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MOVIMENTO ESTUDANTIL UERJ | Primeiro balanço da gestão proporcional do CASS da UERJ

Se pensarmos em tudo que aconteceu no nosso país, politicamente, no último ano, em todos os cenários e lutas pelas quais passou o Rio e a UERJ, as necessidades de um Centro Acadêmico que se propõe a impulsionar os estudantes para responder a realidade, certamente é possível escrever mais do que esses pontos. Queremos, porém, a partir desses 3 pontos, abrir o debate com cada estudante do Serviço Social sobre o que construímos no último ano e sobre as necessidades no movimento estudantil diante os desafios colocados para o próximo período.

quinta-feira 23 de novembro de 2017 | Edição do dia

1. Um dos debates que foi parte do processo eleitoral de 2016 dizia respeito a posição das chapas quanto ao cenário político nacional. Nós da Faísca, que compusemos a chapa Contra o Golpe: Convoque Sua Luta composta por militantes da Faísca e independentes, desde o nome da chapa nos posicionamos fortemente contra o golpe institucional encabeçado pela direita e pelos mesmos políticos que hoje buscam avançar nos ataques aos nossos direitos. O golpe, que foi orquestrado junto a burguesia do nosso país, foi um mecanismo para se aprofundar os ataques que o governo do PT já vinha fazendo, foi uma forma de buscar descarregar mais rapidamente a crise nas nossas costas.

Se consolidaram no último período ataques brutais, como a PEC 55 que congela os gastos em saúde e educação por 20 anos, a lei da terceirização, a reforma trabalhista e agora tentam aprovar a reforma da previdência. Hoje vemos um avanço da direita, além das reformas e cortes, querem atacar o direito ao aborto nos casos de estupro, diminuir a maioridade penal, transformar os LGBT’s em pessoas doentes, legalizar o trabalho escravo.

O golpe foi um divisor de águas na esquerda brasileira. Foi um marco e segue sendo um forte elemento para análise da política nacional. Sabemos que não há como existir uma prática consequente por fora de uma análise consequente da realidade. Por isso, colocamos abertamente a nossa posição contrária a caracterização do PSTU (que hoje atua enquanto majoritária da gestão) de que o nosso país não passou por um golpe institucional que colocou a correlação de forças do nosso país mais à direita e que atualmente não estamos numa conjuntura com elementos reacionários.

Essa posição foi reafirmada no último congresso da CSP- Conlutas (onde o PSTU é a corrente majoritária), e além de votar contra qualquer medida de unificação com outros setores da esquerda como o PSOL, MTST e passar longe de votar um plano de solidariedade a grande greve em curso naquele momento protagonizada pelos trabalhadores do Rio Grande do Sul. Essas medidas só demonstram que a política defendida pelo PSTU passam por fora de um combate efetivo aos ataques da direita e das lutas reais que acontecem hoje e não armam e nem servem de exemplo para toda classe trabalhadora do país se organizar e vencer as lutas contra os ataques dos golpistas. A política defendida pelo PSTU não serve para combater a direita.

Defendemos durante o processo eleitoral, e seguimos defendendo, que para enfrentarmos o governo (golpista) de Temer e seus ataques era fundamental uma caracterização correta de como este, e seus apoiadores, chegaram ao poder. O Fora Todos defendido pelo PSTU foi feito pelas mãos da direita. Não foram os trabalhadores e a juventude que, com seus meios, tiraram o governo do PT da presidência. O golpe institucional foi encabeçado pela direita reacionária e pela mesma justiça, encabeçada por Moro, que permite que Rafael Braga siga condenado e que diversos jovens negros sigam nas prisões do país sem ao menos serem julgados.

Ter clareza desses elementos é, para nós, fundamental pois só assim é possível debater e buscar construir uma alternativa política independente do PT que quer perdoar os golpistas, e abandou o caminho da greve geral pela via das centrais sindicais que não organizam a luta. Mas também independente da Direita, que possa responder os anseios dos trabalhadores e da juventude e que faça com que sejam os capitalistas e os políticos corruptos que paguem pela crise. Qualquer centro acadêmico sério dentro da UERJ, não pode se colocar por fora dessa perspectiva.

