sugestiva para pensarmos as pretensões de Fabrício Queiroz, assim como de todo o clã dos Bolsonaro, representantes exemplares de “cidadãos de bem”.




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