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ELEIÇÕES MUNICIPAIS | Tiros, morte e queima de arquivos marcam segundo turno em Porto Alegre

terça-feira 18 de outubro de 2016 | Edição do dia

O comitê de campanha de Marchezan Jr. (PSDB) foi alvejado por mais de 10 tiros duas vezes durante a madrugada de segunda-feira, o chefe de campanha do atual vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB), Plínio Zalewski, foi encontrado morto na banheira da sede do partido na Av. João Pessoa e um incêndio criminoso no DEP (Departamento de Esgotos Pluviais) foi feito a fim de queimar arquivos de processos licitatórios e contratos envolvendo o departamento (dirigido pelo PP) e empresas terceirizadas.

As razões para todos os acontecimentos ainda permanecem nebulosas. Tanto Marchezan quanto Fortunati (atual prefeito) afirmaram que os ataques ao comitê do PSDB não tiveram motivação política. Fortunati aventou a possibilidade de ter sido uma prestação de contas entre criminosos e um segurança da campanha de Marchezan. Mas a coincidência entre os tiros ao comitê de Marchezan e o corpo do chefe de campanha de seu adversário encontrado horas depois é no mínimo estranha.

Segundo reportagens do Zero Hora, (http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/eleicoes-2016/noticia/2016/10/melo-defende-que-pf-assuma-investigacao-da-morte-de-coordenador-de-campanha-7830698.html) tudo indica que a morte de Zalewski foi um suicídio e não um assassinato como aparenta. Sua garganta foi cortada e um bilhete foi encontrado ao lado do corpo, mas suas informações não foram divulgadas. Amigos e familiares diziam que o chefe de campanha passava por momentos de estresse devido a uma série de denúncias feitas pela campanha de Marchezan ao tribunal eleitoral, responsabilizando a campanha de Melo por crimes eleitorais dos quais, alguns, Zalewski teve que responder. Tudo isso teria causado uma série de problemas para o pemedebista que teria tirado sua própria vida.

O terceiro caso, da queima de arquivos no DEP, torna toda a história ainda mais sinistra. Há um tempo atrás o Zero Hora organizou investigações sobre contratos fraudulentos envolvendo o DEP e empresas terceirizadas, com pagamentos a serviços inexistentes. O diretor geral do departamento, Renê Machado, não descarta que estivessem no local documentos referentes a esses contratos. Ao lado do armário de onde se iniciou o incêndio foi encontrado um galão com material combustível. Conforme a perícia feita até agora, os autores do incêndio teriam acessado o prédio pelo telhado, que teve uma parte quebrada. O escândalo do DEP acaba afetando ambos os partidos, pois ele hoje é dirigido pelo PP, que faz parte da atual administração (ligada ao Melo) e também compõe a chapa de Marchezan como vice.

Casos como esses, para além de colocar sombras sobre o processo eleitoral, mostram como na democracia dos ricos a disputa pelo poder é baseada no vale-tudo. Foram inúmeros os casos Brasil afora de assassinatos, ataques, crimes eleitorais, financiamentos fraudulentos, tráfico de influências, etc., apenas nestas eleições municipais de 2016. Esse fim de semana em Porto Alegre é apenas uma parte da disputa pelo poder entre partidos burgueses, onde ameaças, tentativas de homicídio, queima de arquivos são parte constituinte do processo. Não sabemos exatamente o que motivou o que, o ocasionou o que, mas uma coisa está clara: essa democracia dos ricos está corroída do começo ao fim.

As campanhas eleitorais de ambos os candidatos foram suspensas hoje em luto pelo chefe de campanha de Melo, cujo corpo será velado.




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