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História USP | Um debate com a mesa “22 e suas Revoluções: O Povo escreve sua História

A mesa referente ao tema da calourada da História USP, organizada pelo CAHIS, aconteceu ontem (segunda feira 14/03), contando com a participação do estudante do curso e membro da gestão “Ainda Assim eu me Levanto” Gabriel Borges; Queops Damasceno do MLB e Yani Gonzales do Consulado de Cuba. Tendo passado por diversos temas de extrema importância no cenário político nacional e internacional, além de questões referentes à vida universitária dos estudantes e balanços históricos de grandes processos, neste artigo nós da juventude Faísca buscaremos discutir à partir de uma visão marxista revolucionária com os pontos levantados pelos debatedores.

João SallesEstudante de História da Universidade de São Paulo - USP

terça-feira 15 de março de 2022 | Edição do dia

Tendo início às 20h, a intervenção de Gabriel Borges abriu o debate discutindo centralmente a situação da universidade durante agora o retorno presencial, em como após a conquista das cotas raciais na USP vem se aprofundando a já enorme elitização do ensino superior público no país, com os governos federal e estadual alinhados em um projeto privatista de educação. Como resultado vemos uma entrada cada vez maior da iniciativa privada, inserida justamente a partir da precarização levada pela alta burocracia acadêmica e que se reflete na vida cotidiana dos estudantes com a falta de professores, além de políticas de permanência fundamentais para que jovens filhos da classe trabalhadora possam usufruir de uma universidade construída pelos próprios trabalhadores. E neste sentido a importância do movimento estudantil estaria em organizar a luta em defesa da universidade pública e das condições de ensino dignas com ampliação do acesso.

Seguindo o debate, Queops Damasceno retomou a questão da consolidação do Estado operário na União Soviética e do processo de expansão do movimento revolucionário em diversos países do mundo, e apesar de citar diversos países que foram de uma forma ou outra impactados pela revolução na Rússia, o foco maior esteve em conectar essas reflexões com o processo da Revolução Cubana de 1959, tema abordado em sequência por Yani. A intervenção de Queops também entrou em debates políticos da atualidade, como por exemplo a guerra na Ucrânia e também as eleições de 2022 em nosso país, e mesmo remarcando a questão da necessidade da luta de classes e que os exemplos estariam nas experiências passadas, se limitou a colocar a necessidade de não depender “somente” das eleições para tirar Bolsonaro e deixando de colocar uma alternativa de projeto para a esquerda que não seja a eleição de Lula e do PT, que tem se tornado cada vez mais consolidado na subjetividade de importantes setores da sociedade, na esperança de retornar a um momento das vidas em que o PT governou conciliando com a direita com uma bonança econômica que já não é mais possível, fazendo com que a precarização das vidas do povo trabalhador se agudizem cada vez mais.

E finalizando a primeira rodada de intervenções Yani Gonzales retomou elementos históricos de conquistas da classe trabalhadora cubana à partir da revolução na ilha, focando principalmente na questão do acesso ao ensino público superior universal, que se contrasta gritantemente com a estrutura de ensino superior no Brasil e também com os papeis diferentes da universidade no capitalismo e em um Estado operário - mesmo que este encontre limitações bastante concretas pela pressão do imperialismo dos EUA por um lado, mas também devido a própria política levada pelo Partido Comunista de Cuba que tem atacado as condições de vida dos trabalhadores para segurar o orçamento de Estado e mantido setores estratégicos da economia nas mãos de militares da alta cúpula do exército, aumentando a desigualdade social na ilha e também a inserção do capital estrangeiro, gerando revoltas reprimidas pelo governo recentemente.

Nós da juventude Faísca também intervimos na mesa desde o público, colocando nossa visão sobre os temas abordados e também sobre como encaramos esse processo de recepção dos calouros, mas também do retorno das atividades presenciais na universidade, e também em questionamento a pontos que em nossa opinião devem ser discutidos tanto em relação a balanços das experiências passadas como de nosso papel nos dias atuais. Em nossa visão a juventude de dentro e fora da universidade deve estar ligada profundamente com os principais acontecimentos políticos, e enxergar que seu papel nas lutas mais cotidianas deve estar também ligado a luta pelas demandas mais imediatas e sensíveis dos setores mais precarizados.

Acreditamos que isso passa por encarar nosso papel enquanto sujeitos políticos conscientes e que o papel do movimento estudantil deve ser o de trazer essa realidade ao máximo de estudantes através de sua auto organização, se apoiando em exemplos como a luta contra a guerra do Vietnã em 1968 para marcar uma posição firme contra a guerra na Ucrânia, pela retirada imediata das tropas russas do território ucraniano e por fora OTAN de todo leste da Europa, denunciando os interesses dos imperialistas em preparar suas guerras as custas da miséria dos trabalhadores e do povo pobre. Devemos encarar momentos históricos como esse em que vivemos, e batalhas internacionalistas como esta enquanto parte das tarefas de preparação de uma juventude revolucionária que possa intervir como elemento decisivo para os momentos da luta de classes que permitam construir uma alternativa política independente dos trabalhadores, que não repita os erros da conciliação petista e com horizonte em um governo de ruptura com o capitalismo, tal qual fizeram os bravos bolcheviques - tais quais os dirigentes Lênin e Trótski - e os trabalhadores russos, marcando profundamente a história de toda humanidade e deixando lições para nossa luta aqui no Brasil e no mundo todo, contra a extrema direita, o reacionarismo e a exploração capitalista.

Estes e outros temas serão discutidos na nossa atividade de amanhã (quarta-feira 16/03) “Qual a visão dos Marxistas sobre a Guerra na Ucrânia e Qual o Papel da Nossa Geração?” às 15:00 em frente a biblioteca Florestan Fernandes. Convidamos a todes para participar com a gente e a seguir nosso instagram @faisca.usp.




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