2. Nós nos colocamos dentro do movimento estudantil como um setor que busca superar a lógica burocrática, representada pela Direção do PCdoB e do PT na UNE, que não se preocupa em apresentar uma saída independente para a juventude. Buscamos, desde os centros acadêmicos, mas também, em cada espaço do movimento estudantil, erguer uma tradição de construção na base, que busque colocar cada estudante como sujeito político, que se alie aos trabalhadores e suas lutas e que debata, não só os temas da universidade, mas cada tema político do nosso país. Por isso buscamos colocar nos espaços de forma aberta nossas posições, buscando assim, incentivar os debates sobre conjuntura, aprovar posições políticas nos espaços do curso e da universidade. Por essa prática somos hoje reconhecidas por ser linha de frente no luta contra as formas burocráticas de atuação do DCE da UERJ (PCdoB PT) e isso está ligado ao tipo de entidade que acreditamos que o movimento estudantil precisa, tanto na UERJ quanto nacionalmente.

Dentro da nossa chapa, nós que construímos a Faísca fizemos parte da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (ANEL), desde a sua fundação, buscando construir uma entidade que tivesse uma política independente, se colocando como alternativa política ao PT e a UNE que atuava (e segue atuando) como um freio da juventude e batalhando para que esta fosse uma entidade anti-burocrática. Mas em nossa experiência com a Anel, a majoritária da entidade composta pelo PSTU impôs uma dinâmica burocrática na entidade, onde não se expressavam as posições das minorias políticas que a compunham e nem de estudantes independentes em luta, transformando a entidade em uma colateral do PSTU. Rompemos com Anel após a postura burocrática de impor como hegemônica a posição política do PSTU frente ao golpe sem que esta posição fosse debatida nos fóruns da entidade naquele momento. Atualmente a ANEL deixou de ser algo próximo a uma entidade para ser composta e dirigida por uma única força política (PSTU), ao dizerem que é uma entidade mentem para os estudantes, porque a ANEL é um hoje um coletivo do PSTU.

A conjuntura política exige que a juventude se organize para responder aos ataques ao nosso futuro, mas a resposta não virá de uma única organização, por fora do debate de ideias. Achar que hoje, tal como está a ANEL pode ser uma alternativa para a juventude não colabora para que a juventude acumule as forças necessárias para o combate a essa direita golpista e vai no caminho contrário de qualquer unidade.

3. Como colocado no primeiro ponto, o CASS hoje é composto por uma gestão proporcional. A chapa majoritária (PSTU e Independentes) foi eleita com 15 votos a mais do que a chapa minoritária com um discurso baseado na necessidade de renovação no curso. Nós que compusemos a chapa minoritária (Faísca e Independentes) defendemos desde o princípio a gestão proporcional por acreditar que está é a forma mais democrática de gestão. Defender a proporcionalidade não é defender que as várias posições que se apresentaram durante o processo eleitoral, vão a partir da posse da gestão do CA, atuar em unidade indiscriminadamente, pelo contrário, é defender que as posições políticas que compõem a gestão, podem, e devem ser expressar claramente frente aos estudantes, sempre que for necessário. Pra nós essa é também uma forma de se fortalecer os debates políticos no curso e que vai na contramão de dizer que as diferenças e o debate estavam superados e que só tendo importância a unidade (sem críticas) em torno da consigna “Fora Temer”.

O discurso de renovação em abstrato levado, pela majoritária (como alertamos no período eleitoral), se chocou com a realidade concreta da UERJ no último período. Durante todo período eleitoral de 2016 buscamos debater com os estudantes as dificuldades enfrentadas na gestão anterior de forma tranquila, pois as propostas que não concretizaram se relacionavam com as necessidades da luta da UERJ naquele momento onde enfrentamos uma greve dura de 5 meses. A chapa majoritária buscou jogar nas costa da gestão as dificuldades de mobilização encontradas durante e após uma greve tão longa. Fez isso em base a um discurso de renovação de “métodos”.

