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TRUMP E ERDOGAN | Trump vai se reunir com Erdogan depois de anunciar que armará as milícias curdas na Síria

A reunião será na terça-feira e será atravessada pelo recente anúncio dos EUA de
armar as milícias curdas na Síria para recuperar Al Raqa, bastião do Estado Islâmico.
Para a Turquia, essas milícias são consideradas ’terroristas’.

segunda-feira 15 de maio de 2017 | Edição do dia

O chefe de Estado da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se reunirá terça-feira em Washington pela primeira vez com Donald Trump, na esperança de convencê-lo de não armar as milícias curdas na Síria. "Eu vejo esta visita como um novo começo nas relações turco-americano", disse Erdogan antes de uma visita complicada para os interesses turcos.

A relação entre a Turquia e os Estados Unidos vem ficando mais tensa após o anúncio de Washington de que entregará armas pesadas às milícias curdo-sírias. Unidades de Proteção Popular (YPG, sigla formada por suas iniciais em curdo). Os Estados Unidos, embora a Turquia defina-os como "terroristas" por suas ligações com as guerrilhas ativas no Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), tem como objetivo apoiar a operação do YPG, integrado na FSD para recuperar a cidade Al Raqa, bastião do Estado islâmico.

O anúncio norte-americano, de acordo com o que foi informado na terça-feira (9), em que foi autorizado fornecer armas pesadas para a principal milícia curdo-sírias, apenas uma semana antes da visita de Erdogan, foi uma provocação para a Turquia, que tem o povo curdo como um de seus alvos, perseguindo-os, aprisionando-os e massacrando-os.

EUA e Turquia são aliados na OTAN e o Estado Islâmico e na Coalizão contra o Estado Islâmico, mas Ankara vê com enorme receio os ganhos territoriais das milícias curdas na Síria e teme que possam alcançar algum grau de autonomia ou formar seu próprio corpo administrativo.

A Turquia tem uma minoria curda de cerca de 15 milhões de pessoas que exigem mais direitos, o que torna Ankara muito sensível à evolução das milícias curdas na Síria.
"Na nossa parceria com a OTAN somos um país forte e cada passo deve ser dado junto a nós. Em nenhum caso associaremos os Estados Unidos com uma organização terrorista", disse Erdogan em referência à YPG. E concluiu: "Eu sempre disse e repito: tentar lutar contra uma organização terrorista com a ajuda de outra organização terrorista não é uma política ideal", disse ele.

Erdogan, não só questionou Trump, mas também se referiu à Rússia. "Nós não acreditamos que os Estados Unidos têm uma boa imagem junto a uma organização terrorista. Não achamos bom. O mesmo com a Rússia", disse Erdogan, que afirmou que Moscou também colabora com a YPG.

No entanto, apesar destas acusações, Erdogan tem relativizado suas observações sobre o considerar a estratégia de armar os curdos uma ideia da administração democrata anterior, e confia que Trump ouvirá os seus argumentos e reconsiderará a decisão. "Ainda há um processo de transição nos EUA. Podemos ver isso. Temos que ser muito mais cuidadosos e sensíveis por causa deste processo de transição", disse ele sobre a decisão de Washington.

A esperança de melhorar as relações com Washington cresceu em Ankara após Trump felicitar Erdogan por ganhar o referendo de 16 abril para expandir seus poderes e reforçar a militarização do país.

Outra questão que gera tensões entre os dois países é a figura do pregador muçulmano Fethullah Gülen, auto-exilado na Pensilvânia e acusado por Ankara de instigar o fracassado golpe militar em julho passado. As autoridades turcas exigiram em mais de uma ocasião a extradição do pregador, enquanto Washington argumentou que a Justiça dos EUA deve decidir esse passo de acordo com os documentos acusatórios fornecidos, que até agora consideram insuficientes.




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