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MOVIMENTO OPERÁRIO NA FRANÇA | Um ressurgimento da radicalidade na classe operária Francesa?

Depois de vários anos de decadência das lutas, está a classe operária mostrando as caras? A luta da Air France, com seus executivos perseguidos sem camisa, planta esse questionamento.

quarta-feira 21 de outubro de 2015 | 00:09

Das imagens dos executivos de recursos humanos da Air France e sua camisa rasgada pelos seus empregados a aquelas das tumultuosas boas-vindas de Macron em Lyon, a atualidade está marcada por certos sinais de contestação de setores da classe operária contra seus exploradores e seus representantes políticos. A pergunta é se essa tendência é um epifenômeno temporário ou se, em troca, inaugura uma radicalidade para o próximo período de luta de classes.

O “assunto das camisa” da Air France e a dura reação da patronal e do governo tem cumprido um papel de caixa de ressonância do descontentamento operário que se havia expressado pouco até o presente. Em efeito, mostrou-se claramente que sempre há um enfrentamento entre os “sem camisa”, e os “sans culotte” modernos, os trabalhadores assalariados.

Na imagem dos trabalhadores de Fumel em fevereiro, ameaçando explodir a fábrica, caso o plano de despedidos se aprovasse, os ares da luta “dura” existiam, porém ainda eram uma exceção nesse período de declínio da luta de classes. Na atualidade, como resultado do “caso das camisas”, percebe-se um ressurgimento potencial da radicalidade.

Os trabalhadors do STX não tiveram “nenhum intercâmbio de cortesias” com François Hollande durante sua visita a sede de Saint Nazaire. Com assovios, vaias e iogurtes atirados receberam Emmanuel Macron no local de trabalho de Lyon, visita qualificada de “provocação pura e simples”

As classes dominantes estão tratando de frear qualquer sinal de radicalização

O governo do PS está muito vigilante diante de qualquer possível salto no conflito social. A reação imediata, inequívoca e violenta das classes dominantes através das instituições do Estado e dos meios de comunicação burgueses indica um desejo de freiar a radicalização que se expressa cada vez mais na classe trabalhadora. A tática é simples: deslegitimar, sancionar e criar um clima de temor entre a população frente a uma expressão radical por parte dos oprimidos e explorados.

Paralelamente aos apelos à calma e insultos aos trabalhadores irritados da Air France, o aparato repressivo judicial e policial se dispôs a sufocar a rebelião nascente... E continuar o trabalho de retirada de direitos dos trabalhadores.

Por outro lado, Manuel Valss afirmou na Assembleia Nacional que o plano que prevê a eliminação de 2900 postos na Air France, apresentado na ausência de um acordo negociado, pode “ser evitado” com a retomada do diálogo. O primeiro-ministro tratou de diminuir a pressão à “esquerda da esquerda” e à CGT, enquanto o dossiê da Air France continua pesando o clima social. A CGT também havia decidido não participar da conferência social do 19 de outubro, pela primeira vez desde o início dos cinco anos. As eleições sindicais se aproximam, particularmente na SNCF (Rede de Estradas de Ferro Francesa), no dia 19 de Novembro. Isso juntamente ao Congresso da Confederação, que se realizará em Abril de 2016, obrigam-na a adotar uma postura sindical.

São necessárias a solidariedade e as ações de classe para fazer frente à patronal

Diante dessa situação, temos que organizar as iniciativas sindicais e políticas nos próximos dias para expressar nossa solidariedade com os trabalhadores da Air France. Devemos denunciar a repressão do Estado e da patronal.

Os sindicatos da Air France chamam a manifestarem-se diante da Assembleia no próximo 22 de Outubro. Por toda a França haverá ações de solidariedade. Têm de construir frentes únicas para enfrentar os ataques da patronal e o governo contra os trabalhadores, que estão levantando a cabeça. O NPA, mas também Lutte Ouvrière, devem colocar-se como cabeça dessas iniciativas.

Até agora, Mélenchon, Pierre Laurent e Philippe Matínez, enquanto denunciam a repressão, não preparam uma resposta que possa alterar a situação da luta de classes na França.

Tem de concretizar a perspectiva de um "todos juntos" contra a repressão. O ódio de classe pode se converter na questão central para unir os sindicatos e capitalizar a indignação criada pelos golpes contra nossos irmãos na Air France. Seria uma maneira de preparar a resposta!




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