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AJUSTES E ATAQUES | Ainda é tempo de organizar uma forte luta na GM de São José contra as demissões

Simone IshibashiRio de Janeiro

Edison UrbanoSão Paulo

sexta-feira 30 de outubro de 2015 | 00:00

O país vive uma inflexão inédita em sua história recente. Por um lado, segue se aprofundando a crise política, com centro no desgaste do governo Dilma e do PT. A crise econômica está golpeando as condições de vida dos trabalhadores, em especial os da indústria. Foram milhares de demissões nas principais capitais de todo o país. E soma-se a isso os cortes no funcionalismo público, e na Educação.

Frente a esse quadro é cada vez mais clara a urgência de uma saída que enfrente tanto a crise política, quanto a crise econômica, a partir dos interesses dos trabalhadores e da juventude. Uma saída desse tipo deve apontar a uma clara alternativa à esquerda, que ligue a necessidade da construção dessa alternativa política dos trabalhadores com a luta de classes. Que mostre que os trabalhadores são os que podem combater a crise política e econômica dando uma resposta progressista.

Uma das principais montadoras do país, a GM de São José dos Campos, é dirigida pelo PSTU há muitos anos. Diferentemente da política da burocracia cutista, a CSP-Conlutas, também hegemonizada pelo PSTU, se coloca como antigovernista, e declara estar a favor de uma política de independência de classe frente à crise política e econômica. Mas é preciso passar das palavras à ação. E o relógio está correndo.

O acordo de lay off (suspensão temporária de contrato), que pesa sobre 798 trabalhadores, feito entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) após a greve do início desse ano está chegando ao fim. Firmado em 08 de agosto, tem vigência de cinco meses, encerrando-se na virada de 2015 para o ano seguinte. A questão urgente que se coloca é: o que farão o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a CSP-Conlutas e o PSTU?

Se reproduzirem a política que tiveram no passado, como em 2013 de organizar atos de pouco impacto, sem preparar um grande combate em defesa dos empregos, e limitando-se a exigir que Dilma adotasse uma medida para impedir as demissões, a resposta é clara: será mais uma derrota. A GM não perde tempo está preparando seu plano de guerra. E uma derrota sem batalha, que são sempre as do pior tipo. Por isso há que mudar de rumo imediatamente.

Mas se a GM for transformada numa trincheira de todos trabalhadores contra os ajustes, não apenas coloca-se a chance de vencer – algo que sem combate não existe – como ainda isso poderia ser um grande alento para a constituição de um exemplo de como barrar as demissões, e apontando o caminho para como lutar contra os ajustes. Isso resultaria ter um valor inestimável.

Em particular, um exemplo na GM de São José abriria um espaço inédito entre os trabalhadores das grandes montadoras do ABC, principal base da CUT e bastião estratégico da classe operária brasileira. Estaríamos em outra situação para convencê-los a combater sua direção tradicional e buscar uma alternativa à esquerda, classista e independente.

Uma luta séria, preparada desde já, que se baseie na mais ampla democracia dos trabalhadores para sua organização, que debata com a população e a juventude da região a necessidade de uma forte campanha que ligue a luta dos trabalhadores da GM com todos os setores atacados pelos ajustes, poderia ser exemplar e se transformar numa referência nacional.

É preciso colocar claramente a tarefa de levantar milhares em apoio aos operários da GM. Todos os milhares que se manifestaram no dia 18 de setembro em São Paulo devem ser convocados a estar na porta da GM. Um ato de milhares na porta da fábrica, somado a outros métodos de luta como paralisações parciais, e os preparativos para uma greve radicalizada caso a patronal insista nas demissões, poderiam transformar a GM de São José na grande referência nacional para todos os trabalhadores que buscam uma saída aos brutais ataques patronais A reunião de coordenação nacional da Conlutas, que ocorrerá em São Paulo em 06 de novembro, deve se colocar essa como a tarefa número um.

Para isso é preciso que não se reproduza o erro de semear a ilusão de que Dilma ou qualquer outro setor do governo, poderiam tomar medidas para defender os empregos, tendo em vista que hoje todos sabem claramente que é quem está atacando. Ao contrário há que se votar um verdadeiro plano de lutas. Há que colocar que o plano da patronal é demitir, e que o do governo é avalizar isso. Só sabendo claramente a verdade é que os trabalhadores poderão se preparar. Essa agitação deve ser levada adiante pela CSP-Conlutas, ANEL, e todos os setores que podem apoiar ativamente essa luta. A partir da reunião da CSP que vai acontecer em São Paulo no próximo dia 6, que precisa ter a GM como pauta central, há que fazer um chamado para que as oposições que atuam junto à Conlutas nos sindicatos da CUT, como Apeoesp, bancários, além do SINTUSP, como sindicato combativo, metroviários encampem essa luta. As ações devem ser preparadas nas portas da fábrica desde já, para que os trabalhadores saibam quem são seus aliados. Também há que se exigir a abertura dos livros de contabilidade da empresa, para demonstrar que a GM continua, mesmo na crise, com altos lucros.

Uma iniciativa desse tipo poderia se transformar num exemplo de luta contra os ajustes e abrir caminho para uma saída feita por e para os trabalhadores e a juventude à crise política que assola o país. Sem dar exemplos práticos, na luta de classes, de como combater os ajustes todas palavras sobre terceiro campo não passarão do que são, palavras. A situação exige outra atuação.




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