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PANDEMIA | Vacina pra todos já! Brasil tem recordes de mortes de Grávidas e Puérperas contaminadas com COVID-19

O Brasil apresenta o número alarmante de 815 mortes entre gestantes e puérperas, atualmente de cada 10 mortes no mundo, 8 são no Brasil.

sábado 5 de junho de 2021 | Edição do dia

Mulheres grávidas esperam horas em fila no Hospital Rocha Faria, no Rio, por falta de médicos Foto: Fabiano Rocha / Foto Fabiano Rocha / Extra / Agência O Globo

As mulheres são um dos principais setores mais afetados pela crise sanitária, social e econômica que enfrentamos atualmente. São parte dos trabalhadores que estão nos piores postos de trabalho, empurradas para a informalidade, o trabalho doméstico, a dupla e tripla jornada, sofrem com a violência machista e policial e tem seus direitos reprodutivos cerceados, não há direito ao aborto legal e tão pouco direito a maternidade.

Neste momento onde o país sofre os efeitos do negacionismo de Bolsonaro e a conveniência de Mourão, os militares, governadores e governadores nas medidas insuficientes para conter a contaminação e principalmente pela falta de vacinas para a população mais uma vez as mulheres são as principais vítimas.

Segundo dados disponibilizados pelo Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19) as grávidas e mães de recém nascidos fazem parte de um grupo que tem morrido por covid-19 mais que a população em geral. De acordo com o levantamento houve um aumento de 145,4% na média semanal de 2021 quando comparado com a média de mortes semanal do ano passado. Enquanto isso, na população em geral, o aumento na taxa de morte semanal em 2021 na comparação com o ano anterior foi de 61,6%.

O país tem uma média de 10,5 gestantes e puérperas mortas por semana em 2020, chegando a um total de 453 no ano passado em 43 semanas epidemiológicas. Já em 2021, a média de óbitos por semana chegou, até 10 de abril, a 25,8 neste grupo, totalizando 362 óbitos neste ano durante 14 semanas epidemiológicas.
O OOBr Covid-19 utiliza os dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e, segundo a atualização mais recente que constam números até 10 de abril deste ano, desde o início da pandemia foram confirmados 9.985 casos de covid-19 entre gestantes e puérperas, com 815 mortes.

A morte elevada desse grupo se dá primeiramente por uma insuficiência já presente no sistema de saúde brasileiro antes mesmo da pandemia, e se aprofundou com o colapso da saúde em diversos estados. De acordo com a professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e uma das criadoras do observatório, a médica Rossana Francisco, a mortalidade materna no Brasil tem uma razão de 55 mortes por 100 mil nascidos vivos, enquanto que a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que a razão de morte materna seja menor que 20.

A falta de acesso aos tratamentos da doença, como internação em unidades de terapia intensiva (UTIs) e intubação, foram apontados como alguns dos gargalos no atendimento a esse grupo. Os dados do observatório mostram que uma em cada cinco gestantes e puérperas mortas por covid-19 (23,2%) não chegaram a ser admitidas em UTIs e, em um terço das mortes (33,6%), elas não foram intubadas. E reforça que as grávidas quando pegam covid-19, tem mais risco de evoluir para uma forma grave e precisar de uma UTI e de uma intubação do que temos na população geral, isso porque durante a gestação orgãos como o pulmão já estão sobrecarregados.

E a situação pode agravar ainda mais com as novas cepas em circulação no país. De acordo com secretário de Atenção Primária à Saúde do ministério, Raphael Câmara Medeiros Parente, a cepa P.1 do vírus, conhecida como variante de Manaus, mostrou agressividade maior em grávidas quando comparada com o vírus que circulava em
2020.

As mãos de Bolsonaro, Mourão e governadores e prefeitos também estão manchadas do sangue dessas mulheres vitimas de covid. Atualmente está em vigor a lei 14.151/21, que determina o afastamento das empregadas gestantes das atividades de trabalho presenciais durante a pandemia, sem alteração nos seus rendimentos. Contudo, essa lei não abarca as centenas de trabalhadoras informais, ou que estão desempregadas, que não tem direito a quarentena e seguem se colocando em risco para sustentar a si e as suas famílias. Neste momento, que o Brasil chegou a marca de 468 mil mortes e mais de 95 mil novas contaminações nas últimas 24 horas, Bolsonaro mantém as gestantes e puérperas fora do grupo prioritário do plano nacional de vacinação, e somente áquelas que comprovarem alguma comorbidade podem se vacinar.

O PSol entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para restabelecer a vacinação contra covid-19 para as grávidas e puérperas sem comorbidades. O requerimento não inclui as doses da Astrazeneca com a Universidade de Oxford, produzido pela Fiocruz no Brasil. A petição foi protocolada na tarde da última sexta (21/5). Essa Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 846), é importante porque os dados disponíveis hoje mostram que 59% das mulheres que morreram, após se contaminarem, não tinham comorbidades prévias, demonstrando que todas a grávidas fazem parte do grupo de risco. Além da necessidade de um laudo médico aprofundar ainda mais a desigualdades que vemos entre as mulheres que podem pagar uma consulta médica e aquelas que acessam ao SUS. Ou seja, caso se mantenha a necessidade de laudos, as mulheres pobres em sua maioria negras seguiram sem acesso à vacina.

É imprescindível que mulheres grávidas e puérperas sejam incluídas nos grupos prioritários para a vacinação, contudo isso é uma medida mínima para que estas mulheres não morram. Já que a garantia na lei, não é garantia automática na vida para todas as mulheres de maneira proporcional. Ainda mais em países como Brasil onde a vacinação avança em passos muito lentos. Por isso, é necessário que estejamos na luta pela vacina para todos! Uma luta internacional, antimperialista e anticapitalista para garantir a quebra das patentes, para produção em massa e distribuição racional em todo o mundo, com uma intervenção estatal em todas as empresas farmacêuticas e laboratórios, para colocá-los sob o controle dos profissionais de saúde. Bolsonaro e os governadores também são responsáveis por garantir as vacinas urgentemente.

Essa luta precisa ser nas ruas como ocorreu no dia 29, e precisa seguir pelo Fora Bolsonaro e Mourão, por a vacinação de todos, contra as mortes, a fome e o aumento da precarização da vida dos trabalhadores e setores oprimidos. A vacinação não pode depender da negligência assassina de Bolsonaro, dos lucros das farmacêuticas, e nem dos que vestem toga ou terno! Precisamos tomar essa luta em nossas mãos!




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