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LEGALIZAÇÃO DO ABORTO | Um chamado às mulheres de Campinas para lutar dia 08 pela legalização do aborto

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, chamamos todas as mulheres de Campinas para que sejamos milhares e façamos como as argentinas no dia 8, em São Paulo.

sábado 28 de julho de 2018 | Edição do dia

Uma maré verde está começando a reverberar forte em toda a América Latina. Estamos falando da imensa luta pela legalização do direito ao aborto, gratuito e seguro. O abalo sísmico da maré verde, em referência aos lenços verdes utilizado como símbolo pelas milhares de mulheres que lutam pelo direito ao aborto, teve início na Argentina.

A aprovação na Câmara dos Deputados da Argentina foi o primeiro momento e reflexo de uma grande luta que se desenvolveu nas ruas, protagonizada por milhares de argentinas e argentinos. Agora no dia 08 teremos o segundo round dessa guerra contra o conservadorismo e daqueles que querem que as mulheres sigam morrendo, quando será pautada a legalização no Senado do mesmo país.

A maré verde já começa a impactar em outros países. Na quarta foi a vez do Chile. Mais de 50 mil manifestantes saíram às ruas para exigir o direito ao aborto.

No Brasil esse também é um problema gravíssimo a ser encarado. Aqui meio milhão de mulheres realizam abortos todos os anos, e a clandestinidade é responsável por cerca de 1460 mortes no mesmo período.

A cidade de Campinas, infelizmente, tem ganhado repercussão por declarações e práticas de seus mais reacionários representantes políticos. Aqui ocorreu a tentativa de incluir na lei orgânica do município a proibição do debate de gênero e sexualidade nas escolas municipais. A mesma câmara reacionária, que chegou ao cúmulo de aprovar uma moção de aplauso ao declarado inimigo das mulheres Donald Trump, também deu outras mostras de reacionarismo, machismo e misoginia ao aprovar uma moção de repúdio contra a questão do Enem que citava a intelectual Simone de Beauvoir. Além disso, também foi essa Câmara que pautou em âmbito municipal o projeto do Escola sem Partido, que na realidade visa censurar os professores em sala de aula, em uma verdadeira perseguição, que no âmbito nacional tem o estuprador confesso Alexandre Frota como cara.

Enquanto os políticos da ordem e sua Câmara reacionária querem impedir o debate de gênero e sexualidade na cidade, Campinas é marcada por feminicídios e violência contra a mulher que ganham repercussão nacional. Foi aqui que se ouviu o grito de revolta de centenas de mulheres contra o feminicídio da Isamara na virada do ano de 2016 para 2017.

Há poucas semanas também ocorreu a forte de greve de trabalhadores da Unicamp, onde as mulheres tiveram um papel destacado dessa luta, colocando em primeiro plano a defesa dos serviços de saúde oferecidos pela universidade, entre eles vários destinados à saúde da mulher.

Não foi a primeira e nem a última vez que as mulheres de Campinas mostraram sua força, e agora podem cumprir novamente um importante papel na luta pela legalização do aborto.

No Brasil, a descriminalização será pautada em audiência pública, e sem poder de decisão, no STF nos dias 03 e 06 de agosto, através de uma Arguição de Descumprimento Fundamental (ADPF) de iniciativa do PSOL e do Instituto de Bioética. Queremos que o aborto não apenas deixe de ser crime, mas que seja um direito. A pauta da descriminalização é muito importante, uma vez que mulheres são expostas ao absurdo de serem encarceradas por abortarem. Contudo a luta pela legalização não pode ser separada da descriminalização, porque somente com condições seguras para exercer o direito ao aborto, em hospitais públicos, será possível acabar com essa carnificina que ceifa a vida de milhares de mulheres todos os anos, a maioria negras e pobres.

Por isso, nas próximas semanas, as mulheres tem que estar nos locais de trabalho e estudo convocando ofensivamente que sejamos milhares nas ruas em São Paulo em solidariedade à luta das argentinas no dia 08 de agosto, mesma data em que será pautado no Senado daquele país, porque, se esse direito é arrancado na Argentina, é um passo que fortalece nossa luta pela legalização do aborto no Brasil, que pode ser um motor para que enfrentemos os ataques dos golpistas de conjunto, como as reformas, a PEC do Teto e a Lei de Terceirização, em um ano de eleições nos quais qualquer que seja o governo eleito terá que implementar ataques, já que nenhum candidato se dispõe a romper com mecanismos de ajustes em tempos de crise como são a Lei de Responsabilidade Fiscal e o pagamento da dívida pública.

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas estamos organizando um ato em solidariedade à essa luta e pela legalização do aborto no Brasil, em frente ao consulado da Argentina, no dia 8. Estaremos organizando caravanas de diversas cidades, inclusive de Campinas, para podermos juntar nossas vozes em uma só para que façamos como as argentinas pela legalização do aborto. Também defendemos que os grupos de mulheres da cidade impulsionados pela Marcha Mundial de Mulheres, dirigidos pelo PT, que em todos os seus anos de governo permitiu que milhares de mulheres seguissem morrendo ao não legalizar o aborto, as centrais sindicais e as organizações de esquerda como o PSOL, que possui parlamentar na cidade, deveriam estar organizando ônibus e discutindo esse tema em cada local onde estão para que a maré verde tome Campinas e que o grito de revolta de milhares de mulheres que já ocuparam as ruas da cidade por nenhuma a menos se transforme em organização.

Para se inscrever nos ônibus que irão à São Paulo no 08 de Agosto entre em contato pelo Facebook do Esquerda Diário ou fale com alguma militante do Pão e Rosas de Campinas.




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