ELEIÇÕES LONDRINAS | Trabalhista Sadiq Khan, primeiro prefeito muçulmano de Londres

A espera da confirmação dos resultados oficiais, tudo indica que Khan vence o conservador Zac Goldsmith, atual deputado no Parlamento de Westminster pela circunscrição de Richmond Park (a sudoeste de Londres).
Durante a campanha eleitoral, Goldsmith acusou Khan de ser um “extremista”, e “antissemita”, associando os muçulmanos com o “extremismo terrorista”. Com esta campanha tentaram golpear o partido trabalhista, acusando o partido de ser “antissemita” (Goldsmith é de família judia).
A maioria dos meios de comunicação mais conservadora previu um forte retrocesso do trabalhismo (e em particular um golpe a Corbyn) devido esta campanha. Mas os resultados acabaram sendo muito diferentes. Na primeira preferência de voto dos londrinos, Khan tinha 9 pontos a mais que Goldsmith.

O sistema eleitoral estabelece que a contagem definitiva seja conhecida uma vez concluída a contagem da primeira e da segunda preferência (os eleitores marcam as duas opções). Para ganhar na primeira preferência, o candidato deve obter 50% de apoio, caso contrário se considerará a lista da segunda preferência, que ficam os candidatos com maior nível de apoio enquanto o resto está eliminado. Assim, o prefeito é o candidato que obtiver o maior percentual de apoio nesta segunda preferência.

Jermy Corbyn, o líder trabalhista que chegou a direção do partido trabalhista impulsionado por sua ala esquerda e por jovens ativistas, saudou a vitória de Sadiq Khan para prefeitura de Londres o felicitando através de sua conta no Twitter. Nas declarações desta sexta, Corbyn sugeriu que a campanha “difamatória” que realizou o candidato conservador, Zac Goldmith, contra Khan acabou ajudando o Trabalhismo.

“Esta campanha mesquinha que os tories (conservadores) levaram a cabo, na forma como trataram de caluniar Sadiq Khan, os métodos que empregaram e a linguagem que usaram tiveram um grande efeito, exatamente o que eles ( os conservadores ) não queriam, opinou Corbyn.

Londres é uma cidade com mais de 8 milhões de habitantes, e 44% de sua população é parte de uma minoria étnica, em sua maioria muçulmanos. Algo que explica porque a mensagem racista e islamofóbica de Goldsmith e dos conservadores provocou um rechaço generalizado.

O triunfo de Sadiq Khan é uma expressão da crescente desigualdade e polarização social que se vive em Londres, uma metrópole com moradias cada vez mais caras e luxuosos edifícios adquiridos por multimilionários de monarquias árabes, enquanto os trabalhadores e setores populares estão sendo cada vez mais expulsos da cidade..

As eleições desta quinta estão atravessadas por estas contradições sociais, assim como pelo desprestigio de David Cameron (que herdou sua fortuna de seu pai, mencionado nos Panama Papers), o debate da saúde, a imigração e o Brexit.

Khan não representa um projeto político que questione o status quo. Dentro do partido trabalhista se apoia em setores de centro, inclusive tomando distância de Jeremy Corbyn. Faz alguns meses, em uma declaração polêmica, Khan disse que era “algo bom” que Londres fora uma cidade onde vivem “ mais de 400.000 milionários”, deixandO claro que não busca questionar seus privilégios.

Ainda assim, o triunfo do primeiro prefeito muçulmano em Londres é uma bofetada na cara das correntes xenófobas e racistas como UKIP e o próprio Cameron, que vem sustentando políticas racistas e discriminatórias aos imigrantes.

Tradução: Milena Bagetti