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PARALISAÇÃO INTERNACIONAL DE MULHERES EM SÃO PAULO | Unificar mulheres e professores no 8 de março, por um ato internacionalista

Na prática a linha do PT em São Paulo tem sido separar o 8 de março da jornada internacional. É preciso batalhar por um 8 de março conectado com as lutas internacionais e com a classe trabalhadora.

Maíra MachadoProfessora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

sexta-feira 3 de março de 2017 | 10:14

O próximo Dia Internacional das Mulheres, 8 de março, não será como nos anos anteriores. Neste dia esta sendo chamada uma paralisação internacional de mulheres, que pode colocar as mulheres de vários países e suas demandas na linha de frente no enfrentamento com os governos e esse sistema de opressão e exploração, como começou a apontar as enormes marchas de mulheres nos EUA contra Donald Trump.

Este importante chamado para que as trabalhadoras paralisem surgiu da convocatória de professoras norte-americanos e ativistas Angela Davis e Nancy Fraser, mas também do movimento Ni Una Menos da Argentina. Na carta das ativistas dos EUA elas propõe um feminismo para os 99% da população, ou seja, um feminismo que questione o 1% da população que acumula a riqueza do mundo, o que abre a perspectiva pra batalhar por uma estratégia anticapitalista na luta das mulheres.

Aqui no Brasil este chamado chega em um contexto bastante específico, pós golpe institucional que aprofundou e aumentou os ataques aos trabalhadores, como estamos vendo nas diversas reformas, como a da previdência, do Ensino Médio, trabalhista, levadas a frente por Michel Temer. São ataques profundos, que afetam principalmente a vida das mulheres, que ocupam os postos de trabalhos mais precários e a educação, área majoritariamente feminina.

A Reforma do Ensino médio, o congelamento dos gastos públicos na saúde e educação e os projetos de lei que tentam criminalizar os movimentos grevistas da educação, fizeram com que a CNTE, tivesse que chamar mobilizações dos trabalhadores da educação em todo país, e a primeira assembleia esta sendo chamada justamente para o dia 8 de março.

A unificação, neste 8 de março, dos trabalhadores da educação e da paralisação internacional de mulheres pode ser um elemento de resistência e força contra o governo golpista. Em São Paulo a Apeoesp, maior sindicato da América Latina, e o Sinpeem, sindicatos de professores do estado e da prefeitura respectivamente, farão suas assembleias na Avenida Paulista, palco de diversas manifestações, enquanto o ato tradicional de mulheres do 8 de março terá sua concentração na Praça da Sé.

Disso surge a dúvida: por que não organizar para que tanto as assembleias, quanto o ato de mulheres não se unifiquem e se concentrem juntos?

Em primeiro lugar viemos dando uma batalha entre professores e professoras pra que a APEOESP organize a paralisação internacional das mulheres na categoria, que é majoritariamente feminina, não separando a demanda das mulheres da demanda dos professores. Ao mesmo tempo nós do grupo de mulheres Pão e Rosas atuamos nas reuniões unificadas para organização do 8 de março em São Paulo junto com várias organizações de esquerda defendendo a realização do ato na Avenida Paulista e a unificação com professoras e professores. Mas para a Marcha Mundial de Mulheres, ligadas à CUT e CTB, centrais que bradam para os quatro cantos contra o golpe, mas na prática estão impondo uma verdadeira trégua ao governo golpista e seus ataques, o 8 de março das professoras e trabalhadoras da educação não pode ser o 8 de março internacionalista de luta das mulheres, para que nada saia do controle de suas direções e para que a paralisia seja mantida, como manda o script das centrais.

Na prática a linha do PT em São Paulo tem sido separar o 8 de março da jornada internacional.

Até agora Bebel Noronha, presidente da Apeoesp, não soltou uma linha apoiando que os dois atos se juntem e a Marcha de Mundial de Mulheres tentou diversas manobras para impedir que o trajeto votado para o ato de mulheres se unificasse com as professoras. Acreditamos que várias organizações da esquerda, com quem temos debatido em comum a articulação do ato unitário do 8 de março e que consideravam importante que o ato fosse na Avenida Paulista precisam levar até o final esta batalha e consideramos que ainda é tempo de impedir essa divisão. Em teoria os professores vão descer a Avenida Brigadeiro Luiz Antonio e encontrar com o ato de mulheres na Rua Maria Paula. Mas sabemos qual é a prática e o tipo de ato que a CUT e a CTB querem. Não temos nenhuma garantia de que assim vá ocorrer e sabemos que as manobras possíveis pros atos não se encontrarem são várias.

Não podemos confiar na CUT e CTB, que não querem que o 8 de março seja parte da luta internacional e unitária, para que professores e as mulheres marchem juntos, parando a cidade pelas mulheres e pela educação, já que sabem que pode ter o elemento explosivo da força das mulheres, uma demanda que vem sendo um dos principais elementos de luta nos últimos tempos. Ao mesmo tempo, batalhamos por um 8 de março unificado, cuja convocatória atual está para concentração na Praça da Sé.

Mas ainda é tempo de corrigir esse erro. Precisamos exigir tanto nos sindicatos de professores quanto da Marcha Mundial de Mulheres, CUT e CTB, que as assembleias de professores e o ato das mulheres estejam juntas desde o inicio, também com outras convocatórias deste 8 de março como a manifestação que está sendo chamada para a Avenida Paulista. E que a unidade não impeça que cada um possa expressar suas diferenças.

Com uma concentração e trajetos únicos, com as mulheres e professoras a frente, sendo a ponta da lança para começar a combater esse sistema de miséria e opressão.

E que essas manifestações sejam parte da paralisação internacional das mulheres levantando as bandeiras das mulheres em todo o mundo, sendo parte das manifestações de mulheres nos Estados Unidos, contra o racismo e pela vida das mulheres negras, ao lado das mulheres que gritam Nem Uma Menos na Argentina. Queremos um 8 de março internacionalista.

Nós do Pão e Rosas e do Professores pela Base levaremos essa batalha para nossos locais de trabalho e estudo, nas reuniões sindicais e de organização do 8 de março. Ainda é tempo de unificar o 8 de março com a luta das professoras e professores!




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