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Rio Grande do Norte | Trabalhadores da saúde entram em greve no RN exigindo reposição salarial

Ontem, quarta (27), teve início a greve dos trabalhadores da saúde no Rio Grande do Norte, com sua primeira atividade em reunião no Hospital Walfredo Gurgel. Hoje, quinta (28), ocorrerá audiência de negociação com o governo de Fátima Bezerra (PT).

Marie CastañedaEstudante de Ciências Sociais na UFRN

Emilly VitoriaEstudante de ciências sociais na UFRN e Militante da Faísca Revolucionária

quinta-feira 28 de outubro de 2021 | Edição do dia

Tendo como os principais pontos de pauta a reposição das perdas salariais, a atualização do Plano de Cargos (PCCR), a isonomia do ponto eletrônico com comprovante impresso e a defesa da produtividade nesta para a categoria, mais uma vez o estado é terreno de luta da classe trabalhadora, que se enfrenta nacionalmente com mais de 600 mil mortos por covid, a fome, o desemprego, a inflação e os ataques de Bolsonaro, Mourão, STF e Congresso reacionários.

Em depoimentos para o Esquerda Diário, os trabalhadores relatam as precárias condições de trabalho e situação dos salários. Um trabalhador do Hospital João Machado denuncia: "Essa greve é de extrema importância, porque nós da saúde estamos mais de 12 anos sem reposição salarial. 12 anos, nosso país cheio de inflação e o nosso salário não tá acompanhando. O governo tem que dar valor à saúde, porque quem não tem saúde, não trabalha. A saúde é prioridade".

Um motorista de ambulância do SAMU também escancara: "o financeiro é importante, porque o atendimento ao paciente é importante. Os funcionários estão sobrecarregados. São em média 5 pacientes sem risco de vida por profissional". O servidor também relata que muitos têm 3 empregos: "sai do Walfredo, vai pro Promater e vai dar um eventual". Além disso, também denuncia a situação do SAMU, que faz imobilização de fratura com papelão e, quando ambulâncias quebram, não há baixa para reposição.

Breno, parte da coordenação geral do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde-RN) declarou ao ED que: "O endividamento da classe trabalhadora está cada vez maior. Essa atualização do Plano de Cargos é o ponto principal, em torno de 40% repõe essas perdas. O DIEESE nos assessora nesses cálculos, já foi entregue para o governo e inclusive já foi avalizado e o governo até hoje não apresentou o impacto financeiro nas tabelas se realmente vai cumprir. Vamos aguardar amanhã a audiência com a governadora pra ser votado ainda esse ano na Assembleia Legislativa. Porque se ficar pro próximo ano, tem os efeitos da Reforma Administrativa que tá aí pra acabar com tudo, com o servidor, o serviço público".

Veja também: Terceirizados da saúde do RN denunciam situação de fome com salários atrasados

A greve acontece em meio à demagogia eleitoreira de Bolsonaro e Guedes com o Auxílio Brasil, se utilizando de manobra para furar o Teto de Gastos, e a defesa de setores do regime político representados pela Rede Globo dessa lei que congela 20 anos de verbas para a saúde e para a educação. Vale lembrar que nem Bolsonaro, nem nenhum político desse regime político se propuseram a tocar o Teto de Gastos diante de mais de 600 mil mortes por covid, falta de oxigênio em Manaus, apagão no Amapá. Pelo contrário, juntos cortaram bolsas de pesquisa e hoje atacam a formação de professores com os atrasos nas bolsas de PIBID, Residência Pedagógica e do CIEE. Atacam a classe trabalhadora, a juventude, os setores oprimidos e o povo pobre, que fazem fila do osso e do lixo para ter como se alimentar na situação de alastramento da crise no país para proteger os lucros dos capitalistas.

É urgente que a classe trabalhadora, o povo pobre, a juventude, mulheres, negros e LGBTQIA+, se unifiquem por reajuste salarial mensal de acordo com a inflação e emprego para todos, com divisão das horas de trabalho, sem redução do salário. Uma medida como essa teria que se enfrentar com o Teto de Gastos, pela sua revogação e imediata realização de um auxílio de pelo menos um salário mínimo, ao contrário dos insuficientes R$400 que Bolsonaro quer com o Auxílio Brasil.

Nesse sentido, é fundamental cercar de solidariedade essa luta dos trabalhadores da saúde que, assim como a greve do DETRAN desse ano, e agora a luta dos garis do RJ e dos aeronautas, são exemplo de como enfrentar a grave crise social que estamos vivendo hoje. E por serem justamente aqueles que durante a pandemia perderam amigos e colegas de trabalho, e agora vivem um descaso ainda maior com as condições de vida e trabalho.

É preciso unificar as forças dos trabalhadores e dos estudantes, que se enfrentam contra o corte das bolsas de PIBID, RP e CIEE, no Rio Grande do Norte. É nesse sentido também que a CSP-Conlutas, central sindical dirigida pelo PSTU, também pode dar exemplo. Assim como o DCE da UFRN, dirigido por Correnteza (UP), Juntos (PSOL) e UJC (PCB), pode dar exemplo organizando os estudantes para solidariedade ativa, chamado que fazemos a todas as entidades estudantis, para a construção de comitês de solidariedade e apoio ativo, unificando nossas pautas, se os trabalhadores da saúde do RN vencem, isso pode ser um ponto de apoio fundamental para todos os trabalhadores e movimentos sociais no país. Cercando conjuntamente a greve da saúde de solidariedade, podemos exigir também que as direções das centrais sindicais e entidade estudantil nacionais, como a CUT, a CTB e a UNE, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, organizem uma paralisação nacional contra Bolsonaro, Mourão e os ataques.

As direções burocráticas já estão demonstrando que vão desorganizar os atos do próximo dia 15 de Novembro, sugerindo desconvocar as manifestações e realizar um encontro com lideranças em espaço fechado. Fazem isso, porque já estão colocando em detrimento a luta dos trabalhadores pela corrida eleitoral que se estreita cada vez mais com as disputas burguesas entre Bolsonaro e a suposta terceira via. O PT se prepara para as eleições com Lula se reunindo com setores reacionários, como as oligarquias no Rio Grande do Norte, e pastor homofóbico na Bahia, porque sabem que se forem governo terão também que descarregar ataques nas costas dos trabalhadores. As denúncias dos trabalhadores da saúde também demonstram enfrentamento com o governo estadual de Fátima Bezerra que vem fazendo um ensaio estadual de um futuro governo federal do PT, porque durante a pandemia reabriu comércios e igrejas para garantir os lucros dos empresários e os dízimos dos pastores, e aprovou a Reforma da Previdência estadual na calada na madrugada em meio ao auge de contaminação pelo vírus em 2020. Há pouco, os trabalhadores do DETRAN RN arrancaram conquistas por meio da sua greve, demonstrando a força dos trabalhadores e é nesta que precisamos confiar, batalhando para transformar a luta dos trabalhadores da saúde em uma luta de todos.

Veja mais: Quem foi responsável pelas conquistas da greve do Detran-RN?

Todo apoio à greve dos trabalhadores da saúde! É necessário cercar de solidariedade essa luta e unificar nossas forças!




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