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1M NO CHILE | Um relato do 1° de Maio no Chile, onde também se expressou a luta contra o golpe institucional no Brasil

Como parte da campanha internacional impulsionada pelas organizações da Fração Trotskista contra o golpe institucional no Brasil, nossos companheiros do PTR -Partido de Trabalhadores Revolucionários - organizaram um impactante bloco no 1° de maio em Santiago. Relatamos como foi essa experiência desde o ponto de vista de um militante brasileiro do MRT no bloco internacionalista, classista e antiburocrático que organizaram os companheiros de nossa organização irmã no Chile.

segunda-feira 2 de maio de 2016 | Edição do dia

Desde que no Brasil avançou a operação reacionária de impor um golpe institucional liderado pela direita no parlamento e o judiciário, a FT por sua vez, como parte da tentativa de recuperar elementos de tradição da esquerda marxista revolucionária, têm intensificado a campanha internacionalista de denúncia ao golpe e aos duros ataques que a classe trabalhadora brasileira vem sofrendo nos últimos meses.

E o dia internacional dos trabalhadores ficou marcado em alguns países onde a FT se faz presente, como Argentina, Bolívia, Venezuela e em alguns países da Europa, onde nosso grito de rechaço ao golpe institucional se fez escutar. E no Chile não foi diferente.

Um dos momentos mais marcantes do preparo da militância e simpatizantes para o dia da marcha, foi na organização, dias antes, do ’2° Festival Escena Obrera’, que contou com a participação de vários grupos artísticos com intervenções teatrais e musicais de diferentes estilos. O que os indentificavam, além do tema em torno da realidade da classe trabalhadora, era as interpretações carregadas de sentimentos que os participantes deixavam transparecer de forma crua e verdadeira, como se o festival, mais que um palco, fosse o espaço de exposição de experiências reais, já que ali estavam na sua maioria trabalhadores e jovens ligados a sindicatos, grupos de estudantes de artes e associações operárias em torno de times de futebol.

Não era pra menos já que o Festival foi feito em Quilicura, região tida como parte de um ’cordão industrial’ próximo a Santiago de forte concentração operária, algo como nosso ABC paulista.
Ao final, houve o chamado da agrupação ’Alternativa Obrera’ ao público para compor o bloco classista e internacionalista na marcha do 1° de maio e muitos dali atenderiam estando presentes no domingo.

No dia da marcha tambem ficou evidente que os companheiros chilenos tem desavios semelhantes aos nossos no Brasil: além de terem que se enfrentar com uma direita raivosa, entreguista, antioperária e pinochetista, os obstáculos dentro da esquerda também são bem parecidos já que aqui também existe uma "CUT" que agrega milhões de trabalhadores através de sindicatos, hoje usurpados por uma burocracia governista, e parte da esquerda mais sectária que se nega a travar uma luta de idéias e ações para recuperar os sindicatos da influência dos burocratas do PC chileno.

Essa diferença também se expressou no 1 de maio onde houveram dois atos, sendo que um virava as costas para a tarefa fundamental de recuperar os sindicatos da CUT chilena, e o outro organizado por ela mesma onde para os revolucionários se impunha a necessidade de criar uma fração internacionalista no ato (pois, além do perfil do bloco ter o eixo de denúncia ao golpe institucional no Brasil, existe a característica clássica da influência stalinista e por sua vez nacionalista que o PC impregna historicamente entre os trabalhadores chilenos, impondo que o princípio do internacionalismo seja vital para as organizações marxistas sérias no país). E como parte das demais consignas, lutaríamos por uma fração na marcha que apresentasse o princípio da independência da classe frente aos ataques e ajustes do governo Bachelet e dos empresários que se unem para impor uma reforma trabalhista semelhante a que a direita chilena aplicaria.

Na marcha, o bloco classista e internacionalista conseguiu cumprir esse papel reunindo cerca de 200 pessoas entre trabalhadores, estudantes universitários, grupos de mulheres e jovens secundaristas.

Todos os setores que de alguma forma recentemente saíram a lutar por suas demandas, estavam representados e ao final da marcha tiveram espaço aberto para intervir e além de se delimitarem do demais setores burocráticos com as consignas chamando a CUT a romper com o governo, se uniram em torno da unidade dos trabalhadores desde as bases nos sindicatos chilenos e Internacionalmente, chamando a campanha de rechaço ao golpe institucional e aos ajustes do PT e governos no Brasil, reconhecendo que se este ataque aos trabalhadores passa no país vizinho é um ataque a todos trabalhadores sulamericanos, já que a direita no continente se fortalecerá para impor seus ditames pró-imperialistas.

Romeu Montes, desde Santiago do Chile




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