Provou-se que não se renova nada por fora de propostas concretas de como atuar na realidade, e estas só se concretizam a luz de uma análise política correta e de uma análise realista da situação da UERJ. Isso fica evidente na retrospectiva do último período onde as principais ações tocadas pelo Centro Acadêmico como: impulsionar o Comitê do Serviço Social em defesa da Uerj e contra as reformas, aprovar em Reunião Geral que a faculdade tenha espaços de discussões entre todos os setores sobre as reformas e seus impactos, Roda de conversa para avaliação do semestre de 2016, UERJ na rua, Aula na Rua, propusemos e foi aprovado pela assembleia de curso um chamado a unificação das lutas e dos setores atacados pelo Governo do Estado, o apoio e ajuda na construção do Slam Resistência e ao Isoporzinho que arrecadou verba para campanha pela Liberdade do Rafael Braga e o concurso online para as próximas camisas do curso, foram propostas da parte minoritária da gestão.

Enquanto minoritária buscamos sempre propor iniciativas que pudessem fortalecer a atuação do centro acadêmico, que pudessem ser tomadas pelo conjuntos dos estudantes, ligando o Serviço Social a outros cursos que junto ao nosso vem sendo linha de frente nas lutas da UERJ e que contribuíssem para o fortalecimento político dos estudantes em meio ao difícil cenário que a UERJ vem enfrentado no último período. Isso se reflete no fato de que na greve de agosto de 2017, nenhum membro da majoritária foi escolhido para ser delegada do comando de greve do curso.

Os exemplos acima mostram que a “renovação” do curso se dá por meio da atuação e de propostas concretas. Muitas vezes durante o dia a dia e pela atuação da majoritária (que sistematicamente atua para que o CASS pareça composto por uma única gestão, boicotando a proporcionalidade), não fica claro para os estudantes de onde surgiram as iniciativas e resolvemos mostrar aqui algumas das nossas propostas. Nós achamos que todos os estudantes devem se envolver na construção de toda e qualquer atividade do CASS, mas é preciso também que todos os estudantes saibam de qual chapa é cada proposta e qual política cada uma leva a frente. Só assim é possível que os estudantes façam experiências com as chapas e avancem na concretização da proporcionalidade no curso, se politizem os debates e sejam um fator na formação política dos alunos. O CASS nos últimos anos foi referência no Movimento Estudantil da UERJ, sempre escreveu notas com posicionamentos políticos sobre temas de dentro e de fora da universidade e perdeu isso se perdeu no último período.

É importante que fique claro que defendemos a unidade em defesa UERJ e de todos os nossos direitos que estão sendo atacados e que sempre nos colocamos não só a disposição, mas na linha de frente de construir em unidade da luta da UERJ, mas isso em nada significa apagar as diferentes posições políticas que precisam ficar claras para o conjunto dos estudantes.

Gostaríamos de chamar a todos os estudantes a debaterem conosco suas opiniões sobre o Centro Acadêmico e sobre esse um ano de gestão. Mas também gostaríamos de convidar todos os estudantes para construir esse espaço tão fundamental para a nossa formação. Sabemos que nossa atuação enquanto profissionais se liga diretamente às questões políticas mais atuais o que torna os aprendizados nos espaços de formação política ainda mais importantes. Em breve se abrirá o processo eleitoral do Centro Acadêmico e o nosso desejo é que cada estudante possa participar, não só do processo eleitoral e da gestão, mas de toda a construção cotidiana do CA e do Curso por meio de ideias, críticas, propostas e ações juntos conosco. Diante da grave situação da Universidade é necessário refundar o Movimento Estudantil começando pelos Centros Acadêmicos chegando até o DCE e contamos com todos os alunos do Serviço Social para estar conosco nesse grande desafio!




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