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MINISTÉRIO DA SAÚDE | UFPel: Ministério de Pazuello abandona pesquisa sobre efeitos da COVID na população

Epicovid demonstrou uma grande subnotificação entre os casos divulgados pelas estatísticas oficiais e o número de pessoas que apresentavam anticorpos para a doença. O Ministério da Saúde deixa de financiar pesquisa epidemiológica no mesmo momento em que atingimos um recorde de óbitos por semana.

terça-feira 21 de julho de 2020 | Edição do dia

Segundo a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o Ministério da Saúde não renovará o financiamento para a Epicovid, considerado o maior estudo brasileiro sobre os efeitos e prevalência da pandemia na população, coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel.

Embora, o Ministério da Saúde ,comandado interinamente por general militar Eduardo Pazuello, tenha informado quando contatado que daria “continuidade a estudos de inquérito epidemiológico de prevalência de soropositividade na população", a pasta não deu qualquer resposta quanto aos repasses financeiros ou prazos.

Realizada em 133 municípios espalhados por todos os estados do país, a EPICOVID19-BR apontou, dentre outras coisas, que havia uma grande subnotificação de casos. O número de pessoas que apresentavam anticorpos para a doença era cerca de 6,5 vezes maior que os números divulgados pelas estatísticas oficiais. Este estudo apontou não só a subnotificação do número real de infectados no Brasil, como uma maior incidência de infecções entre as pessoas mais pobres e em situação de vulnerabilidade, como as comunidades indígenas que apresentaram 5 vezes mais risco de desenvolver a COVID-19.

A falta de financiamento do Ministério da Saúde para estudos epidemiológicos no mesmo momento em que atingimos um recorde de óbitos por semana com 7303 mortes, demonstra um interesse político na subnotificação dos casos, comprovando o caráter negacionista do governo Bolsonaro frente a pandemia.

O estudo coordenado pela UFPel é uma prova de que as universidades federais podem atuar diretamente no combate à pandemia colocando suas estruturas e aparato científico à serviço da classe trabalhadora e da população. Poderíamos estar coordenando desde pesquisas profundas sobre a prevalência do vírus na população brasileira, como produzindo testes, álcool gel, projetos de respiradores de baixo custo, máscaras, além de realizarmos ações de solidariedade como arrecadação e distribuição de kits de higiene e alimentos. À partir da coordenação generalizada entre as comunidades acadêmicas do país, o potencial é ainda maior.

No entanto, enquanto os óbitos se acumulam na casa das dezenas de milhares, nenhuma medida real foi aplicada por parte do governo em combate ao coronavírus, como a testagem massiva, a reconversão da indústria para a produção de insumos e equipamentos, a estatização do sistema privado de saúde, nada. Muito pelo contrário, em acordo com o governo Bolsonaro e com o aval do STF, os governadores promovem a reabertura do comércio visando apenas o lucro em detrimento das nossas vidas.

A classe trabalhadora não pode confiar em nenhum dos atores desse regime. Tanto os governadores, STF, militares e o próprio governo Bolsonaro, são parte do projeto de descontar a crise nas costas dos trabalhadores e da população pobre. A saída para a crise sanitária política e económica apenas se dará através de uma independência de classe com um plano operário de combate à pandemia, levantando nosso grito por fora Bolsonaro, Mourão e Militares e por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, abrindo caminho para uma verdadeira soberania popular que possa debater soluções para os grandes problemas sociais que afetam a classe trabalhadora e a população.




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