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ENCONTRO DE MULHERES E LGBT DO PÃO E ROSAS | Toda luta tem sua alegria, e a desse Encontro foi demais

Sobre organização, recorte de classe e descobertas individuais.

terça-feira 1º de setembro de 2015 | 08:52

O Encontro de Mulheres e LGBTs, chamado pelo Pão e Rosas, para mim teve alguns papéis e efeitos que considero muito importantes:

1. A organização. Pela primeira vez faço parte de uma organização, que tem seus objetivos revolucionários e considera como caminho central o combate a toda forma de opressão. Que com seus erros e acertos, busca cada vez mais ser um espaço para encontro e discussão de questões como machismo, racismo e LGBTfobia, dando vazão pra tantas dores que não suportam mais submissão e pra tantas vidas que não são respeitadas.

2. Recorte de classe. Em tempos em que tanta gente ainda tem dúvida de que a luta de classes responde aos conflitos e contradições que enfrentamos por aí, tenho sentido a cada nova discussão e experiência o quanto esse posicionamento faz diferença na forma como nos engajamos e nas lutas que escolhemos travar. Por isso, considero fundamental a confiança que senti durante todo Encontro, de que todas essas opressões estão sendo combatidas na perspectiva de classe, na convicta defesa dos de baixo, buscando respostas conjuntas, considerando cada tipo de opressão sim, mas entendendo que todas elas servem a um objetivo maior de toda uma classe dominante, que tenta nos dividir. E que não podemos mais aceitar.

3. Descobertas individuais. Ter cada vez mais contato com essas questões, pessoas e lutas, possibilita a reflexão sobre uma série de inquietudes e conflitos que fizeram parte da minha criação e trajetória de vida. Pensar o quanto fui criada para não falar alto e não me colocar em espaços públicos e políticos. Em como toda uma vida sexual e amorosa foi dominada pelo machismo e quanto sofrimento isso causou. Em como não tenho direito ao meu corpo e ao direito de fazer um aborto seguro e gratuito, se assim eu decidir. Não tenho direito à saúde, à maternidade e à condições de criar meu filho, enquanto homens e o estado abandonam seus filhos e matam todos os dias. Em como minha suposta definição sexual serve de fetiche e preconceito, quando só quero ter direito ao meu corpo, a minha existência e liberdade, pra poder fazer o que for importante pra minha existência e emancipação, seja dando pra quem eu bem entender, e/ou amando quem eu quiser. E como cada vez mais sinto as amarras desse sistema corrupto e capitalista, me limitando, tratando como objeto, como mercadoria, tanto na forma como me retrata mulher, como na forma em que me impõe como mão de obra pro seu lucro irrefreado.

Enfim, não cabem em poucas palavras todas essas questões, mais e mais encontros, debates e lutas são necessários, não podemos desistir desses espaços, eles nos mostram toda a vida e energia que estão prontos a emergir e gritar, gritar muito.

Por isso agradeço a toda organização, a cada mulher e LGBT com quem tive a oportunidade de conversar, ouvir, admirar, sensibilizar e dançar também. Porque toda luta também tem sua alegria e a desse encontro foi demais!




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