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MULHERES NEGRAS E MARXISMO | Um chamado às e aos estudantes do Recife

Nesta semana começaremos o grupo de estudos relacionado ao curso “Mulheres Negras e o Marxismo” do Campus Virtual do Esquerda Diário com participantes de vários estados da região. O curso aborda alguns conceitos chaves que estão presentes no livro de mesmo nome, lançado em março pelas Editoras Iskra.

Cristina SantosRecife | @crisantosss

terça-feira 13 de abril de 2021 | Edição do dia

Nesta semana começaremos o grupo de estudos relacionado ao curso “Mulheres Negras e o Marxismo” do Campus Virtual do Esquerda Diário com participantes de vários estados da região. O curso aborda alguns conceitos chaves que estão presentes no livro de mesmo nome, lançado em março pelas Editoras Iskra. Este texto é um chamado às e aos estudantes do Recife e região metropolitana a se apropriarem destes conceitos.

Nas poucas universidades onde o marxismo não é uma corrente marginal, a abordagem fica limitada a encará-lo desde uma perspectiva acadêmica, como um método de observação. O objetivo deste livro é colocar que o marxismo não é uma ferramenta somente para compreender a realidade, mas sim para transformá-la. Marx condensou esse pressuposto na sua tese XI, no escrito “Teses sobre Feuerbach”, de 1845, onde diz que “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo.

Parte do que buscamos com o debate nesse livro é colocar a relevância de tomarmos em nossas mãos as demandas dos setores mais oprimidos e explorados por esse sistema como parte da nossa formação como sujeitxs políticxs.

Quantos das discussões em nossos círculos feministas e/ou antirracistas colocam em debate o problema da terceirização que atinge uma massa de mulheres negras; mulheres que estão no nosso cotidiano nas universidades e são totalmente invisibilizadas nas discussões acadêmicas? A morte do menino Miguel pelo descaso da então patroa de Mirtes, é uma expressão concreta do racismo da elite escravocrata brasileira em conjunto com a política de Bolsonaro, que declarou em meio ao mês mais difícil da pandemia até aquele momento que o trabalho doméstico era “serviço essencial”, com o aval de Paulo Câmara do PSB aqui no estado de Pernambuco e a luta por justiça precisa ser levada pelo movimento estudantil. A negação sistemática às mulheres trans e travestis ao acesso ao trabalho, ao seu próprio nome e até mesmo à construção do seu corpo de acordo com sua identidade autopercebida é uma realidade para milhares de LGBTQI+. Vimos como o descaso capitalista tirou a vida de Lorenna Muniz. Esse mesmo descaso aliado ao discurso misógino bolsonarista leva a que nossa região seja a mais violenta do país para as pessoas LGBTQI+.

Precisamos lutar por uma universidade que não seja uma ilha em relação à classe trabalhadora e setores oprimidos da sociedade, pois ela expressa dentro de si as suas contradições materialmente, assim como a necessidade de uma resposta que se enfrente com o sistema capitalista, o racismo e o patriarcado. Com este breve texto, convidamos todas, todos e todes que queiram se somar a essa luta, a participar do curso “Mulheres Negras e o Marxismo” com Letícia Parks e dos grupos de estudos regionais que começam na próxima semana.

A primeira aula do curso com o tema “opressão e exploração” aconteceu no dia 06 de abril e se encontra disponível no Campus Virtual do Esquerda Diário. A próxima aula, com o tema “luta negra e luta de classes” será na próxima terça-feira, 13 de abril. Abaixo a programação completa com os encontros do Grupo de Estudos:

No Brasil do governo Bolsonaro, filho indesejado do golpe institucional de 2016, arquitetado por muitos dos que hoje se fazem de oposição mas estão de braços dados com Bolsonaro na hora de aprovar as “reformas” que cortam na nossa carne, como os governadores, o STF e a rede Globo; as mulheres, negros e nordestinos veem se mostrando como o setor que pode fazer frente ao governo e ao golpismo, como mostram pesquisas recentes que colocam que somos os setores que empurram para baixo a avaliação deste governo.

Entender que não há nenhum fator natural, divindade ou destino que mantenha milhões de mulheres e negros em situação de pobreza enquanto alguns parasitas engordam suas fortunas, ao mesmo tempo que colocar a necessidade e apontar caminhos para nossa organização aliada à classe trabalhadora e setores oprimidos, é tarefa central do que buscamos construir com as ideias expressas neste livro.




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